SELEÇÃO BRASILEIRA

Tite faz revelações sobre lista da Seleção, Atlético e elogia Cruzeiro

Ao Superesportes, Tite falou da expectativa para a convocação da Copa, revelou nomes visados, os monitorados do Galo e elogiou time do Cruzeiro

Em entrevista exclusiva ao podcast Superesportes Entrevista, o técnico Tite e o analista de desempenho da Seleção Brasileira, Bruno Baquete, falaram da expectativa para a convocação de 26 nomes para a Copa do Mundo do Catar.

O comandante da Seleção revelou que ainda não tem nem sequer 20 convocados definidos, mas que acompanha bem de perto 45 atletas para o Mundial.

"Temos 45 (nomes), acompanhando de uma forma mais direta, mas também a gente não fecha os olhos. Também não fico segurando nome nenhum, até pelo reconhecimento dos atletas que estão trabalhando comigo. Por exemplo, entrou (nessa lista) o Gilberto, lateral-direito do Benfica, que está numa grande temporada. Temos três ou quatro nomes em cada função. Com a evolução e o desempenho técnico de cada um, a gente traz esses 55 nomes", explicou.

Os 55 nomes citados pelo treinador são os da lista provisória a ser enviada à Fifa.

"Em relação à lista desses 26, se eu disser (que tenho 20 definidos), talvez seja demais", completou Tite.

O treinador ainda revelou em primeira mão ao Superesportes os nomes do Atlético que estão em seu radar para formação da lista e se o momento do time de Cuca no Campeonato Brasileiro pode ou não interferir nas convocações.

Em relação ao Cruzeiro, líder disparado da Série B, Tite e Bruno Baquete elogiaram muito o trabalho do técnico uruguaio Paulo Pezzolano à frente do time. O comandante brasileiro ainda revelou torcida para que Ronaldo tenha muito êxito à frente da SAF celeste.

A menos de três meses para a Copa, o quanto mexe emocionalmente com vocês dois, Tite e Bruno Baquete, a expectativa de formular essa lista de convocados com 26 nomes?

Tite: Claro que humanamente, quando vou para casa, quando vou me deitar, eu viajo imaginando o primeiro o jogo, as circunstâncias, mas aí eu dou um passo atrás de novo e penso que um bom trabalho que vai ser realizado lá na frente vai depender de quantos bons trabalhos diários nós fizemos. Até para ter, naquele momento definido, de uma convocação final, ter um senso de justiça e um acompanhamento maior. E esse lado humano interfere muito, porque eu sei quantos atletas estão trabalhando para chegar, esses 55 atletas, daqui a pouco, com diferentes opiniões, possam estar. A gente quer ter um senso de Justiça, um acompanhamento bastante grande, para depois decidir.

Bruno Baquete: Bom, a sensação é de fazer o melhor todo dia. Uma coisa que dá um pouco mais de tranquilidade é fazer um ciclo completo, ter a oportunidade de ver esses atletas ao longo de todo esse processo de quatro anos e estabelecer conexão com todos esses atletas. Além de ver e analisar todos esses atletas, a gente também tem o contato com eles. Então, a gente busca o tempo todo ter informação deles, também dar o feedback para eles, para que eles estejam no melhor nível possível, para quando chegar na lista final - acredito que vai ser uma reunião bem longa, né professor, para chegar aos 26 nomes -, e estar em paz, fazer a lista o mais justa possível, em cima de todas essas informações.

Tite, dessa lista de 26 nomes da Copa, você tem mesmo 20 nomes definidos, que seriam 80%? Restam apenas seis nomes para a lista final? E da lista provisória de 55 nomes, todos estão definidos?

Essa lista de 55 nomes, sim, Temos 45, acompanhando de uma forma mais direta, mas também a gente não fecha os olhos. Também não fico segurando nome nenhum, até pelo reconhecimento dos atletas que estão trabalhando comigo. Por exemplo, entrou (nessa lista) o Gilberto, lateral-direito do Benfica, que está numa grande temporada. O Fábio Mahseredjian e o Matheus Bachi acabaram de falar com o Roger Schmidt, técnico do Benfica, já tenho relação com ele há algum tempo a respeito do desempenho desses atletas. Do Gilberto, do David Neres, da recuperação do Veríssimo. Nós estamos acompanhando para deixar esse panorama todo, esse grupo de atletas preparado para que possam vir dentro da necessidade. Temos três ou quatro nomes em cada função. Com a evolução e o desempenho técnico de cada um, a gente traz esses 55 nomes.

