O edital do concurso de Adenor Leonardo Bachi, o Tite, para goleiro da Seleção teve 17 candidatos pré-aprovados em seis anos e meio de trabalho: Alex Muralha (Coritiba), Alisson (Liverpool), Cássio (Corinthians), Daniel Fuzato (Ibiza), Danilo Fernandes (Bahia), Diego Alves (Flamengo), Ederson (Manchester City), Everson (Atlético-MG), Gabriel Brazão (Cruzeiro), Gabriel Chapecó (Grêmio), Hugo Souza (Flamengo), Ivan (Zenit São Petersburgo), Marcelo Grohe (Al-Ittihad), Neto (Bournemouth), Phelipe Megiolaro (Grêmio), Santos (Flamengo) e Weverton (Palmeiras) foram não somente convocados, mas observados de perto. Catorze ficaram no cadastro de reserva e três irão à Copa do Mundo.
Coube ao principal jurado da banca examinadora — o preparador de goleiros Taffarel — apontar os três donos das traves do Brasil no Catar. Quem ousará abrir debate com a muralha do Brasil nos mundiais de 1990, 1994 e 1998? O camisa 1 na campanha do tetra ajudou a eleger o titular Alisson, com quem trabalha no Liverpool, e os reservas de luxo Ederson e Weverton. O trio foi praticamente unanimidade desde o ciclo iniciado pós-Copa da Rússia.
Os últimos quatro anos consolidaram pelo menos dois goleiros como referências. Aos 30 anos, o gaúcho de Novo Hamburgo Alisson ostenta na prova de títulos o prêmio individual de melhor do mundo em 2019. Conquistou o Fifa The Best desbancando concorrentes badalados como o alemão segundo colocado Marc-André ter Stegen (Barcelona) e o terceiro, o companheiro de Seleção Brasileira Ederson (Manchester City). Em 2019, terminou a votação em segundo lugar, atrás apenas do germânico Manuel Neuer (Bayern de Munique).
Reserva na Copa de 1986, o ex-goleiro Paulo Victor, hoje assessor parlamentar no Senado Federal, não questiona a titularidade de Alisson, mas faz um alerta. "É indiscutivelmente o nosso melhor jogador na posição. Sabe sair do gol, é rápido. Ele só precisa conversar mais com os zagueiros. Goleiro mudo é goleiro cego", observou o ídolo do Fluminense em entrevista ao Correio Braziliense antes da Copa do Mundo 2018, a primeira de Alisson como titular.
Seleta galeria
Preferido para iniciar a Copa, Alisson deve entrar na seleta galeria dos goleiros titulares do Brasil em mais de uma edição da Copa. Apenas Gilmar (1958, 1962 e 1966), Emerson Leão (1974 e 1978), Taffarel (1990, 1994 e 1998) e Julio Cesar (2010 e 2014) conseguiram esse feito. Gilmar (1958 e 1962) e Taffarel (1994) conquistaram a Copa do Mundo.
Alisson e o irmão, o também goleiro Muriel, viveram um drama familiar no ano passado: a morte do pai, seu José Agostinho Becker, aos 57 anos, por afogamento. Ele nadava em uma barragem. O corpo foi encontrado em Lavras do Sul (RS), a 320km de Porto Alegre. A tragédia motivou o técnico do Liverpool, Jurgen Klopp, a escrever uma carta pública ao jogador. "A maior homenagem possível ao pai de Alisson é a pessoa que seu filho é e se tornou. Ele o honra todos os dias com a forma como vive sua vida", diz um dos trechos do belo texto.
Em nome do pai, Alisson tentará se tornar, aos 30 anos, o segundo goleiro mais velho a conquistar a Copa pelo Brasil. Gilmar e Félix tinham 32, respectivamente, nas conquistas do bi (1962) e do tri (1970). Todos eles meninos perto de Dino Zoff. O italiano foi campeão com 40 no Mundial de 1982.
