Ser conhecido pelos dois clubes de maior torcida do Brasil pode ser atalho para um cargo político, como mostram Andrés Sanchez e Eduardo Bandeira de Mello. Ex-presidentes de Corinthians e Flamengo, respectivamente, os dois desfrutaram da popularidade da dupla mais relevante do esporte no país para conseguirem uma das cadeiras na Câmara dos Deputados.
Ao melhor estilo “sincerão”, Andrés Sanchez é uma das figuras mais emblemáticas da história recente do Corinthians. Falem bem ou falem mal, ele foi figura ativa no processo de ressurgimento alvinegro. O primeiro ato como chefe corintiano pode até ter acabado com o rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro, em 2007, mas também contou com iniciativas inimagináveis por boa parte da torcida.
Foi na gestão Andrés, inclusive, que a equipe do Parque São Jorge conseguiu repatriar Ronaldo Fenômeno e Roberto Carlos, construir o centro de treinamento no Dr. Joaquim Grava e dar os primeiros passos para a construção da casa própria. Títulos de expressão também voltaram à realidade do clube, como a Copa do Brasil de 2009 e o Brasileirão de 2011, fechando o primeiro mandato.
A experiência na alta cúpula do Timão cúpula o fez alçar voos maiores. Ainda em 2015, assumiu a cadeira de diretor de Seleções da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e alimentou o sonho de presidir a entidade. A expecativa, porém, nunca virou realidade e o caminho nada natural foi a política. Em 2014, o corintiano foi eleito deputado federal por São Paulo com 169.834 votos.
“Eu não queria ser político, não era a minha meta. Eu aceitei por pedidos do Corinthians e espero fazer um bom trabalho. O que eu quero é sair ileso, não é fácil sair ileso daqui”, disse em entrevista ao Correio em fevereiro de 2015.
Em 2018, voltou às origens ao assumir mais uma vez o status de chefe executivo corintiano. O retorno, entretanto, não foi como o esperado. Além dos milhões em déficit acumulado no primeiro trabalho e gestões anteriores, as escolhas de bastidores e o baixo desempenho nas quatro linhas o colocaram em dívida com a torcida. O cartola se licenciou do cargo e revelou estresse e insatisfação ao assegurar que jamais retornará ao futebol.
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Um carioca em Brasília
Eduardo Bandeira de Mello é um dos ex-presidentes do Flamengo que não ficará marcado por não ter conquistado títulos expressivos, mas, sim, por abrir caminho para eles. Em dois mandatos, de 2013 e a 2018, o dirigente conseguiu sanar as dívidas de cerca de R$ 800 milhões e permitiu o investimento certeiro para o sucesso de 2019 para cá. O bom trabalho na Gávea rendeu 72.725 votos para deputado federal pelo PSB do Rio de Janeiro.
A partir de 1º de janeiro de 2023, Bandeira de Mello será o mais novo morador da capital federal. E o cartola promete muito trabalho e comprometimento na nova empreitada no Congresso Nacional. Opositor ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), ele entende a necessidade de se debruçar em pautas relacionadas à educação, saúde e meio-ambiente. O veto ao orçamento secreto também é um dos objetivos da versão política do flamenguista.
“Nunca vou ser a favor de uma coisa dessas. Nada que seja secreto é bom. Fazendo um paralelo do que a gente fez no Flamengo, a nossa gestão foi marcada por competência, por transparência e por integridade. Se não tiver essas três coisas, você não chega a lugar nenhum”, ressaltou em entrevista à coluna do jornalista Ricardo Perrone, do UOL.
Para Bandeira de Mello, estar atento às pautas urgentes não significa deixar o futebol de lado. Mesmo com o comprometimento voltado para outras camadas sociais, o futuro deputado federal tece críticas aos sistemas, aos bastidores do esporte mais popular do país e espera poder fazer a diferença.
“O processo de eleição da CBF, das federações é absolutamente irracional. A CBF está totalmente nas mãos das federações. E as federações estão nas mãos de pessoas físicas, de famílias, de gente que se perpetuou no poder. Então, acho que a gente nunca vai ter uma modernização objetiva do futebol brasileiro enquanto você não tiver uma governança moderna, democrática das entidades de administração”, explicou.
O ex-presidente defende a criação de uma legislação para definir, de forma mais democrática, os representantes do esporte mais popular do Brasil e do mundo. Ele sugere uma governança atualizada, na qual clubes e atletas também tenham voz ativa.
*Estagiário sob a supervisão de Danilo Queiroz
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