Em relação à lista desses 26, se eu disser que tenho 20 (definidos), talvez seja demais. Mas que há sim uma espinha dorsal, uma base montada, sempre sabendo que dessa base montada, até a experiência passada, nós perdemos o Dani Alves machucado, o Neymar esteve muito próximo de não ir à Copa, pois estava em processo de recuperação. O Renato Augusto se machucou, o Douglas Costa tinha se machucado na última convocação também. Então, tomara que não aconteça, mas temos que estar preparados para qualquer lesão que possa acontecer.

Ao contrário de 2018, quando chegou à Copa em baixa após uma lesão, Neymar vive um momento muito bom neste início de temporada. Como tem sido seu trabalho mental com o atacante? Com que frequência vocês conversam e como têm sido essas conversas?

Nós temos conversado com todos os atletas sim. Essa preparação é diferente da Copa anterior por um fator. Diferentemente da outra, quando nós tínhamos 27 dias de preparação até o primeiro, dessa vez nós temos dez dias de preparação. O que isso acarreta? Se o atleta não estiver na sua melhor condição clínica ou se não estiver numa condição física boa, das duas uma: ou ele não é convocado ou o desempenho dele vai estar baixo. Não vai ter meias palavras. Eu lembro que essa foi uma mensagem que eu ouvi dos atletas no final da Copa América, quando Alisson falou, Thiago Silva falou, Neymar falou, Juninho falou. Está sendo muito duro ser derrotado agora na final da Copa América, mas vamos comer a massa agora porque temos uma preparação, ali na frente vai ter a Copa do Mundo. Que é o objetivo inicial chegar na final. Depois, o sonho é da conquista. Então, essa conscientização também partiu deles. E claro que ficamos toda hora alimentando essa preparação, essa grande preparação.

Como você avalia os momentos de ascensão de nomes como Gabriel Jesus, agora no Arsenal, e Pedro, do Flamengo? Já dá para cravar que Pedro é um nome certo para a lista de setembro?

Tite: Eu quero ter a devida justiça de falar de todos eles, porém cada etapa tem um nome que mais está na mídia em função do bom desempenho naquele momento. Por que estou falando isso? Porque foi o Hulk ali atrás que estava arrebentando. O momento seguinte, agora, é do Pedro. Antes foi do Barbosa (Gabriel Barbosa, o Gabigol). O Gabriel Jesus não vinha jogando frequentemente de 9 no City e agora está (no Arsenal). O Firmino está retomando uma titularidade (no Liverpool), dando uma sequência, porém com características diferentes.

Se olhar o Hulk e se pegar o Gabriel Barbosa, você vê que tem uma similaridade deles de origem, são jogadores que vieram de lado de campo, e que vieram para dentro. São jogadores de movimentação. Não dá para querer que eles sejam Fred, entre aspas, digo a característica do Fred. Quem é Fred? Pedro. É o jogador da bola aérea, da tabela curta, da inteligência, do um-dois, numa infiltração. Richarlison ataca o espaço. O que temos como ideia? Ter jogadores com diferentes características daquilo que estrategicamente o que o jogo pode pedir

Bruno Baquete: E aí entra todo o estudo que a gente tem dos adversários. Então, hoje a gente tem duas formas essenciais, com externos jogando pelos lados, tem jogadores mais de movimentação por dentro, ou um externo de flutuação com um atacante mais fixo, pode ser mais fixo mesmo ou característica mais híbrida que o professor falou. Inclusive com o Cunha, que também dá essa alternância. Um cara mais fixo, que também tem essa flutuação. Foi muito bem contra a Argentina.

Tite: E acrescento mais. Neymar 9, com liberdade de criação, com Paquetá vindo por dentro, como aconteceu em alguns jogos.

Você falou sobre a possibilidade de vagas abertas ainda para a zaga. Bremer é um nome que te chama a atenção? Quem mais?

Tite: O Bremer está, sim (na lista de observados pela Seleção). Eu não seguro informações, porque também entendo que é um reconhecimento ao trabalho de todos os atletas em alto nível.

É o Bremer, sim, É uma recuperação do Lucas Veríssimo, que jogou muito conosco e já estava fazendo no Santos uma grande campanha. É uma recuperação do Rodrigo Caio. Nós entramos em contato, e eu também, particularmente, com o Diego Carlos, que rompeu o tendão e foi para o Aston Villa.

É, sim, buscar esses atletas e deixá-los preparados, ter aquela relação humana. Eu vou passar por um conflito muito grande quando tiver que definir os 26 convocados pelo lado humano. Sei o quanto cada um deles está trabalhando para que possa ir para uma Copa, que é um sonho.

Então, é para eles, todos esses atletas, se sentirem que estão sendo respeitados de uma forma humana, que a escolha vai ser em cima de detalhes técnicos, mas sempre com esse lado preservado. E falando com esses atletas anteriormente, no caso, o Diego Carlos por ter machucado. Ele, alijado da oportunidade de brigar, disse: ‘Pô, professor, um abraço. Estou me recuperando aqui e vou estar torcendo’.

Então, é estabelecer esses vínculos, assim como os com outros atletas que possam surgir. O Nino, que agora não está em seu melhor momento, mas estamos acompanhando. Esses atletas que têm essa capacidade técnica de estar aqui nessa lista larga e de estar conosco. Não sei se esqueci de algum nome.

Bruno Baquete: Felipe, que pode estar eventualmente também.

ATLÉTICO

Trazendo um pouco a conversa para Minas Gerais, o momento instável do Atlético na temporada pode prejudicar a presença do Arana na Copa? Numa entrevista recente, você tratou Arana como um lateral “híbrido”. O que significa isso exatamente?

Tite: Falando a respeito do Arana. Se eu pegar, quais foram os dois jogos mais importantes do Atlético este ano? Foram os dois enfrentamentos com o Palmeiras (pela Libertadores). Certo? Se nós elencarmos, foram dois jogos extremamente iguais. Então, o desempenho do Atlético não prejudicou em nada o Arana, porque o Atlético jogou muito nos dois jogos. O Palmeiras jogou muito nos dois jogos.

Então, o desempenho dele foi de alto nível, inclusive no jogo do Palestra (Allianz Parque)... Ah, não foi o seu melhor? Ele teve um desgaste físico, porque estava retornando. Mas as construções do Atlético estavam essencialmente com ele.

O que eu falo do Arana ‘híbrido’? O Arana é um jogador adaptado a uma função que tem uma qualidade, uma capacidade defensiva, e que também não fica fora de lugar quando está numa ação mais adiantada, mais ofensiva. Se precisar dele numa construção, ele tem bom pé, tem uma boa qualidade de passe.

Vou te dar um exemplo. A maioria das jogadas de perigo que aconteceram do Atlético, inclusive aquela bola do primeiro pau para o Kardec - fiquei na dúvida se foi o Kardec ou o zagueiro -, que tocou e ela dá no pau, no jogo contra o Goiás, foram cruzamentos criados pelo lado esquerdo, com o Arana.

Depende da análise dos jogos. Que ele não está com aquela mesma frequência de jogos de anteriormente com o Atlético, sim. E pode interferir no desempenho do atleta, sim. Mas especificamente nesses grandes jogos, não está interferindo muito no Arana, não.

Bruno Baquete: No jogo contra o Palmeiras em Minas, eu e o Matheus (Bachi, auxiliar da Seleção) fomos. Ele (Arana) acabou sentindo (uma lesão), não estava na partida. A gente conversou com ele e viu que é um atleta extremamente comprometido.

Ele falou: ‘Estou fazendo tratamento de manhã, à tarde e à noite para ver se eu jogo o jogo da volta’. E esse jogo da volta foi o que o Tite citou, em que ele estava retornando e, mesmo assim, fez um grande jogo. A gente também avalia esse comprometimento do atleta com o próprio desempenho dele e a gente vê que o Arana tem muito disso.

Hulk ainda está no seu hall de observados ou tem menos chance por ter característica parecida a outros observados e viver hoje um momento de baixa, bem diferente de 2021?

Tite: As pessoas que nos ouçam que não editem só uma parte da resposta, mas que elas entenda o contexto do que vou falar agora. Se a cada semana, a cada três jogos, for fazer a Seleção Brasileira, ela modifica a cada 15 dias. Então, as construções de uma convocação não podem ser sobre os últimos 15 dias ou nos últimos dois meses, que o Atlético não está… Ela é uma construção inteira.

O Hulk estava, por exemplo, no banco, com possibilidade de utilização importante, contra a Argentina, que foi o jogo suspenso. Ele foi convocado naquele jogo. Então, isso tudo é para dizer e demonstrar através de atitudes que está, sim. E que claro que, retomando o melhor momento, porque o Atlético tem todas as condições de retomar, ele vai ter a condição de estar brigando nesse hall de 55 atletas. Especificamente, está, sim.

Falando desse hall de 55 atletas, que vocês têm que entregar à Fifa até outubro. Além de Arana e Hulk, tem mais algum jogador do Atlético entre os observados de perto pela comissão técnica da Seleção?

Tite: O Everson nós conversamos também e acompanhamos a trajetória, o bom momento dele. Eu, particularmente, gosto do Nathan (Silva) também. Vejo nele um jogador com possibilidade de crescimento. Ele tem todas as ferramentas físicas de um grande atleta. Fora Allan e Jair, que toda hora a gente fica falando. Tem essa busca.

Eu digo que a diferença de um setor para outro são as concorrências. Quando a gente pegar, por exemplo, o ponta agora… É difícil, não é? Eu gosto do Keno. Acho que é um jogador que desequilibra. Se botasse no ‘Titês’, para brincar um pouquinho, é um externo desequilibrante (risos). Ele desequilibra mesmo. É um contra um dele, quando tem inversão e ele acelera, tu não vai buscar… Se eu fosse lateral, tivesse uma inversão e ele embalasse, eu ia correr para trás: ‘Pô, vem alguém me ajudar aqui’ (risos).

Então, são jogadores de alto nível. As pessoas têm que compreender que a gente está, sim, (observando), mas que às vezes concorrências nos setores são maiores, às vezes não. Tem o momento de cada um… Pontas e ‘noves’ com características diferentes… Veio agora uma safra de pontas… Fazendo uma referência a Jô Soares: eu ia ouvir alguma crítica dele, mas ‘bota ponta na Seleção’ eu não ia ter, porque está cheio, cara.

CRUZEIRO

Líder disparado na Série B, o Cruzeiro do Pezzolano te chama atenção de alguma forma?

Tite: Claro que sim (chama atenção). O grande trabalho do Pezzolano, o grande trabalho do Ronaldo. Eu não tenho, por exemplo, condições de avaliar o que é uma SAF, se ela é melhor ou não. Não tenho uma gama de conhecimentos, não quero emitir conceito. Mas o profissionalismo do futebol, nos diversos níveis, tem que melhorar cada vez mais. Me parece tornar-se um clube-empresa é um grande passo para isso.

Claro que tenho acompanhado o Cruzeiro, está sobrando, vi o 2 a 2 contra o Grêmio, um grande jogo. Esse jogo apoiado, com qualidade, com marcação alta. Às vezes as pessoas colocam que não gostam de usar o termo intensidade, porque ele está meio desgastado, toda hora repetido. Como se intensidade fosse sinônimo de bom jogo. Você pode ter intensidade e o jogo ser ruim pra caramba. Porque intensidade é um atributo físico. Só velocidade não vai jogador. Mas tendo qualidade e estando associado a um jogo apoiado, sim. Ele tem essa característica e tem batido com vitórias. Ele tem vencido alguns jogos a partir da metade do segundo tempo, mostrando uma equipe determinada, de alma, com maior identificação.

Bruno Baquete: É uma equipe muito competitiva, que se mantém em alto nível durante toda a partida. Vem mantendo esse nível alto ao longo dos jogos. É uma equipe que oscilou bem pouco. Fazendo até um parêntese. A gente treinou no CT do Cruzeiro, a gente foi super bem recebido. Também no Atlético. A gente treinou nos dois CTs. A gente sempre foi muito bem tratado. A gente torce para que o Cruzeiro volte e que os dois estejam em alto nível, porque faz bem para o nosso futebol ter essas equipes organizadas e estruturadas.

É possível observar a Série B com profundidade? Ano passado, em uma entrevista, você mencionou o nome do Chay, então no Botafogo. Nesta edição, por exemplo, é possível perceber algum talento específico?

Tite: Predominantemente, não. Predominantemente, estamos buscando aquele hall (superior). Agora, eu tenho acompanhamento de grandes profissionais, por quem eu torço. Eu torço também por pessoas. Torço por Ronaldo, torço por Roger Machado. É inevitável. Porque há uma identificação, uma gratidão, enfim. Tenho acompanhado na medida do possível.

Quando eu falei do Chay (em 2021), eu coloquei do jogador com a característica do meia centralizador que estava em bom desempenho. Naquele momento do Botafogo, o Chay estava com destaque dentro da equipe. Estava retomando. Uma recuperação com o Enderson Moreira, que fez um grande trabalho, retomou para ser campeão da Série B. Teve o Chay como um dos pilares. O acompanhamento, sim, mas também as concorrências.

Me lembro que citei o Raphael Veiga no momento, assim como o Scarpa agora, está fazendo um grande campeonato. São jogadores parecidos. Everton Ribeiro, Neymar, Couto, Paquetá. A gente acompanha (a Série B), mas não na mesma frequência.

VITOR ROQUE

Tivemos um talento nascendo em Minas Gerais recentemente, que agora está no Athletico-PR, que é o Vitor Roque. O que vocês podem falar sobre esse jogador, especificamente, o que observam de tão especial neste jogador, que pode estar numa próxima Copa do Mundo?

Tite: A comissão técnica e o Bruno têm contato direto com os técnicos das categorias de base e serve aqui para eu valorizar o trabalho deles. Há uma integração de técnicos na Seleção Brasileira. Estamos utilizando atletas que, nas duas seleções olímpicas, hoje estão conosco. Quando a gente fala de (Rogério) Micale, Guilherme (Della Déa), Paulo (Victor Gomes), estão em Corinthians e Palmeiras, Jardine e Ramon, agora… O Ramon falou maravilhas.

Lembrei do comentário do Ramon de um jogo que ele (Roque) fez contra o Atlético. Vitor Roque finta para dentro, tira, balança e chapa. A bola vai na asa. Vai, puxa fundo, tem um cruzamento, ele antecipa no primeiro pau, caixa. Pô, esse moleque tem seis marchas. Ele é muito rápido. É um torque. Ele já tem um biotipo de um atleta já maturado, fora as virtudes técnicas. Que impressiona, impressiona.

Bruno Baquete: Jogador corajoso. Fez o gol da classificação do Athletico-PR na Libertadores. A gente tem acompanhado, visto que ele tem entrado aos poucos. É um cuidado com um atleta tão jovem, que tem o peso de ser a maior contratação do Athletico-PR. Todo esse entorno é importante para daqui a pouco não criar uma expectativa muito cedo. Muitos atletas, hoje, que estão conosco, fizeram todo o processo de base. Todo o processo de Olimpíada. Isso vai dando base para o jogador não sentir tanta pressão quando chega na (seleção) principal.

ESPORTE X POLÍTICA

Tite, é ano de Copa do Mundo e eleição presidencial. Historicamente, a Seleção Brasileira foi muito utilizada politicamente. De que maneira você pessoalmente pretende lidar com essa questão? Em caso de hexa, visitaria o presidente (qualquer que fosse) em Brasília?

Tite: Eu vejo a Seleção Brasileira como um patrimônio cultural e esportivo. Eu fui educado através do esporte. Eu coloco uma história, agora, falando para vocês, não para ser herói de alguma coisa, mas tampouco para me dramatizar. Apenas para fazer algumas conexões que a gente acha importante, que na vida das pessoas que estão nos ouvindo elas tenham essa condição de ter também esse processo. Eduque através do esporte. Competitividade com lealdade, superação, busca de vencer - não a qualquer custo. Disciplina, o esporte te dá. Eu fui criado assim. Meu pai me criou assim.

Eu sou filho de um italiano que muito pouco falava comigo. Eu conseguia ter comunicação com meu pai através do esporte. É uma coisa tão bonita. Ela transcende. Eu quero fortalecer as pessoas que pensam desta forma e entender que esse é o canal de comunicação do esporte. Essa é a Seleção Brasileira porta-voz. Isso que eu devo fortalecer.

Mas você iria para Brasília ou não está nos seus planos?

Eu, particularmente, nem na ida, nem na volta, nem ganhando e nem perdendo. A mesma resposta que dei há cinco anos. Algumas coisas a gente reformula, reformata, não temos a mesma opinião o tempo todo. Mas essa permanece inalterada.

Deixe uma mensagem final aos torcedores, por favor, Tite.

Tite: Muito obrigado pelo espaço. Toda vez que a gente tem a oportunidade de passar informações, nós nos sentimos felizes porque, sobre uma informação e um dado, há uma opinião de vocês. Aí as coisas ficam mais claras. Não tem fake news, não tem disse que me disse, não tem um terceiro que falou. Quando a mensagem é limpa, tudo fica melhor. Tomara que a gente tenha muito mais competência do que sorte.

Bruno Baquete: Foi um bate-papo muito legal, foi um prazer falar com vocês e falar um pouco do que a gente faz aqui na Seleção Brasileira.

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