A atribuição da Copa do Mundo de 2022 ao Catar foi "um erro", afirmou o ex-presidente da FIFA Joseph Blatter nesta terça-feira (8/11), em uma entrevista à agência alemã SID.
"Do meu ponto de vista, atribuir o Mundial ao Catar foi simplesmente um erro. Para mim, é um país muito pequeno, é tão grande quanto um cantão aqui na Suíça. O primeiro problema que apareceu foi o clima", disse o ex-dirigente de 86 anos.
A FIFA concedeu a organização dos Mundiais de 2018 e 2022 em 2 de dezembro de 2010, "para tentar associá-los à Rússia e aos Estados Unidos", lembra ele, que foi presidente da entidade de 1998 a 2015.
"Houve um consenso dentro do comitê executivo da FIFA", acrescentou.
Mas esse consenso se desfez uma semana antes da votação, explicou Blatter na entrevista. Ele garante que o ex-presidente da França Nicolas Sarkozy aconselhou Michel Platini, então presidente da UEFA, a votar no Catar como sede. O assunto teria sido discutido durante um almoço entre os dois e o príncipe herdeiro do Catar Tamim ben Hamad al Thani, que se tornou emir em 2013.
Posteriormente, essa versão dos fatos foi negada por Platini.
"O presidente nunca me pediu para votar em nada em particular, mas pensei ter entendido (durante aquele almoço) que ele apoiava o Catar", explicou o ex-mandatário da UEFA.
"A quintessência foi de que eu não podia mais contar com os quatro votos da Europa a favor dos Estados Unidos. Se esses votos tivessem ido para os Estados Unidos, teriam conseguido a Copa do Mundo, não o Catar. Essa é a verdade, não darei meu braço a torcer", insistiu Platini.
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Favorável à indenização aos trabalhadores
Enquanto a Rússia atingiu o seu objetivo de sediar a edição de 2018, o Catar surpreendeu ao superar a candidatura dos Estados Unidos por 14 votos a oito na escolha do anfitrião de 2022.
O país árabe tem sido alvo de inúmeras críticas por parte de organizações sociais, imprensa e até mesmo governos europeus em relação aos direitos dos estrangeiros que foram ao país para trabalhar na construção da infraestrutura para a Copa.
Em um comunicado publicado em maio, a Anistia Internacional pediu à Fifa a criação de um fundo de compensação de 420 milhões de euros destinado às centenas de milhares de trabalhadores cujos direitos tenham sido violados durante esse período.
Blatter se mostrou favorável à criação deste fundo, uma iniciativa rechaçada pelo ministro do Trabalho do Catar, Ali bin Samikh Al Marri.
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