O ex-técnico da seleção brasileira de ginástica Fernando de Carvalho Lopes foi condenado a 109 anos e oito meses de prisão pelo estupro de quatro atletas, incluindo pelo menos um menor de idade, informaram veículos da mídia nesta terça-feira.
O ex-treinador foi condenado em primeira instância na segunda-feira por um tribunal da cidade de São Bernardo do Campo, próximo a São Paulo, segundo o portal Globo Esporte, que teve acesso ao processo, protegido por sigilo judicial.
Carvalho Lopes, que vai recorrer por se considerar inocente, e com isso pode aguardar o recurso em liberdade, foi condenado por agredir quatro atletas, um dos quais tinha 13 anos no momento dos fatos, segundo um veículo, que não informou as idades dos demais.
No entanto, há mais acusações contra ele: há quatro anos, 42 atletas afirmaram ter sido vítimas de abuso moral, físico ou sexual do treinador em uma investigação jornalística do programa Fantástico, da TV Globo.
Alguns deles participam do processo judicial como testemunhas de fatos que teriam ocorrido entre 1999 e 2016, quando o ex-técnico dirigia o clube MESC em São Bernardo do Campo.
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Carvalho Lopes treinou jovens ginastas por cerca de vinte anos e foi afastado da seleção um mês antes das Olimpíadas do Rio de Janeiro de 2016, após denúncia dos pais de uma de suas supostas vítimas.
O homem integrou o grupo de trabalho da equipe brasileira entre 2014 e 2016, quando treinou Diego Hypólito, medalhista de prata nos Jogos do Rio, explicou à AFP uma fonte da Confederação Brasileira de Ginástica.
Hypólito garantiu na época que não foi vítima de maus-tratos, mas em função da onda de reportagens apoiou os denunciantes.
Em abril de 2019, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) proibiu Carvalho Lopes por toda a vida de exercer qualquer atividade relacionada ao esporte.
Nos últimos anos, a ginástica foi abalada por inúmeros escândalos.
Nos Estados Unidos, Larry Nassar, ex-médico da seleção do país, foi condenado à prisão perpétua por agredir sexualmente pelo menos 265 ginastas de alto nível ao longo de duas décadas, incluindo a estrela Simone Biles.
Na Grã-Bretanha, Grécia, Austrália e Nova Zelândia, atletas também relataram diferentes tipos de abuso por parte dos treinadores.