A coleção de títulos nacionais e internacionais do São Paulo é vasta: três Libertadores, seis Campeonatos Brasileiros, incluindo o único tricampeonato consecutivo da competição, uma Copa Sul-Americana... Porém, o torcedor tricolor tem a sensação de que, mesmo com o riquíssimo repertório, falta um troféu na vitrine.
O São Paulo jamais conquistou a Copa do Brasil. São 21 participações frustrantes em 33 edições do segundo torneio mais importante do país. Alguns argumentos justificam o tabu, como, por exemplo, a ausência em sete edições por jogar a Libertadores. Houve uma época em que, quem disputava a competição continental ficava fora do mata-mata nacional. Era assim justamente em um dos períodos mais vitoriosos da história do clube.
No dia em que o São Paulo enfrenta o América-MG, às 21h, no Independência, em Belo Horizonte, depois de vencer por 1 x 0 na ida, no Morumbi, o Correio Braziliense aponta cinco razões para para o jejum do São Paulo na Copa do Brasil e a obsessão do clube pela conquista inédita.
Havia um Cruzeiro no caminho
A maior explicação para o tabu do São Paulo na Copa do Brasil vem da final disputada na virada do século: em confronto apertado no ano 2000, a equipe comandada por Levir Culpi foi ao Mineirão após ter empatado com o Cruzeiro sem gols, no Morumbi. Em partida perigosa dos dois lados, o São Paulo até saiu na frente após o gol de falta de Marcelinho Paraíba, com 20 minutos do segundo tempo.
A 10 minutos de ser campeão do torneio pela primeira vez, Fábio Júnior teve grande oportunidade dentro da área e não desperdiçou. Empatou o jogo para a equipe celeste. Perto do fim da partida, justo aos 45, Geovanni bateu falta e um desvio na barreira, matou Rogério Ceni no lance, tirou o título dos tricolores e brindou a Raposa com o tricampeonato.
Boicote
O maior argumento do torcedor são-paulino relativo à falta do título da Copa do Brasil é atribuída a uma regra do passado, que impedia os times brasileiros participantes da Libertadores de competir paralelamente na Copa do Brasil. Neste período, o torneio ficou conhecido como o mais democrático do do país pelas oportunidades que time de menor expressão tinham de ser campeão. O veto valeu de 2004 a 2010 e beneficiou campeões como surpreendentes como Santo André (2004), Paulista (2005) e Sport (2008).
Esta época é motivo de orgulho para os tricolores pelas conquistas em outros campeonatos: em 2005, o time do Morumbi ganhou a LIbertadores, foi ao Japão encarar o Liverpool de Gerrard, comandado por Rafa Benítez. conseguiu sercoroado tricampeão mundial. Em seguida, viria um recorde pelo Campeonato Brasileiro em 2006, 2007 e 2008, tornando-se o único tricampeão de forma consecutiva na história do futebol nacional.
Glórias passadas
Com o fim da regra que impedia a participação na Libertadores e na Copa do Brasil ao mesmo tempo, o São Paulo voltou a jogar o torneio em 2011: a primeira vez desde 2003. No entanto, o ímpeto geral do time caiu e a competitividade não foi a mesma. Salvo a polêmica Copa Sul-Americana de 2012, o tricolor limitou-se a celebrar um único Campeonato Paulista, em 2021.
A irregularidade de títulos do clube seguiu com polêmicas administrativas nas controversas gestões de Juvenal Juvêncio, Carlos Miguel Aidar, Carlos Augusto Barros e Silva (Leco) e Julio Casares. A decadência tricolor deu espaço para os arquirrivais da cidade Corinthians e Palmeiras. Ambos conquistaram três Libertadores, um Mundial de Clubes, quatro Campeonatos Brasileiros e três edições da Copas do Brasil.
Incompetência nas fases agudas
No Século 21, o São Paulo não conseguiu jogar final da Copa do Brasil. Alcançou, no máximo, as semifinais. Foram quatro eliminações na fase anterior à decisão. Parou em Corinthians (campeão de 2002), Coritiba (vice-campeão em 2012), Santos (vice-campeão em 2015) e Grêmio (vice-campeão em 2020).
A curiosidade é que, nas últimas três eliminações nas semis, o tricolor deixou de ter um Choque Rei na final, já que enfrentaria o Palmeiras nas respectivas decisões. O vizinho da Barra Funda foi a vítima nas oitavas de final com o clássico decidido nos pênaltis e uma heroica classificação no Allianz Parque.
Etapa incômoda
Conhecido como “Time da Fé”, o torcedor são-paulino precisará utilizar dessa virtude ou de outras cabalas para passar desta fase da competição, uma vez que foi a fase em que o time do Morumbi mais caiu. Ao todo, são 11 eliminações: mais da metade das participações, com um total de 53% de eliminações nessa fase.
As campanhas na Copa do Brasil se encerraram nessas ocasiões tanto contra equipes de grande tradição como Cruzeiro e Grêmio, maiores campeões e carrascos do tricolor, com duas eliminações cada um; como para equipes de menor expressão. Casos do Criciúma (1990), Vitória (1997), Goiás (2003), Avaí (2011) e Fortaleza (2021).
O jogo
Longe do Morumbi, onde ganhou a partida de ida por 1 x 0, o time lidará com a pressão do Independência e do América-MG. O Coelho quer igualar a façanha de 2020 e ter a melhor campanha da história. Há dois anos, chegou às semifinais e saiu diante do campeão daquela edição, Palmeiras.
O Tricolor conta com dois desfalques pontuais para esta decisão: suspenso por acúmulo de cartões amarelos, o volante uruguaio Gabriel Neves não estará à disposição de Rogério Ceni, assim como o goleiro Felipe Alves, que vinha sendo titular, mas atuou nesta Copa do Brasil pelo Fortaleza e não poderá jogar pelo São Paulo esta noite.
Além desses nomes, Rafinha, André Anderson, Arboleda, Luan e Caio Matheus integram o departamento médico são-paulino. A novidade deve ser a volta de Jandrei ao gol, detalhe que o técnico tricolor deverá revelar no anúncio da formação inicial.
Escalações prováveis:
América Mineiro — Matheus Cavichioli; Cáceres, Iago Maidana, Eder e Marlon; Lucas Kal, Juninho e Martín Benítez; Pedrinho, Henrique Almeida e Everaldo.
Técnico: Vágner Mancini
São Paulo — Jandrei; Diego Costa, Miranda e Léo; Igor Vinicius, Pablo Maia, Rodrigo Nestor, Igor Gomes (Patrick) e Reinaldo; Calleri e Luciano.
Técnico: Rogério Ceni
*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima