Doha — Astros como Messi, Mbappé, Cristiano Ronaldo e Lewandowski desequilibram, óbvio, mas a primeira Copa com até 26 jogadores convocados, cinco substituições e o desafio do calor no Oriente Médio em pleno inverno testa a força dos elencos e a competência dos técnicos para interferir no jogo. Quem tiver mais jogadores qualificados e na plenitude física sentados nas poltronas localizadas à beira do campo nas ostentosas arenas cataris, e um técnico minimamente sábio para manusear as peças sem bagunçar o time pode sacar coelhos da cartola, surpreender e conquistar o título.
Na última segunda-feira, o Correio/EM abordou o tema com o técnico Tite depois da vitória por 1 x 0 contra a Suíça. Motivo: em duas rodadas, o comandante da Seleção Brasileira usou 19 dos 26 convocados. Apenas os goleiros Weverton e Ederson, o zagueiro Bremer, o lateral-direito Daniel Alves, o volante Fabinho, o meia Éverton Ribeiro e o centroavante Pedro não foram acionados por Tite. Isso deve acontecer contra Camarões na sexta-feira, às 16h, no Lusail Stadium. Classificado, o Brasil deve rodar ainda mais o talentoso elenco.
Nenhum reserva do Brasil balançou a rede nesta Copa, mas todos foram importantes para a manutenção da intensidade do time nas vitórias contra Sérvia e Suíça. Questionado pela reportagem se o banco é tão importante como ter um fora de série no elenco, Tite fez silêncio antes de responder, pensou e admitiu: "É complexo. Vai desde a qualidade técnica e individual dos atletas a um processo todo de trabalho, do conhecimento, do preparar os atletas com trabalhos táticos para cumprirem a mesma função que o outro exerce. O clima (do Catar) influencia. O César Sampaio costuma dizer que derrete", disse sobre o calor.
"Imagino uma Copa aqui no verão. Vou na mesma linha. Temos o privilégio de ter um elenco muito qualificado e essa preparação de todos. Essas nossas opções de reposição nos dão trabalho até para eleger o atleta. Porém, a confiança é muito grande", ressaltou César Sampaio.
Números
O poder do banco é expresso em números. Dos 90 gols marcados até ontem na Copa, 19 são de jogadores que saíram do banco de reservas. O número impressiona porque a primeira fase ainda não acabou. O recorde pertence à Copa de 2014, no Brasil. Há oito anos, 32 gols foram anotados por jogadores egressos do banco em um país tropical com diversidade climática no inverno. Do calor de Manaus ao frio de Porto Alegre e Curitiba.
Algumas intervenções foram muito além da oxigenação das seleções. O tempo de trabalho do técnico do Japão, Hajime Moriyasu, por exemplo, permitiu olhar para o campo e ter a exata noção das peças necessárias para a virada. Doan e Asano entraram, fizeram os gols e mudaram a história da partida válida pela primeira rodada do Grupo E.
Saiba Mais
"Nós criamos várias opções, muitas opções. Tanto para o alinhamento inicial quanto para como mudaríamos os jogadores. Tínhamos previsto muitos cenários e, portanto, quando consideramos o objetivo, sabíamos disso. Imaginamos, planejamos tudo isso, quando as trocas teriam de acontecer", revelou Moriyasu depois da partida.
O banco também foi imprescindível no clássico europeu entre Espanha e Alemanha. O duelo entre dois técnicos campeões da Champions League teve muitas nuances. Vencedor pelo Barcelona em 2015, Luis Enrique acionou Morata e o centroavante colocou La Roja à frente no placar. Mentor do Bayern de Munique em 2020, Hansi Flick também tinha carta na manga. Mandou Fuellkrug aquecer. O escolhido não decepcionou e salvou a Alemanha.
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