As chuteiras de Ronaldo Fenômeno estão penduradas há bastante tempo, mas isso não impede o eterno craque de marcar golaços foras das quatro linhas. E o capítulo mais expressivo e recente da carreira de gestor aconteceu com as cores do primeiro grande clube defendido por ele como profissional: o Cruzeiro. Na última quarta-feira (21/9), o ex-atacante a Raposa celebraram, antecipadamente, o tão sonhado acesso à Série A do Campeonato Brasileiro após a vitória contundente por 3 x 0 sobre o Vasco.
O direito cruzeirense de poder voltar a figurar entre os 20 principais clubes do país tem, sim, um toque fenomenal. Embora tenha se aposentado há pouco mais de 11 anos, o campeão do mundo pela Seleção Brasileira em 1994 e 2002 foi quem resolveu apostar as fichas quando poucos acreditavam na reestruturação do clube. O processo de mudança encabeçado pelo agora craque da gestão começou antes mesmo do apito inicial.
Dezoito de dezembro de 2021. Neste dia, aconteceu o start para a Era Fenômeno na Toca da Raposa com os ajustes do acordo assinado quatro meses depois. Apesar da burocracia envolvendo, inclusive, uma mudança no estatuto, a venda de 90% das ações da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) celeste foi sacramentada com a expectativa de investimento de R$ 400 milhões.
Vislumbrando dias melhores com o aporte do ex-camisa 9, alguns torcedores podem até ter pensado em reforços badalados e imediatos para subir o mais rápido possível à primeira prateleira do futebol do Brasil. Porém, o mapeamento dos gastos, negociação das dívidas e a dispensa dos nomes mais caros do elenco foram os primeiros passos. Desde dezembro de 2021, 36 jogadores deixaram o clube, entre eles, o garoto Vítor Roque, vendido ao Athletico-PR, e o ídolo Fábio, atualmente no Fluminense.
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A dispensa do goleiro após 17 anos de serviços prestados, 976 partidas e 13 títulos, foi o primeiro perrengue de Ronaldo. A torcida protestou ao encarar a ação como desrespeito, mas Fenômeno manteve a decisão. O orçamento de R$ 90 milhões, previsto para 2022 caiu para R$ 35 milhões. Além da demissão de Vanderlei Luxemburgo, a “folga” nos cofres possibilitou a chegada de um novo treinador para guiar um trabalho desde o início, diferentemente das temporadas anteriores.
O uruguaio Paulo Pezzolano chegou e deu conta do recado. Mesmo com um elenco modesto, o professor estrangeiro soube montar uma equipe competitiva e focada no único objetivo: o acesso. Nem mesmo a perda do título estadual para o Atlético-MG e a eliminação para o Fluminense nas oitavas da Copa do Brasil abalaram o comandante.
O simples ato de frequentar o Mineirão também fez toda a diferença para o grupo. Sob os olhares do chefe, o elenco não decepcionou. Das 16 partidas disputadas em casa até a 31ª rodada, foram 14 vitórias e dois empates, ou seja, 44 pontos conquistados dos 48 disputados. O desempenho nas quatro linhas reaproximou a torcida e a gestão observou o crescimento dos sócios-torcedores. Atualmente, o programa conta com mais de 60 mil acessos.
Apesar do esforço recompensado com o acesso, o gestor do Cruzeiro prefere ser cauteloso quanto ao futuro. "O sucesso é na área esportiva. Os problemas continuam. Vamos ter que usar muito nosso talento para resolver as questões que ainda restam", disse ao SporTV após a vitória sobre o Vasco.
Com a volta confirmada, o torcedor, agora, se pergunta se o clube retorna para brigar pela permanência na elite ou para ser protagonista. "Ano que vem será um ano importantíssimo, nós temos que ficar na Série A para melhorar as nossas finanças, vai ser objetivo. E com certeza faremos um time competitivo", garantiu Ronaldo.
*Estagiário sob a supervisão de Danilo Queiroz