Brasil

Em meio à crise de popularidade, Daniel Alves deve jogar contra a Suíça

Candidato à titularidade, Dani Alves luta contra sua maior crise de popularidade na Seleção

Um bolsonarista inscrito na Copa do Mundo com a camisa 13 é a síntese irônica de um Brasil dividido na política e no futebol. Candidato a substituto de Danilo, amanhã, contra a Suíça, no Estádio 974, pela segunda rodada do Grupo G, Daniel Alves vive a pior crise de popularidade da carreira com a camisa da Seleção. Está entre os 26 eleitos de Tite graças ao cabo eleitoral César Sampaio. O auxiliar técnico de Tite foi um dos responsáveis por monitorá-lo e bancar o voto de confiança no vitorioso jogador de 39 anos e 42 títulos profissionais na carreira — 43 com a taça do Mundial Sub-20 conquistado em 2003.

Tite só não esperava recorrer tão cedo à prova de títulos para tomar uma decisão importante na Copa do Mundo. O treinador está entre um lateral especialista com duas participações no torneio em 2010 e 2014 e um zagueiro estreante acostumado a fazer esse papel desde os tempos de São Paulo, Porto e Real Madrid.

Um detalhe joga contra Daniel Alves. Na última quinta-feira, ele completou dois meses sem disputar um jogo oficial. O último foi diante do Puebla, em 24 de setembro, no Torneio Apertura da Liga MX, Tite comprou a briga para ter o jogador no elenco, mas colocá-lo em campo sem ritmo, apenas com o período de treinamentos no Barcelona B e na curtíssima preparação da Seleção contra uma Suíça com jogadores na metade da temporada pode ser decisivo para a opção por Éder Militão. O volante Casemiro preferiu não dar pistas depois do treino secreto de ontem no Grand Hamad Stadium, o Centro de Treinamento do Brasil na capital do Catar.

"Se o Daniel Alves está aqui, tem totais condições, e nós confiamos nele. Não precisamos nem falar do Daniel Alves, multicampeão, nós confiamos nele. Está treinando bem, está empenhado, mas quem vai jogar é decisão do treinador", disse na entrevista coletiva de ontem, sem descartar a possibilidade de Éder Militão ganhara disputa. "O Militão já correspondeu em jogos e dá para contar com ele ali também", elogia o cão de guarda de Tite.

Questionado sobre o que muda na dinâmica do time com Daniel Alves ou Militão, Casemiro comparou: "A característica dele é diferente do Militão. O Militão é defensivo, o Daniel Alves é mais qualidade, tem um pé diferente, cada um com a sua característica".

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Ala ideológica

Assumidamente de direita, Daniel Alves ganhou a antipatia da metade petista em um país rachado. A crítica a convocação dele vai além da idade e do vínculo a um clube de futebol periférico como é o Pumas. O apoio ao candidato à presidência Jair Bolsonaro o colocou no mesmo lado do amigo Neymar e gerou antipatia. A ponto de Casemiro intervir em defesa dos companheiros monitorados dentro e fora das redes sociais. Ele detonou, por exemplo, quem festejou a lesão de Neymar.

"Infelizmente, na vida temos isso, pessoas más no mundo, que desejam o mal do outro. Não vou comentar muito desse tema. Ficamos tristes, né. Não quero falar de brasileiro, europeu, qualquer cultura, estou falando de pessoas, educação, que vem de berço", desabafou.

Defendeu também o posicionamento do atacante Raphinha. O ponta foi às redes sociais criticar quem debochava da lesão de Neymar depois da vitória contra a Sérvia. "Quando você deseja o mal para uma pessoa, independentemente de quem seja, é muito grave. Eu fico muito triste, principalmente por ser uma pessoa que ajuda tanta gente, que tem um coração enorme. O Neymar não merece isso", pontuou.