Dois torcedores ingleses vestidos com trajes que remetem aos soldados que lutaram em Cruzadas religiosas contra territórios sob domínio islâmico foram barrados e impedidos de entrar em um estádio no Catar, no qual ocorreu o confronto entre Inglaterra e Irã, na segunda-feira (21/11).
De acordo com o jornal londrino The Times, os homens alegaram que os policiais “perguntaram se eles estavam ali para matar muçulmanos” e que foram humilhados ao serem levados para um local e “obrigados a tirar as roupas restantes e ficar nus antes de serem autorizados a entrar no estádio”.
O vídeo do momento em que os homens são barrados na porta do estádio viralizou nas redes sociais nesta sexta-feira (25/11). Os dois, assim como outros torcedores ingleses, usavam uma túnica com a cruz de São Jorge, cota de malha cinza, capacetes e espadas e escudos de brinquedo.
English fans dressed as Christian crusaders and were detained in Qatar pic.twitter.com/RmN7sV1SKs
— (@thecasualultra) November 22, 2022
De acordo com o The Times, a vestimenta era “inspirada em Monty Python”, um grupo de comédia inglês dos anos 70, cujo filme de maior sucesso se dá na Idade Média, com os personagens vestidos como soldados das Cruzadas.
As Cruzadas são, ainda hoje, consideradas tempos sombrios em que uma guerra iniciada por cristãos matou muitas pessoas em território islâmico, principalmente na região de Jerusalém.
Desde a primeira excursão militar de cristãos da Europa, entre 1096 e 1099, a capital de Israel, que estava sob domínio islâmico, foi alvo dos ataques. Por isso, o uso das vestes em um país islâmico como o Catar é visto como ofensivo.
De acordo com o The Times, a Fifa pediu que os torcedores abandonem a vestimenta caso queiram assistir aos jogos. “Os trajes dos cruzados no contexto árabe podem ser ofensivos contra os muçulmanos. É por isso que os colegas anti-discriminação pediram aos torcedores que vestissem as coisas do avesso ou trocassem de roupa”, disse um funcionário da Fifa ao jornal.
Líder da Associação de Torcedores de Futebol (FSA) da Inglaterra, Ashley Brown afirmou que não acredita que o uso das vestimentas seja uma forma de provocação aos cidadãos do Catar. “Acho que é mais ingenuidade do que algo intencional. Eles estão se vestindo como São Jorge, o santo padroeiro, mas talvez não entendam realmente a implicação do que estão vestindo”, disse.
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A ONG inglesa de conscientização contra racismo, homofobia, xenofobia e sexismo no futebol, a Kick Out, lembrou aos torcedores ingleses que o Ministério das Relações Exteriores do Catar pediu aos visitantes que se adequassem à cultura local.
“Os conselhos de viagem do Ministério das Relações Exteriores emitidos antes do torneio expressavam que os torcedores deveriam se familiarizar com os costumes locais, e nós encorajamos os torcedores a adotarem essa abordagem”, disseram.
“Aconselhamos os torcedores que assistirem às partidas da Copa do Mundo da FIFA que certos trajes, como fantasias representando cavaleiros ou cruzados, podem não ser bem-vindos no Catar e em outros países islâmicos”, aconselharam o grupo.
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