TECNOLOGIA

Entenda o funcionamento dos óculos que goleiros suíços usam durante treinos

O equipamento possui um método que ajuda os goleiros a melhorarem o reflexo. Segundo fabricante, eles também ajudam a recuperar a capacidade de visão perdida com o envelhecimento

Os óculos utilizados durante os treinos pela seleção suíça, adversária do Brasil nesta segunda-feira (28/11), na fase de grupos da Copa do Mundo, que criam um efeito de câmera lenta e os ajudam a melhorar a visão da trajetória da bola, também podem ajudar crianças e idosos.

O equipamento, utilizado nos treinos do time desde 2021, possui um método que ajuda os goleiros a melhorarem o reflexo. Os óculos foram desenvolvidos com finalidade esportiva. No entanto, a Visionup, empresa japonesa responsável pelos acessórios, afirma que eles são indicados para quem quer "recuperar ou manter habilidades de visão que diminuíram com o envelhecimento".

No lugar das lentes, os óculos possuem dois painéis LCD, que podem ficar transparentes ou escuros. Quando são ativados, as baterias acopladas fazem eles piscarem rapidamente, tampando e liberando a visão de forma intermitente.

Além de ajustar o nível de escuridão da lente de acordo com o objetivo do exercício, os dispositivos também é possível ajustar a frequência com que os painéis LCD piscam. A alteração causada pelos óculos faz com que o usuário se concentre mais e a tome decisões mais rápidas.

Segundo a fabricante, os óculos "são úteis não apenas para atletas (profissionais), mas também para jovens atletas ou idosos". De acordo com a empresa, eles estimulam o cérebro e melhoram a visão, a percepção de profundidade e a coordenação entre os olhos e as mãos.

A médica oftalmologista do CBV-Hospital de Olhos, Dra. Nubia Vanessa, explica que as lentes dos óculos piscam rapidamente, fazendo com que a imagem chegue ao cérebro com a sensação de câmera lenta. “Isso melhora a visão periférica de alguns pacientes, especialmente em esportes que necessitam da dessa visão periférica para uma melhor performance”, explica.

A médica, no entanto, alerta para a necessidade de uma avaliação oftalmológica para verificar se o atleta está apto para o uso do acessório. “Em alguns casos, ao invés de melhorar a performance pode até piorar, pois os atletas podem sentir dores dor de cabeça, a visão periférica pode não ficar perfeita a atrapalhar.

No caso das crianças e idosos, a tecnologia japonesa desses óculos é utilizada, experimentalmente, para melhorar a visão de pacientes amblíopes — que sofrem com o enfraquecimento da visão sem que haja lesão aparente no globo ocular, podendo ser causada pelas mais variadas razões.

“É um óculos para estimulação visual, porém, em caráter experimental”, explica Vanessa, ao destacar que o acessório ainda não chegou ao Brasil e ainda não está autorizado para uso ambulatorial, embora já existam relatos de melhora dos sintomas após o uso.

A médica oftalmologista lembra ainda que todo instrumento, toda órtese ou prótese, necessita de uma avaliação médica para saber se o paciente vai ser beneficiado ou não. “Por exemplo, um paciente que tem uma baixa visual significativa por qualquer outra doença oftalmológica, usando um óculos como este, ele pode na verdade, acabar ficando ansioso, criando uma expectativa e muita das vezes o óculos que não vai causar um desempenho que o paciente aguardava. Por isso é importante sempre buscar a orientação de um médico oftalmologista”, afirma Vanessa.

Segundo a fabricante, os óculos devem ser usados em períodos entre 10 e 15 minutos, no máximo, e em dias alternados. Após esse intervalo, os benefícios continuam os mesmos ou podem até diminuir. Além disso, a Visionup recomenda a suspensão do uso do acessório em caso de dores de cabeça leve ou enjoo.

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