Uma das grandes novidades tecnológicas da Copa do Mundo, o impedimento semiautomático deu o ar da graça logo na primeira partida competição internacional entre Catar e Equador. O relógio marcava apenas três minutos quando Enner Valência marcou para os sul-americanos e saiu efusivo em comemoração do que seria o primeiro gol da edição de 2022. O lance causou confusão, principalmente nas redes sociais, pois não foi possível identificar irregularidade no primeiro replay. O recurso, porém, foi certeiro.
O lance começou em uma cobrança de falta do lateral Estúpiñán em direção à segunda trave. O goleiro Saad Al Sheeb saiu muito mal na dividida com o zagueiro Torres e a bola sobrou para Estrada devolver para Torres lançar na área e Valência completar para o gol de cabeça. A velocidade do lance confundiu até mesmo o comentarista de arbitragem Sálvio Spínola. Na participação da transmissão da TV Globo, o ex-árbitro, assim como vários internautas, não viram nenhum problema nas disputas.
Mesmo assim, o árbitro italiano Daniele Orsato foi acionado pelo vídeo e anulou o gol do Equador. A Fifa deixou a dúvida pairando por praticamente 10 minutos. No decorrer do jogo, a imagem gerada pela tecnologia de impedimento semiautomático entrou no ar e tirou qualquer dúvida: na infiltração, a ilustração em terceira dimensão mostrou metade da perna de Estrada à frente do último defensor do Catar e justicou, acertadamente, a impugnação do gol de Valência.
Com a prova da transmissão, Sávio concordou. "Impedimento semiautomático, alta tecnologia, mostrou o Estrada com um pouco do pé à frente, e ele sai da posição de impedimento para disputar a bola. Gol bem anulado", analisou. Além da tecnologia semiautomática, a sofisticação da bola oficial da Copa do Mundo também auxiliou no tira-teima. A Al-Rhila conta com um sensor interno para identificar o exato momento do contato com o pé do jogador passador.
Como funciona o impedimento semiautomático
A nova ferramenta de detecção de impedimentos em partidas organizadas pela Fifa funciona baseada em 12 câmeras montadas no teto dos estádios. O objetivo é rastrear a bola e 29 pontos do corpo de cada jogador e mandar 50 sinais por segundo. A principal missão da tecnologia semiautomática é monitorar todos os membros e extremidades relevantes para a marcação do impedimento. O sensor da Al-Rhila também cumpre função importante ao identicar o frame exato do toque dado pelo jogador na origem do lance.
No gol do Equador, a equipe de arbitragem recebeu um alerta automático com a indicação do impedimento. Posteriormente, o lance foi checado manualmente para confirmar a posição irregular de Estrada. Isso justifica, em parte, a demora na revisão da jogada e na posterior anulação do lance. O sistema auxiliar do VAR busca reduzir ainda mais as chances de erros em jogadas parecidas. Neste ano, o Campeonato Brasileiro registrou casos de equívocos no momento escolhido para avaliar as posições.
Quando anunciou o recurso, Gianni Infantino, presidente da Fifa, tratou a novidade como evolução do VAR. "Essa tecnologia culmina três anos de pesquisa e testes dedicados para fornecer o melhor para as equipes, jogadores e torcedores", explicou. Antes de ser utilizada na Copa do Mundo do Catar, a ferramenta passou por testes em outras competições. A Copa Árabe, no final de 2021, e o Mundial de Clubes tiveram as primeiras partidas com o aparato tecnológico à disposição.