Um dos principais pontos de ruptura entre as duas propostas para a criação de uma liga de futebol no Brasil, a divisão das receitas geradas pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro voltou ao centro do debate nesta quinta-feira (22/9). Um dia após a Premier League divulgar os valores repassados a cada time durante a temporada 2021/2022, os clubes integrantes da Liga Forte utilizaram o exemplo para defender um repartimento mais igualitário das cotas no país.
Nas redes sociais, times como Fluminense, Atlético-MG, Fortaleza, Athletico-PR e Coritiba publicaram um comunicado em conjunto para debater a questão. O ponto ressaltado pela Liga Forte, composta por 25 equipes do país, foi o equilíbrio do repasse realizado na Premier League, torneio inglês considerado o de maior sucesso no mundo do futebol. Formada por 13 integrantes, a Liga do Futebol Brasileiro (Libra) tem uma visão diferente do tema. O fato vem causando dificuldade na união das propostas.
“Na Premier League, o clube de maior receita recebeu 153 milhões de libras (R$ 880 milhões) e o de menor 101 milhões (R$ 581 milhões). Diferença de 1,5x. Os fatos mostram que uma divisão mais equilibrada gera mais competitividade e mais receitas. Esse é o conceito em que acreditamos e o motivo pelo qual fazemos parte da #LigaForteFutebol”, diz o texto compartilhado nas redes sociais pelos integrantes da LFF. Os posts são acompanhados por gráficos divulgados pela liga inglesa.
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Ao todo, o repasse da Premier League relativo aos direitos de transmissão de 2021/2022 totalizou o montante de 2,5 bilhões de libras (R$ 14,6 bilhões, na cotação atual). Campeão do torneio da Inglaterra e com 28 partidas veiculadas ao vivo no pais, o Manchester City ficou no topo da lista de arrecadação. Rebaixado para a segunda divisão, o Norwich, com 12 transmissões, ficou na lanterna. Mesmo assim, registrou o recorde de faturamento de um último colocado, ultrapassando pela primeira vez os 100 milhões de libras.
Primeiro grupo criado no intuito de formalizar uma liga no futebol brasileiro, a Libra sinalizou com uma proposta de divisão com 40% dos direitos separados igualmente, 30% proporcionais à performance esportiva e 30% por engajamento e audiência. Criada em junho para tentar um consenso entre todos os clubes das principais divisões do país, a Liga Forte defende o rateio dos repasses nas mesmas categorias, mas com porcentagens diferentes: 50%, 25% e 25%.
“É necessário e urgente que se mude e o pontapé inicial foi dado lá atrás com as primeiras conversas pela formação da nova liga no país. Temos cada vez mais avançado em torno de um consenso de igualdade, e aqueles que estão no topo precisam ceder em torno deste denominador comum. Quando isso acontecer, tenho absoluta certeza que todos sairão ganhando”, defendeu o presidente do Sport, Yuri Romão. “Não podemos aceitar que exista uma diferença tão grande no que é repartido pela TV, tudo isso dentro de uma mesma competição”, complementou.