QATAR-2022

Impedimento semiautomático estreia em Copas ao anular gol do Equador

Novidade no Mundial do Catar, sistema consiste em 12 câmeras responsáveis pelo monitoramento de 29 pontos do corpo de cada jogador, com envio de 50 sinais por segundo. Chip na bola aprimora o recurso

Danilo Queiroz
postado em 20/11/2022 17:51
 (crédito: Divulgação/Fifa)
(crédito: Divulgação/Fifa)

Uma das grandes novidades tecnológicas da Copa do Mundo, o impedimento semiautomático deu o ar da graça logo na primeira partida competição internacional entre Catar e Equador. O relógio marcava apenas três minutos quando Enner Valência marcou para os sul-americanos e saiu efusivo em comemoração do que seria o primeiro gol da edição de 2022. O lance causou confusão, principalmente nas redes sociais, pois não foi possível identificar irregularidade no primeiro replay. O recurso, porém, foi certeiro.

O lance começou em uma cobrança de falta do lateral Estúpiñán em direção à segunda trave. O goleiro Saad Al Sheeb saiu muito mal na dividida com o zagueiro Torres e a bola sobrou para Estrada devolver para Torres lançar na área e Valência completar para o gol de cabeça. A velocidade do lance confundiu até mesmo o comentarista de arbitragem Sálvio Spínola. Na participação da transmissão da TV Globo, o ex-árbitro, assim como vários internautas, não viram nenhum problema nas disputas.

Mesmo assim, o árbitro italiano Daniele Orsato foi acionado pelo vídeo e anulou o gol do Equador. A Fifa deixou a dúvida pairando por praticamente 10 minutos. No decorrer do jogo, a imagem gerada pela tecnologia de impedimento semiautomático entrou no ar e tirou qualquer dúvida: na infiltração, a ilustração em terceira dimensão mostrou metade da perna de Estrada à frente do último defensor do Catar e justicou, acertadamente, a impugnação do gol de Valência.

Com a prova da transmissão, Sávio concordou. "Impedimento semiautomático, alta tecnologia, mostrou o Estrada com um pouco do pé à frente, e ele sai da posição de impedimento para disputar a bola. Gol bem anulado", analisou. Além da tecnologia semiautomática, a sofisticação da bola oficial da Copa do Mundo também auxiliou no tira-teima. A Al-Rhila conta com um sensor interno para identificar o exato momento do contato com o pé do jogador passador.

 Ecuador's forward #13 Enner Valencia heads the ball to score a goal later disallowed during the Qatar 2022 World Cup Group A football match between Qatar and Ecuador at the Al-Bayt Stadium in Al Khor, north of Doha on November 20, 2022. (Photo by François-Xavier MARIT / AFP) /
Ecuador's forward #13 Enner Valencia heads the ball to score a goal later disallowed during the Qatar 2022 World Cup Group A football match between Qatar and Ecuador at the Al-Bayt Stadium in Al Khor, north of Doha on November 20, 2022. (Photo by François-Xavier MARIT / AFP) / (foto: AFP)

Como funciona o impedimento semiautomático

A nova ferramenta de detecção de impedimentos em partidas organizadas pela Fifa funciona baseada em 12 câmeras montadas no teto dos estádios. O objetivo é rastrear a bola e 29 pontos do corpo de cada jogador e mandar 50 sinais por segundo. A principal missão da tecnologia semiautomática é monitorar todos os membros e extremidades relevantes para a marcação do impedimento. O sensor da Al-Rhila também cumpre função importante ao identicar o frame exato do toque dado pelo jogador na origem do lance.

No gol do Equador, a equipe de arbitragem recebeu um alerta automático com a indicação do impedimento. Posteriormente, o lance foi checado manualmente para confirmar a posição irregular de Estrada. Isso justifica, em parte, a demora na revisão da jogada e na posterior anulação do lance. O sistema auxiliar do VAR busca reduzir ainda mais as chances de erros em jogadas parecidas. Neste ano, o Campeonato Brasileiro registrou casos de equívocos no momento escolhido para avaliar as posições.

Quando anunciou o recurso, Gianni Infantino, presidente da Fifa, tratou a novidade como evolução do VAR. "Essa tecnologia culmina três anos de pesquisa e testes dedicados para fornecer o melhor para as equipes, jogadores e torcedores", explicou. Antes de ser utilizada na Copa do Mundo do Catar, a ferramenta passou por testes em outras competições. A Copa Árabe, no final de 2021, e o Mundial de Clubes tiveram as primeiras partidas com o aparato tecnológico à disposição.

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