A imagem do Cruzeiro, enfim, voltará a resplandecer na elite do futebol brasileiro. E, para a torcida celeste, não haveria lugar melhor no mundo para garantir o acesso do que o Estádio Mineirão, em Belo Horizonte. Lotado por quase 60 mil espectadores, o Gigante da Pampulha testemunhou a vitória por 3 x 0 sobre o Vasco, mas suficiente para recolocar a Raposa entre as 20 melhores equipes do Brasil após três participações consecutivas na segunda divisão.
Figurar na primeira prateleira do cenário nacional novamente significa a possibilidade de escrever novos capítulos vitoriosos e deixar para trás as derrocadas recentes, dentro e fora dos gramados. O rebaixamento em 2019 ficará eternamente gravado na jornada de 101 anos do clube, mas a ascensão após três temporadas é uma vitória e tanto.
O retorno reflete um trabalho de resgaste da identidade vencedora do clube e de um projeto revolucionário iniciado antes mesmo da bola rolar. Em 17 de dezembro do ano passado, conselheiros e sócios aprovaram a mudança do estatuto e permitiram a negociação das ações de Sociedade Anônima do Futebol (SAF). O sinal verde possibilitou Ronaldo Fenômeno injetar R$ 90 milhões nos cofres para sanar dívidas e investir de imediato. O acordo prevê, ainda, o aporte de R$ 400 milhões pelos próximos cinco anos.
Embora esteja de chuteiras penduradas, o Fenômeno marcou um verdadeiro golaço com a camisa do clube que o projetou para o mundo há quase 30 anos. A gestão do ex-atacante é responsável por tirar a instituição do amargor de comemorar o centenário da fundação longe da elite, investir em um elenco competitivo e voltar a sonhar com coisas grandes em um futuro próximo.
O trabalho eficiente e com um objetivo muito bem definido em campo são as principais virtudes de um Cruzeiro totalmente renovado. O esquadrão mineiro é, inclusive, o primeiro caso de sucesso desde a implementação dos moldes SAF nos gramados verde-amarelos.
Se Ronaldo organiza fora do gramado, à beira dele, o técnico Paulo Pezzolano é um dos grandes responsáveis pela construção de um time. Ele faz um trabalho diferenciado em comparação aos seis antecessores no cargo após a queda, como Luiz Felipe Scolari e até mesmo o mentor da tríplice coroa do clube em 2003, Vanderlei Luxemburgo.
De Cabuloso a motivo de chacota pelos rivais, a confirmação da volta à Série A encerra um período para lá de complicado pelo lado azul de BH. As três participações consecutivas na segundona fizeram levaram a instituição carregar um recorde negativo. Entre todos os times considerados grandes do país e já rebaixados pelo menos uma vez, a Raposa foi a única a permanecer na divisão de acesso por mais de uma temporada.
O sucesso representa uma sensação de alívio para três temporadas dramáticas. Em 2020, uma punição da Fifa ordenou que o clube começasse a jornada de volta para casa com menos seis pontos. Ao final da temporada, insuficientes 49 pontos foram somados e adiaram o retorno. No ano passado, a situação quase ficou mais complicada. Um segundo turno abaixo levou o esquadrão mineiro a flertar com Z-4 e terminar a campanha na 14ª colocação, a cinco pontos do primeiro time da degola
*Estagiário sob a supervisão de Danilo Queiroz