Ativista, rapper e exemplo de luta por igualdade e representatividade: reconhecido como Sir pela rainha Elizabeth II e cidadão honorário do Brasil. Lewis Hamilton conquistou nada menos do que 103 vitórias, 188 pódios e é o maior campeão mundial de Fórmula 1 da história, com os mesmos sete títulos do alemão Michael Schumacher. Porém, o que fez um dos maiores nomes da história do automobilismo mundial perder a forma impressionante e imparável?
Uma vez ameaçado em 2021, na perda traumática frente a Max Verstappen e à Red Bull, nem o próprio Hamilton nem a Mercedes conseguem seguir o ritmo adequado para lutar por títulos atualmente. Entenda, em detalhes, como se deu o passo a passo para a baixa competitividade de um dos maiores nomes da história da categoria.
Domínio sob risco
Depois do predomínio total da Mercedes no último regulamento, com a introdução dos motores V6 em vez dos V12 anteriores, de 2014 a 2021, a construtora alemã não perdeu um ano sequer no mundial de equipes. Hamilton não foi vencedor do campeonato apenas em 2016 (no único título do já aposentado Nico Rosberg) e em 2021, após perder para Max, em Abu Dhabi.
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Pilotando um carro dominante, Hamilton foi raramente incomodado durante todo esse período por outras escuderias, salvo uma leve pressão da Ferrari em 2018 e 2019, ambas sem força por conta de problemas dentro do time de Maranello. O inglês se tornou referência e história dentro da categoria, com performances que tornaram a Fórmula 1 previsível quanto ao vencedor de seus GP’s. Este cenário, para a tristeza do Sir e dos seus fãs, estaria próxima do fim em 2021.
12/12/21
Chegando ao último Grande Prêmio do Brasil, o inglês se via em ascensão na luta pelo campeonato contra Verstappen, na antepenúltima etapa do campeonato. É fato que o holandês venceu e liderou voltas mais do que a soma do grid inteiro no ano passado, mas a ascensão do heptacampeão colocou o tempero que a temporada esperava, com um equilíbrio que não se via, pelo menos, desde a batalha entre Sebastian Vettel e Fernando Alonso, em 2012, considerando confronto entre pilotos de equipes diferentes.
Largando com penalizações nas duas corridas daquele fim de semana em Interlagos, Hamilton viveu uma das melhores provas da vida dele, incluindo um mano a mano com Max na reta oposta. Naquele dia, também ficou na memória a réplica do gesto de seu ídolo de infância, Ayrton Senna, ao carregar a bandeira brasileira depois do fim da corrida, em pleno autódromo paulistano. Ele fez o mesmo em Silverstone com a flâmula britânica meses antes, após ter tirado Verstappen da corrida com a histórica batida na curva Copse.
De forma polêmica e discutível, porém, o título ficou com o piloto da Red Bull, após decisão da direção de prova com o safety car em Abu Dhabi, com o choque de Nicholas Latifi. Visivelmente abalado com o que aconteceu naquele dia 12 de dezembro, Lewis sumiu do mapa e por um bom tempo não fora visto, até reaparecer nas redes sociais.
Mudança de regulamento
Já em 2020, com o caos da pandemia, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) havia anunciado a mudança de vários pontos do regulamento a partir de 2022. Algumas equipes se concentraram em fazer uma espécie de temporada de transição em 2021 e a ideia deu certo para a Red Bull, que vinha em ascensão e aplicou uma aerodinâmica minimalista e um motor Honda capaz de bater a qualquer um na pista, enquanto a Mercedes teve, desde então, apenas o próprio motor com trunfo, por ser um carro complicado ao cortar o ar.
Na atual temporada, os rivais austríacos dobraram o predomínio e a equipe alemã segue na parte alta do pelotão, mesmo sendo ofuscada pela Ferrari na briga direta. Visivelmente incomodado no último GP da Bélgica, Hamilton afirmou à repórter Mariana Becker, de forma curta, que o carro está lento. Na corrida do último fim de semana, o britânico bateu em Fernando Alonso no fim da reta após a curva Radillon e não completou a prova com danos no carro, tendo subido pelo menos três metros com as rodas traseiras após o toque com o espanhol.
A nova geração inglesa
Além da queda no rendimento do conjunto da Mercedes, o fator físico é outro ponto que interfere na performance de Hamilton: a Fórmula 1 está mais física do que nunca e torna-se ponto fundamental para suportar carros tão potentes na atualidade. Pilotos de várias nacionalidades, além de Verstappen, merecem destaque nessa nova safra que valoriza o trabalho de força, como o monegasco Charles Leclerc e os franceses Pierre Gasly e Esteban Ocon.
Porém, o fiel da balança acompanha uma riquíssima geração inglesa que ascendeu e veio para comandar o esquadrão britânico na categoria: Alexander Albon (ainda que nascido na Tailândia, foi criado e formado em solo inglês) e o pupilo da McLaren Lando Norris são exemplos.
O principal desafio interno para Hamilton, entre seus compatriotas, é o companheiro de equipe: George Russell guiou uma Mercedes pela primeira vez quando o heptacampeão teve covid-19, no GP do Bahrein (na primeira vitória da carreira de Sergio Pérez) e, desde lá, mostrou que merecia estar na equipe. Em 2022, compartilhando os boxes, o novato na equipe supera o colega por 24 pontos, atualmente: 170 contra 146.
Grande Prêmio da Holanda 2022
Justo em uma pista onde a Mercedes foi inteiramente dominada pela Red Bull e pelo dono da casa, Max Verstappen, na temporada passada, a surpresa da manhã desta sexta-feira (2/9) foi a dobradinha da equipe alemã no primeiro treino livre do fim de semana: Russell bateu Hamilton (dois décimos mais lento) com o tempo de 1:12.455 na pista curta de Zandvoort. No segundo treino, liderado pelas Ferraris de Leclerc e Sainz, Hamilton foi terceiro e Russell, quinto.
Passados os dois treinos livres restantes, um hoje e o outro amanhã, as coisas passam a ter valor na classificação, que começa às 10h. A corrida deste domingo começa no mesmo horário, considerando o fuso de Brasília, com transmissão da Band. As demais atividades da categoria no fim de semana têm transmissão do Bandsports.
*Estagiário sob a supervisão de Vinicius Nader