Uma promessa que há muito tempo se tornou realidade para o esporte brasileiro. Determinado a entrar para a história do tênis de mesa do país, Hugo Calderano não se intimida com o domínio chinês na modalidade. Trabalha firme e busca o espaço dele entre os melhores do mundo. Aos 26 anos, é o atual número 5 do ranking internacional. Coleciona títulos importantes e desponta como o maior mesatenista do país, alcançando o posto que pertencia ao xará Hugo Hoyama.
Em 2022, Calderano vive um dos melhores momentos da carreira. Depois de alcançar o terceiro lugar no ranking mundial, ele confirmou o status de melhor mesa-tenista do Brasil e das Américas e furou o domínio chinês. Títulos como o do Circuito Internacional WTT Contender Túnis, na Tunísia, reforçam a ideia de que o brasileiro segue focado em conquistar a primeira medalha olímpica do país no tênis de mesa. No bate-papo com o Correio, Hugo fala sobre as expectativas para a sequência do ciclo que visa Paris-2024, mudanças de ares e outros assuntos.
Aperfeiçoamento
Venho em uma evolução constante. Nos campeonatos mundiais, primeiro fiquei entre os 128 melhores, depois entre os 64, passando pelos 32 até conseguir passar das oitavas de final e das quartas. É importante evoluir. Acredito que consegui me manter no topo bastante tempo. Estou tendo mais chances de brigar por medalhas importantes em mundiais e olimpíadas. É importante estar entre os melhores, pois uma hora a oportunidade aparece e é preciso estar sempre pronto.
Eliminação em Tóquio-2020
Eu estava pronto para conquistar uma medalha. No esporte, sabemos que o adversário também quer ganhar e fará de tudo para isso. Naquele dia, faltou alguma coisa. É até difícil explicar, mas foi algo relacionado a parte física, porque foi um jogo agressivo. Agora, estou focado para aguentar a intensidade dos jogos e observo os resultados. Na parte mental, fiquei ainda mais motivado para continuar treinando para conquistar resultados melhores.
Ciclo olímpico curto
É bem engraçado pensar que só faltam dois anos para o início da Olimpíada. Quando estivermos mais próximos sentiremos ainda mais. O tempo passa voando e não temos tempo a perder. O trabalho precisa ser feito. É continuar evoluindo, buscar os resultados. No tênis de mesa, a preparação não muda muito. Todo mundo consegue se adaptar, pois haverá muitos campeonatos até lá e é um trabalho contínuo.
Topo do ranking ou medalha olímpica?
Conquistar uma medalha olímpica é o mais importante para mim. É para isso que jogo tênis de mesa, para viver esse momento e ver a torcida e as pessoas ao meu lado jogarem junto. Tudo isso é mais valioso do que alcançar a primeira colocação do ranking mundial. Conquistar a medalha de ouro é o que realmente importa.
Agenda cheia
Estou bem tranquilo. Acho que o trabalho foi feito. Estou bem preparado para todas as competições. Fisicamente, será muito importante. Farei três semanas de jogos no Japão e depois o Mundial por equipes, além de duas competições na China e o Pan-Americano no Chile. Vai ser muito cansativo e difícil, principalmente pelas viagens. Estou bem animado para as competições e pela estreia no novo clube (Kinoshita Meister Tokyo, da T-League, tetracampeão da competição).
Nova fase no Japão
A liga japonesa é relativamente nova, começou há pouco tempo e tem alguns jogadores muito fortes. Mas, em termos de nível, ela não é mais forte que a Bundesliga ou Champions League. O principal será sentir como é o tênis de mesa no Japão, um país tradicional, com fãs apaixonados pelo esporte. A experiência vai ser muito boa.
Cada vez mais experiente?
Com toda a certeza. O tênis de mesa tem muitos atletas jovens e é um esporte que permite aos competidores atuarem por muitos anos. Ainda sou jovem, talvez consiga jogar por mais uns 15 anos, apesar de não saber como meu corpo e mente vão se comportar. Vivi bastante coisa no tênis de mesa, estou no top 10 mundial há quatro anos e agora penso que estou perto do meu auge.
O trabalho está no rumo certo?
Para seguir me mantendo no topo por tanto tempo, preciso ter regularidade e conseguir vários bons resultados. Acredito que o principal é conquistar novos títulos e medalhas nos eventos mais importantes. A regularidade é muito importante para agarrar a oportunidade quando ela surgir.
Império chinês
A China domina bastante o tênis de mesa. Os asiáticos são fortes, mas conseguimos competir. Os chineses têm ganho praticamente todas as medalhas de ouro olímpicas e mundiais nos últimos anos. Acho que, para conseguir uma medalha de ouro nas Olimpíadas, preciso ganhar de um chinês. Esse é o meu principal objetivo.
Existe segredo para o sucesso?
Todos esses anos morando fora, principalmente na Alemanha, adquiri bastante experiência e aprendi muita coisa. Acredito que o importante é ter na cabeça que o processo muitas vezes é mais importante que o resultado. Gostar daquilo que faz, se divertir todos os dias e se sentir bem com as pessoas à sua volta é muito importante. Você acaba treinando e evoluindo muito mais quando faz o que gosta.
Gênio do cubo mágico
O cubo mágico sempre foi um hobbie para mim. Mas, de certa forma, ele tem me ajudado um pouco no tênis de mesa. Acredito que qualquer atividade diferente que você faça nesse sentido (de concentração) pode te ajudar de alguma forma, seja na coordenação motora ou para abrir um pouco mais a mente.
Guerra na Ucrânia
Comecei bem no clube, ganhando todas as minhas partidas, mas aí a guerra começou e rescindi meu contrato. O conflito não me afetou diretamente, porém é sempre muito difícil ver o que está acontecendo, principalmente por eu estar jogando em um clube russo à época (Fakel Gazprom Orenburg). Apesar de treinar na Rússia e jogar na Alemanha, isso me afetou e dificultou um pouco a preparação para as competições em meio à incerteza.
Frieza dos adversários
Os chineses são realmente bem fechados e não costumam conversar e se abrir muito para os estrangeiros. Os europeus, coreanos e até mesmo os japoneses são um pouco mais tranquilos, se comunicam mais. É claro que em uma competição todos ficam concentrados e não há tempo para conversas e brincadeiras.
Vida privada
Gosto bastante de praticar outros esportes. Sempre que estou de férias, gosto de jogar basquete, vôlei e tênis. Também acompanho bastante as outras modalidades, além de jogar xadrez, tocar violão. Sempre tem alguma coisa diferente para fazer.
Pandemia
Acho que todo mundo amadureceu ou aprendeu alguma coisa nova. Eu aprendi a tocar violão e ukelele. A pandemia atingiu todo mundo e continua afetando. Com certeza, sou um pouco diferente do que era.
Referência
Rafael Nadal. Ele é um cara que admiro bastante, por tudo o que faz no tênis, a vontade que tem de continuar jogando e ganhando com toda a resiliência. Ele sempre acha forças, a gente não sabe de onde, para conseguir dar a volta por cima após tantas lesões. Admiro bastante, até porque joga um esporte parecido com o tênis de mesa.
Fãs de Brasília
Quero agradecer a todos que torcem sempre por mim. É bom ter essa energia.
*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima
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