Justiça

Justiça de Barcelona abrirá processo a fim de prender Neymar

Sob acusação de corrupção em sua passagem para o clube catalão desde o Santos, além do jogador, seus pais e diretores do Barça devem ser processados por irregularidades financeiras na transferência

Um pedido de abertura de processo contra Neymar, por corrupção na transferência do Santos para o Barcelona, foi aberto nesta semana pelo 17º Juizado local, com o caso podendo prosseguir na próxima semana contra o brasileiro. A penalização por corrupção envolve o atacante do Paris Saint-Germain, seus pais e diretores de ambos clubes, de acordo com o jornal italiano Gazzetta dello Sport.

Os números da transação do Santos para o Barça estariam abaixo do registrado oficialmente de acordo com a companhia Dis, detentora de 40% dos direitos do atleta. A empresa, então, denunciou os envolvidos na inflação dos números, acusando a obtenção de benefícios próprios. Além do jogador, o pai, Neymar da Silva Santos, a mãe, Nadine Santos, o ex-presidente do Barcelona Josep Maria Bartolomeu, o atual executivo culé, Sandro Rosell, e outros dirigentes santistas da época estariam envolvidos no esquema.

A acusação para o camisa 10 da Seleção Brasileira, inicialmente, resultaria em cinco anos de prisão e multa de 150 milhões de euros. Para seu pai, o acréscimo de duas temporadas em relação à pena do craque, sem representar o filho, no cargo que exerce atualmente.

Na corrida inicial entre o Barcelona e o Real Madrid pela compra do astro, o presidente merengue, Florentino Pérez, também seria testemunha do esquema. De acordo com a Dis, o time da capital espanhola pagaria valores superiores aos declarados pelo Barça para contar com os serviços do jogador. O executivo madridista pode ser intimado a prestar declarações no processo.

Palavra da defesa

Em material enviado para a imprensa, a NR Sports, empresa vinculada ao jogador, divulgou um vídeo onde três advogados - dois brasileiros e um espanhol - explicam os motivos pelos quais tal ato não seria criminoso e antecipam a defesa a ser adotada no julgamento. O argumento é baseado, sobretudo, na inexistência penal para o ato de corrupção entre particulares na Constituição Brasileira, sem a possibilidade de punição ao atacante em território nacional.

"O Brasil não criminaliza corrupção entre particulares. Não é possível aplicar a lei brasileira a um fato espanhol, porque a lei brasileira criminalizando a corrupção privada não existe e, embora exista o crime de corrupção privada na Espanha, como nós não temos essa previsão idêntica no Brasil, é impossível a sua aplicação no território nacional”, explica o advogado criminalista Davi Tangerino.

Carlos Gómez-Jara Diez, advogado e Professor Doutor da Universidade Autonoma de Madri, disse que a lei de Crime entre Particulares foi aprovada na Espanha em 2014, um ano após a transferência do atleta Neymar ao Barcelona. "A exigência de que uma conduta seja crime em dois países para ser punida é o que chamamos de princípio da dupla incriminação, ou seja, que os fatos ocorridos no Brasil e na Espanha sejam considerados crime. Ou seja, para atos cometidos antes de 2014 não há jurisdição universal, já para atos cometidos após 2014 existe", complementou.

*Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima

Saiba Mais

Reprodução/Instagram - Pai do jogador exige o pagamento do valor do contrato
PAU BARRENA - (FILES) In this file photo taken on December 03, 2016 Barcelona's Brazilian forward Neymar eyes the ball during the Spanish league football match FC Barcelona vs Real Madrid CF at the Camp Nou stadium in Barcelona on December 3, 2016. After a summer of negotiations on a possible return of Neymar to Barcelona, the Paris SG Brazilian star and his former club have a meeting on September 27, 2019. But this time, before a court. / AFP / PAU BARRENA
Stephane de Sakutin/AFP - Paris Saint-Germain's Brazilian forward Neymar warms up before the French L1 football match between Paris-Saint Germain (PSG) and Montpellier Herault SC at The Parc des Princes Stadium in Paris on August 13, 2022.
Lucas Figueiredo/CBF - 2022 Crédito: Lucas Figueiredo/CBF. Neymar.