Copa do Mundo

Copa: com vaias e protestos, Dinamarca e Tunísia não saem do zero

Empate sem gols no Estádio da Educação abriu o Grupo D do Mundial, com ambiente hostil para os europeus, perseverantes nos protestos pelos direitos humanos

Paulo Martins*
postado em 22/11/2022 12:11
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

Não foi por falta de gols que Dinamarca e Tunísia não tiveram emoções e nervos. A estreia das seleções alvirrubras na Copa do Mundo Qatar-2022, na manhã desta terça-feira (22/11), no Estádio da Educação, teve protestos nas camisas inteiramente vermelhas dos daneses e vaias da torcida mediterrânea, com contato físico intenso. Ausente, apenas a bola na rede.

A postura defensiva dos africanos foi um dever para lá de necessário visando um resultado positivo diante dos nórdicos, favoritos na prévia e em um Grupo C complicado pela presença da atual campeã França. A barulhenta torcida rival complicou o jogo dos dinamarqueses, em apuros durante alguns instantes do cotejo, mas sem conseguir seu melhor desempenho.

Com a igualdade no placar, ambos selecionados dependem do resultado da estreia pendente no grupo, entre franceses e australianos, às 16h desta terça-feira (22/11), para compreender sua melhor conduta estratégica dentro da divisão, no restante da fase de grupos. Os africanos jogam no próximo sábado (26/11), às 7h, frente aos oceânicos, no Estádio Al-Janoub, e o confronto europeu da partição ocorre às 13h do mesmo dia, no Estádio 974.


O jogo

Amplamente vaiados pelo público tunisiano e outros locais presentes, devido à postura de defesa aos direitos humanos, como uma queixa constante por toda a temática social e política do evento, os europeus tomaram a ofensiva do jogo desde o princípio do duelo. A tensão era a tônica inicial, com entradas mais duras nos cinco minutos iniciais, contando com a vista grossa do colegiado mexicano César Ramos.

As investidas dos magrebinos não eram inconscientes, e os mesmos tiveram a primeira oportunidade clara do jogo aos 10 minutos, com chute de Drager, desviado pela defesa. Com poucas investidas e muitas vaias, os dinamarqueses se viam diante de um jogo com muito contato e com bolas paradas em sucessão, sempre rechaçados pela retranca dos africanos.

O susto oferecido pelos mediterrâneos quase se concretiza aos 22, com Issam Jebali recebendo lançamento e tocando para o gol na saída de Kasper Schmeichel, porém em posição de impedimento. A hostilidade contra os daneses era tão evidente que mesmo o gandula demorou a dar uma bola para que o lateral-direito Rasmus Kristensen cobrasse um manual, na altura dos 27.

O jogo se fazia mais pesado e complicado para ambos, com as vaias no Estádio da Educação tornando o duelo atônito de se assistir. O centroavante tunisiano levou perigo em outro contra-ataque aos 42 minutos, ao tentar encobrir o arqueiro rival, que desviou o esférico para córner, em bela ação de reflexo.

O segundo tempo começou da mesma forma como a etapa anterior correu: muito contato físico, um jogo faltoso e pouco brilho ofensivo, com a Dinamarca sendo pouco eficaz para adentrar a defesa adversária. A Tunísia conseguiu até emplacar três escanteios nos primeiros minutos e teve uma oportunidade com Aissa Laidouni correndo rumo ao gol, mas perdendo na corrida para Simon Kjaer em tentativa de passe.

Aos nove, entretanto, em jogada construída em curtos passes a partir da intermediária de ataque, Skov Olsen colocou a bola na rede, mas não contava com o impedimento de Mikkel Damsgaard na jogada, empatando em gols irregulares com o rival na partida. As incessantes vaias dos aficionados africanos claramente desconcentram os europeus durante toda a partida, sendo chave efetiva para destruir o jogo dos nórdicos no meio de campo.

O craque dinamarquês Christian Eriksen apareceu pela primeira vez do jogo, de forma notável, em chute de fora da área aos 23, exigindo boa defesa de Aymen Dahmen. Na sequência, Andreas Cornelius desperdiçou finalização cara a cara, no escanteio, colocando a bola contra o poste. Estas foram oportunidades ocorridas logo após as movimentações nos bancos de reservas, com três mudanças dos daneses e uma dos magrebinos.

Com maior movimentação, o gás coletivo dos dois times pareciam ponto determinante para tangenciar o placar em branco nos instantes finais, com a batalha ganhando em emoção, somada à tensão dos 90 minutos, com todo o contexto que trazia o jogo.

O momento máximo do jogo teve uma checagem de pênalti para os nórdicos nos acréscimos, não marcado apenas por uma falta de ataque anterior. Passados os sustos, o jogo se fechou em branco e vermelho, cores das bandeiras, das camisas e dos protestos, independentemente dos lados envolvidos, Dinamarca e Tunísia saíram de campo iguais.


Ficha técnica:

Dinamarca 0

Schmeichel; Kristensen, Andersen, Kjær (Jensen) e Christensen; Delaney (Damsgaard), Højbjerg, Olsen (Lindstrøm), Eriksen e Maehle; Dolberg (Cornelius)

Técnico: Kasper Hjulmand


Tunísia 0

Dahmen; Talbi, Bronn e Meriah; Drager, Skhiri, Laidouni, Slimane (Sliti) e Abdi; Msakni (Mejbri) e Jebali (Khenissi)

Técnico: Jalel Kadri


Cartões amarelos: Kristensen e Jensen (Dinamarca); Khenissi (Tunísia)

Arbitragem: César Ramos (México)

* Estagiário sob supervisão de Danilo Queiroz

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