Nascido para pilotar, o holandês Max Verstappen continua acumulando sucessos em sua carreira depois de conquistar seu segundo título de Fórmula 1 neste domingo no Japão e aos 25 anos parece estar em condições de fazer história na principal categoria do automobilismo.
Poucos duvidaram, mas Verstappen provou isso incontestavelmente: após um duelo épico em 2021 contra Lewis Hamilton, 'Mad Max' revalida sua coroa após uma temporada em que teve um domínio esmagador e entrou no clube de 17 pilotos, como bicampeão da F1.
Como ele mesmo diz, "não se pode comparar épocas", por isso não parece apropriado compará-lo com outros campeões como Fernando Alonso (dois títulos), Ayrton Senna (três), Alain Prost (quatro), Juan Manuel Fangio (cinco) ou Michael Schumacher e Hamilton (sete, recorde da F1).
Verstappen escreve sua própria história, marcada pela herança familiar, já que seus pais foram pilotos de alto nível.
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"Toda a família vivia para a corrida, então acho que a pessoa que Max é e o que ele está conquistando no momento é uma coisa natural", disse o empresário do piloto, Raymond Vermeulen, à AFP no ano passado.
Seu pai, o holandês Jos Verstappen, disputou 107 corridas de Fórmula 1 entre 1994 e 2003, com dois pódios no primeiro ano.
Sua mãe, Sophie Kumpen, foi parceira de outro campeão mundial de Fórmula 1, Jenson Button, no kart. A belga era "uma piloto fantástica, muito rápida", recordou o britânico.
"À frente de sua idade"
Familiarizado com os circuitos, Verstappen, que nasceu na cidade belga de Hasselt em 30 de setembro de 1997, sentiu a gasolina correndo nas veias logo cedo e aos quatro anos já pilotava um kart.
"Ele sempre esteve à frente de sua idade", segundo seu empresário. Verstappen multiplicou os recordes de precocidade, até se tornar o piloto mais jovem a correr um Grande Prêmio de Fórmula 1, em 2015, aos 17 anos, ao volante de um Toro Rosso.
Uma aposta vencedora da equipo satélite da Red Bull: se tornou o piloto mais jovem a conquistar pontos alguns dias mais tarde e depois, já com a Red Bull, o vencedor mais precoce de um Grande Prêmio, o da España em 2016, aos 18 anos.
No entanto, um dos poucos recordes que lhe escapou é o do mais jovem campeão mundial, já que só alcançou essa glória aos 24 anos, com mais idade que Sébastien Vettel, Lewis Hamilton e Fernando Alonso.
Pouco importa, pois ninguém duvida da qualidade de pilotagem de Verstappen e poucos lembram que o primeiro título veio depois do caótico Grande Prêmio de Abu Dhabi.
Durante muito tempo ele teve que se contentar com momentos esporádicos de brilho ao volante de um carro inferior ao de seus rivais, mas desde que a Red Bull lhe deu um carro vencedor, o holandês se tornou uma máquina vencedora: em dois anos, ele conseguiu subir ao topo do pódio em 22 corridas, totalizando 32 vitórias na F1 em toda a sua carreira.
Embora ele tenha dito que não se vê pilotando depois dos 40, Verstappen ainda tem espaço para se tornar o piloto mais bem sucedido da história. Com contrato até 2028 com a Red Bull, uma confiança muito inusitada na F1, a simbiose é total entre o melhor piloto e a melhor equipe, aquela que sempre o apoiou.
"Eles são testemunhas de um piloto que forma um só ser com o carro, ele está em estado de graça", comentou o capitão da Red Bull, Christian Horner, após o Grande Prêmio da Bélgica, que Verstappen venceu depois de largar da 14ª posição no grid.
"O fato de começar a temporada como campeão do mundo (...) tirou um peso de seus ombros, mas sua motivação e sua sede de vitórias permanecem intactas", explicou o próprio Horner à AFP no início do ano.
Sangue frio
Insolente em seu início de carreira, o impetuoso Max aprendeu a domar seu temperamento na pista e agora é um monstro de sangue frio, cometendo poucos erros na pista.
Longe daquela versão que colidiu inutilmente com Esteban Ocon no GP do Brasil de 2018, antes de empurrar o francês na frente das câmeras, ou de ameaçar jornalistas quando lhe perguntaram sobre seus erros no Canadá naquele mesmo ano.
Bastante discreto na vida privada, Verstappen garantiu que o fato de ter sido campeão "não mudou" sua existência. Ele pouco interage nas redes sociais: fotos correndo em Mônaco, onde mora, ou com a namorada Kelly Piquet, filha do tricampeão mundial de F1, o brasileiro Nelson Piquet, ou com algumas celebridades, como o amigo DJ Martin Garrix.
O resto é marketing (edições especiais dos capacetes, etc.), sem se afastar do politicamente correto. Ele nunca se manifestou a favor de uma causa, como Hamilton fez contra o racismo ou Vettel a favor da ecologia.
"Sou apenas um cara normal", ele repete em todas as entrevistas. Um cara normal, porém, que pilota carros de corrida a 350 km/h e que viaja pelo mundo a bordo de um avião particular personalizado...