...crer na consolidação
Depois da tempestade, o Flamengo vem ficando cada vez mais próximo da bonança. Em 27 de maio, quando o caminho do mata-mata da Libertadores foi definido, o ambiente no rubro-negro sob o comando do português Paulo Sousa era de incerteza sobre a possibilidade de chegar forte nas fases mais agudas da competição internacional. Dorival Júnior fez o time crescer de produção e, hoje contra o Corinthians, pode dar mais um passo na consolidação da boa fase.
Os resultados cada vez mais consistentes do grupo — além da boa situação na Libertadores, o time rubro-negro vem em crescimento na Série A do Campeonato Brasileiro com cinco vitórias seguidas — fazem a torcida rubro-negra se encher de esperança pela segunda semifinal seguida, mas Dorival não conta como grande vantagem o triunfo por dois gols construído contra o Corinthians na Neo Química Arena. Para o comandante do time carioca, o resultado da ida pode fazer alguma diferença somente nos cinco minutos finais da partida do Maracanã.
"Temos obrigação de fazer um jogo claro e determinado. É um adversário. Nos venceu há 10, 15 dias contra a nossa equipe (1 x 0 pelo Campeonato Brasileiro, com gol contra de Rodinei). Fizemos, sim, um resultado importante, mas o futebol prega muitas peças e não podemos vacilar", advertiu o técnico em entrevista coletiva no último sábado. "Tivemos uma atuação madura, mas apenas uma. Foi apenas uma atuação, ainda temos 90 minutos e precisamos ter cuidado no jogo de volta", prosseguiu.
Na partida de volta no Maracanã, o Flamengo contará, mais uma vez, com casa cheia. A expectativa é de um público de cerca de 65 mil pessoas. Com o apoio da torcida, inclusive, o rubro-negro ainda não tropeçou como mandante na Libertadores. Além da boa fase sob seus domínios, o time carioca conta com uma defesa em grande fase. Provável dupla titular, David Luiz e Léo Pereira estão invictos em quatro jogos e foram vazados somente uma vez. Méritos também para o seguro goleiro Santos.
Autor do primeiro gol da vitória na ida sobre o Corinthians por 2 x 0 — o outro foi de Gabi —, Arrascaeta é outro a crer que o Flamengo vem em direção à consolidação. O uruguaio indicou a boa fase justamente como o caminho. "Com a qualidade, o time tem que brigar por coisas importantes. O nosso vestiário é muito bom. Então, no dia a dia, a gente começou a acreditar nas coisas e fomos evoluindo. Quando você ganha, o ambiente vai ficando ainda melhor. Estamos em uma fase crescente. Temos que continuar no mesmo jeito", ressaltou.
...ter fé na virada heróica
Fé e superação são ingredientes indispensáveis para o Corinthians não somente vencer o Flamengo, mas garantir a classificação e fazer, novamente, história no maior palco do futebol mundial e na Libertadores. A missão de reverter a dolorosa derrota por 2 x 0 no jogo da ida, em casa, pode parecer ingrata, mas, para os milhões de alvinegros Brasil afora, não é impossível. E, para a Fiel, não há lugar melhor para surpreender o adversário rubro-negro e o mundo do que o gramado sagrado do Maracanã.
O primeiro ato do clássico entre os dois times mais populares do país trouxe um choque de realidade ao Corinthians. Embora apareça como o vice-líder do Brasileirão e ainda brigue por vaga nas semis da própria Libertadores e da Copa do Brasil, a equipe comandada por Vítor Pereira está longe de apresentar um futebol que justifique as aspirações e corresponda às expectativas da torcida. Ainda com um futebol pragmático e com lampejos de ofensividade, o time esbarrou em um Flamengo em caminho inverso e em evolução.
E a esperança é mesmo a última a morrer. Embora o prejuízo seja grande, o clima no bastidores do Timão é de muita determinação. Ainda mexido, o time que foi a campo contra o Avaí, pelo Brasileiro, mostrou ser possível crer na recuperação. Após sair atrás na Ressacada, os paulistas encontraram forças para empatar e deram uma demonstração da garra necessária contra o Flamengo em terras cariocas.
"Se não acreditarmos, nem vale a pena viajarmos. O corintiano tem o espírito de superação, caráter, determinação, desistir não é opção. Não temos essa opção. Eu aprendi, antes de chegar, que esse seria o espírito", declarou o técnico Vítor Pereira antes do embarque para a decisão.
O comandante alvinegro trocou o tom de abatimento da derrota na ida para o discurso motivacional às vésperas da batalha derradeira. "Temos que acreditar que podemos fazer um gol e tornar a vida mais complicada para o adversário. Como eles fizeram aqui, temos a possibilidade de fazer lá", analisou o português.
Em mais uma demonstração de amor e fidelidade, 4 mil corintianos serão uma só voz na tentativa de embalar o time por mais uma virada histórica. O contingente pode não ser o mesmo do título mundial contra o Vasco há 20 anos ou até mesmo da invasão de 1976 contra o Fluminense pelo Brasileiro, mas o espírito e, principalmente, a fé é alvinegra como sempre.
*Estagiário sob a supervisão
de Danilo Queiroz