Tiro de meta que vira assistência
Alisson é o favorito a começar a Copa do Mundo como titular no próximo dia 24 contra a Sérvia, no Estádio Lusail, mas a concorrência nunca foi tão acirrada. Tite se deu ao luxo de fazer revezamento entre Alisson, Ederson e Weverton nas Eliminatórias.
Xodó de Pep Guardiola no Manchester City, Ederson custou 40 milhões de euros ao clube inglês em 2017 e faz valer cada centavo. Duas virtudes chamaram a atenção do badalado técnico catalão: ele sabe jogar com os pés e tem uma cobrança de tiro de meta por vezes transformada em assistência para gol, elogiadíssima por Julio Cesar, titular da Seleção nas Copas de 2010 e 2014.
Sob a proteção de "São Marcos"
Primeiro jogador nascido no Acre a disputar a Copa do Mundo, Weverton carrega um fardo pesado nas costas. Representante do atual campeão brasileiro, Palmeiras, na lista, ele defende a tradição do ídolo Marcos, titular do Brasil na campanha do penta, em 2002.
O passado e o presente na Seleção credenciam o craque das luvas a brigar com Alisson e Ederson pela vaga de titular. Basta lembrar que ele se impôs como um dos protagonistas da conquista da inédita medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio-2016 contra a Alemanha. Pegou a cobrança de Nils Petersen em um Maracanã lotado e entregou a bola para o parça Neymar fazer o gol do título.
A ficha dos três goleiros
Alisson
Nome: Alisson Ramses Becker
Nascimento: 2/10/1992
Local: Novo Hamburgo (RS)
Posição: goleiro
Número da camisa: 1
Clube: Liverpool (ING)
Estreia na Seleção: 13/10/2015
Brasil 1 x 0 Costa Rica — amistoso
Minutos em campo: 4.905
Convocações: 77 — Jogos: 55
Gols sofridos: 20
Primeiro gol: nunca marcou
Participações em Copas: 1 (2018)
Principais títulos: Copa América
(2019), Liga dos Campeões da
Europa (2019), Mundial de Clubes
da Fifa (2019), Campeonato Inglês
(2020), Copa da Inglaterra (2020),
Campeonato Gaúcho (2013, 2014,
2015 e 2016).
Ederson
Nome: Ederson Santana de Moraes
Nascimento: 17/8/1993
Local: Osasco (SP)
Posição: goleiro
Número da camisa: 23
Clube: Manchester City (ING)
Estreia na Seleção: 10/10/2017
Brasil 3 x 0 Chile — Eliminatórias
Minutos em campo: 1.620
Convocações: 69 — Jogos: 45
Gols sofridos: 8
Primeiro gol: nunca marcou pela Seleção
Participações em Copas: 1 (2018)
Principais títulos: Copa América (2019),
Campeonato Português (2016 e 2017), Taça de
Portugal (2017), Campeonato Inglês (2018, 2019,
2021 e 2022), Copa da Inglaterra (2019) e Copa
da Liga Inglesa (2018, 2019, 2020 e 2021).
Weverton
Nome: Weverton Pereira da Silva
Nascimento: 13/12/1987
Local: Rio Branco (AC)
Posição: goleiro
Número da camisa: 12
Clube: Palmeiras
Estreia na Seleção: 25/1/2017
Brasil 1 x 0 Colômbia — amistoso
Minutos em campo: 720
Convocações: 41 — Jogos: 8
Gols sofridos: 5
Primeiro gol: nunca marcou pela Seleção
Participações em Copas: estreante
Principais títulos: ouro nos Jogos Olímpicos (2016),
Libertadores (2020 e 2021), Recopa Sul-Americana
(2022), Campeonato Brasileiro (2018 e 2022), Copa
do Brasil (2020), Série B (2008 e 2011), Campeonato
Paulista (2020 e 2022) e Paranaense (2016).
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