Poucos personagens na história do futebol tiveram uma característica visual tão marcante como o argentino Rodrigo Palacio, que ao mesmo tempo levava em campo uma faixa e um rabo de cavalo mesmo sendo careca. O atacante de 40 anos anunciou nesta segunda-feira (26/9) a sua aposentadoria do futebol, depois de ter defendido o Brescia, da Itália. A informação é da TNT argentina.
Porém, fato mais inusitado que o corte de cabelo do ex-Boca Juniors (onde o centroavante ganhou os títulos da Copa Sul-Americana de 2005 e da Libertadores de 2007), é a decisão na mais nova carreira como jogador, agora nas quadras de madeira, levando uma bola laranja nas mãos.
Palacio é o novo reforço do Garegnano, da quarta divisão do basquete italiano. Em testes realizados em dois amistosos, o argentino teve média de 10 pontos por jogo e estará à disposição para partidas oficiais assim que tiver regulamentada sua situação de documentação.
Pelo time milanês, o argentino usará a camisa número 4, nunca utilizada em sua carreira nos campos, tendo usado a 8 na Internazionale de Milão (por onde passou de 2012 a 2017, marcando 58 gols em 169 jogos) e a 18 em sua passagem pela seleção nacional da Argentina, a qual serviu de 2005 a 2014, sendo vilão em seu último episódio pela albiceleste.
Na Copa do Mundo de 2014, Rodrigo Palacio só não foi utilizado nas vitórias por 2 x 1 diante da Bósnia-Herzegovina (na estreia) e por 3 x 2 contra o Irã na terceira rodada da fase de grupos. Após Higuaín ter perdido um gol inacreditável na final contra a Alemanha, cara a cara com Neuer (além de um gol impedido), o técnico Alejandro Sabella apelou para seu suplente.
Na mesma oportunidade que “El Pipa”, Palacio teve a bola pingando na frente de Neuer e tentou de cavadinha aos seis minutos da prorrogação, com o 0 x 0 no placar. A bola superou o goleiro e foi para fora, do lado da meta, e o 11º homem de Sabella não marcou nem um gol sequer naquele Mundial. Minutos depois, Mario Gotze anotou o gol do tetracampeonato germânico, e um certo tempo depois a jogada virou hit: “Era por Abajo”, ou então, Era por Baixo, um rock produzido em 2015, para mostrar uma alternativa à jogada que manteve a seca argentina.
Passados os altos e baixos no futebol, a camisa 4 pode ser referência nas quadras por uma coisa a mais do que pelas suas décadas de vida, por uma lenda conterrânea. Nascido em Bahía Blanca, no litoral sul da província de Buenos Aires, o atacante só não é a maior personalidade esportiva nata da cidade por ser berço de ninguém menos que Emanuel Ginóbili, tetracampeão da NBA, representado pelo também careca Palacio, que vez ou outra, usava em campo a mesma faixa que “Manu” usava nas quadras americanas.
* Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima