Outrora vendida como o campeonato “mais democrático” do futebol nacional, a Copa do Brasil é, atualmente, lembrada como um torneio milionária, sobretudo remetido às ricas premiações recebidas por clubes classificados para fases agudas da competição. Além da vaga para a Libertadores, de 2023, o campeão ganhará R$ 60 milhões: premiação recorde na história da competição.
Levando em consideração as fases iniciais, times como Brasiliense e Ceilândia, ambos representantes do Distrito Federal na edição deste ano, não lucraram sequer 10% do valor embolsado pelo campeão por haver chegado à terceira fase, na qual entram os times da Libertadores. O Correio Braziliense faz a seguir um balanço histórico sobre a dinâmica da Copa do Brasil na fase semifinal no período de 2004 a 2022.
2004-2010: A imposição entre copas
Neste período, em regra acordada entre a CBF e a Conmebol, clubes que participavam da Libertadores não podiam competir na Copa do Brasil no mesmo ano. Esta foi justamente a época em que alguns clubes modestos se sagraram campeões nacionais pela primeira e única vez, compartilhando espaço com outras agremiações tradicionais e históricas do país.
Campeões: Santo André (2004), Paulista (2005), Flamengo (2006), Fluminense (2007), Sport (2008), Corinthians (2009) e Santos (2010)
Finalistas: Flamengo (2004), Fluminense (2005), Vasco (2006), Figueirense (2007), Corinthians (2008), Internacional (2009) e Vitória (2010)
Semifinalistas: 15 de Novembro-RS (2004), Vitória (2004), Cruzeiro (2005), Ceará (2005), Ipatinga (2006), Fluminense (2006), Brasiliense (2007), Botafogo (2007 e 2008), Vasco (2008 e 2009), Coritiba (2009), Grêmio (2010) e Atlético-GO (2010)
2011-2017: O princípio dos calendários cheios
Com o fim do veto ao clubes da Libertadores, os principais times brasileiros voltavam à Copa do Brasil e tinham, consequentemente, mais datas a cumprir. O efeito prático da libertação começou a ser sentido em 2014. O Atlético-MG foi o primeiro campeão na mesma temporada em que disputava a Libertadores. Desde então, apenas o Palmeiras de 2015 tinha a Copa do Brasil como único campeonato de mata-mata no seu calendário e conseguiu o título.
Campeões: Vasco (2011), Palmeiras (2012 e 2015), Flamengo (2013), Atlético-MG (2014), Grêmio (2016), Cruzeiro (2017)
Finalistas: Coritiba (2011 e 2012), Athletico (2013), Cruzeiro (2014), Santos (2015), Atlético-MG (2016) e Flamengo (2017)
Semifinalistas: Avaí (2011), Ceará (2011), Grêmio (2012, 2013 e 2017), São Paulo (2012 e 2015), Goiás (2013), Flamengo (2014), Santos (2014), Fluminense (2015), Cruzeiro (2016), Internacional (2016) e Botafogo (2017)
2018-2022: A copa de milhões
Em outubro de 2017, a Copa do Brasil havia anunciado a maior premiação para um campeão do torneio: R$ 50 milhões. Apenas o América-MG (2020) e o Fortaleza (2021) pisaram a penúltima fase da competição (parando por aí) sem estar na Libertadores. Isso prova a supremacia dos clubes de melhor desempenho financeiro em lutar pelo título de uma copa tão milionária.
Campeões: Cruzeiro (2018), Athletico-PR (2019), Palmeiras (2020) e Atlético-MG (2021)
Finalistas: Corinthians (2018), Internacional (2019), Grêmio (2020) e Athletico-PR (2021)
Semifinalistas: Palmeiras (2018), Flamengo (2018 e 2021), Grêmio (2019), Cruzeiro (2019), América-MG (2020), São Paulo (2020) e Fortaleza (2021)
Para este ano, restaram apenas quatro participantes de 92 iniciais: dos semifinalistas, apenas o São Paulo jogou a Copa do Brasil desde o princípio. De inclusiva, geral e democrática, a Copa do Brasil passa a ser, ano após ano, uma copa de elite, uma copa exclusiva para os ditos clubes grandes.
*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima