São Paulo — Quando Ginga sai do modo hibernar, desperta e entra em cena, é sinal de que alguma competição de ponta se aproxima para o Time Brasil. Desta vez, mal deu tempo de o felino tirar o tradicional sono de quatro anos. Com o ciclo mais curto pós-Tóquio 2020, causado pelo adiamento da competição para 2021 devido à pandemia, a mascote do Comitê Olímpico do Brasil (COB) saiu da toca mais cedo nesta terça-feira, na Casa Itaim, Zona Oeste da capital paulista, e estendeu o tapete vermelho a atletas e dirigentes para abrir a contagem de dois anos para a 33ª edição do evento mais importante do esporte — os Jogos de Paris-2024.
Articulada para superar o desempenho recorde de sete medalhas de ouro, seis pratas e oito bronzes registrado no Japão, a cúpula do COB apresentou o planejamento para subir o sarrafo na tentativa de evolução na França. A entidade confirmou a cidade de St. Ouen, nos arredores da Cidade Luz, como base do Time Brasil no país europeu. Um dos trunfos da escolha é a localização. O QG fica a 600m do acesso à Vila Olímpica. O complexo habitacional oficial de Paris-2024 ficará na vizinha Saint-Denis — badalada por ter recebido a final da Copa do Mundo de 1998, da Euro-2016 e de duas decisões da Champions League em 2006 entre Barcelona e Arsenal; e deste ano no título do Real Madrid diante do Liverpool.
“Daqui a exatos dois anos, esperamos voltar a ver as arquibancadas lotadas de torcedores e amantes do esporte vibrando com os feitos dos maiores atletas do mundo. Será um ciclo curto e intenso para todos nós. Seguimos tendo ótimos resultados esportivos que nos enchem de orgulho. Subimos ao pódio, fizemos história e quebramos recordes. Seguimos confiantes nessa caminhada até 2024”, discursou o presidente do COB, Paulo Wanderley.
Em entrevista ao Correio Braziliense, ele admitiu que um dos critérios determinantes para a escolha de St. Ouen foi econômico. “Eles fizeram uma parceria conosco em relação aos custos. Tudo isso é pago, não tem nada de graça. É metade para o Brasil e metade para a comunidade”, esclareceu o dirigente.
O diretor de Esportes de Alto Rendimento, Ney Wilson, detalhou o projeto. Em Saint-Ouen, o COB terá cinco instalações disponíveis. Cada um deles oferecerá serviços específicos no período dos Jogos. O Château Saint-Ouen, um dos monumentos históricos do município, pode acomodar serviços médicos, preparação mental, áreas operacionais e s alimentação brasileira, além de ser o ponto de encontro dos atletas com os amigos e familiares. A Escola Petit Prince, base de apoio voltada à performance esportiva, terá papel semelhante. No Parque das Docas será construída uma quadra temporária e exclusiva para o vôlei de praia. A modalidade decepcionou em Tóquio só voltar sem medalha.
O Ginásio das Docas servirá como ponto de apoio para as seleções masculina e feminina de vôlei de quadra. Alem de treinar, os atletas usarão, sem restrição de horário, uma academia localizada a menos de 10 minutos da Vila Olímpica. A Serra Wangari receberá a operação de uniformes. A Seleção masculina de vôlei comandada por Renan Dal Zotto será a primeira a testar a operação em Saint-Ouen. A equipe desembarcará na cidade francesa no mês que vem, às vésperas da disputa do Mundial.
“O trabalho do COB começou antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio e essa é a concretização desse planejamento de longo prazo, trabalhado por várias mãos, em busca de oferecer suporte na preparação dos nossos atletas. Nós criamos estratégias e entendemos ser extremamente importante dar apoio em todos os detalhes para que os nossos atletas só se preocupem em competir”, explicou didaticamente Ney Wilson.
Assim como nas últimas edições, as competições não serão restritas a Paris. Com isso, o COB selecionou bases de apoio para a vela, em Marselha; handebol, em Lille; remo e da canoagem, em Seine-et-Marne; e do surfe, no Taiti, maior ilha da Polinésia Francesa — um arquipélago localizado no Oceano Pacífico. É a primeira que uma modalidade será realizada fora do continente do país sede do megaevento.
*O repórter viajou a convite do Comitê Olímpico do Brasil (COB)