A saída do atacante Gabriel Verón do Palmeiras para o Porto, de Portugal, reforça uma tendência das equipes da Europa em contratar jogadores do Brasil cada vez mais jovens. Considerado um dos principais nomes da base palmeirense, o jogador foi negociado aos 19 anos por R$ 57 milhões e antes de disputar 100 partidas pelo profissional.
Também neste mês de julho, o Atlético-MG negociou Savinho, cria da base, por R$ 36,5 milhões ao Grupo City. O meio-campista, de 17 anos, se despediu do clube tendo jogado apenas 23 jogos oficiais.
Nos últimos anos, o exemplo mais emblemático é o de Vinícius Júnior. Considerado hoje o jogador mais valioso do mundo, segundo o CIES Football Observatory, o atacante revelado pelo Flamengo foi vendido ao Real Madrid em 2017, antes mesmo de completar 18 anos, por R$ 165 milhões. No ano seguinte, Rodrygo, do Santos, seguiu o mesmo caminho e também se transferiu ao clube merengue seis meses depois da maioridade.
Segundo o levantamento mais recente do observatório francês, o Brasil é o país que mais exporta atletas para o mundo. De acordo com o estudo, são 1,2 mil jogadores atuando em 23 campeonatos nacionais. Diante dessa vitrine mundial, os clubes brasileiros, sobretudo nos momentos de dificuldades financeiras, enxergam nos talentos da base uma oportunidade de arrecadação e vendem seus atletas de forma precoce para o exterior.
Para Júnior Chávare, dirigente de futebol com experiência em captação e formação de jogadores em clubes como São Paulo, Grêmio e Atlético-MG, o mundo ideal é que esse atleta, antes de ser vendido para fora, possa ajudar o time dentro de campo e proporcione, além de dinheiro aos cofres da agremiação, um retorno técnico.
"É preciso tomar cuidado para não queimar etapas. Em alguns casos, os clubes têm pressa para vender o jogador porque precisa usar esse dinheiro para sanar pendências financeiras. Com isso, na maioria das vezes essas vendas ficam aquém do que poderiam se esse menino tivesse mais tempo para se desenvolver. Porém, cada dirigente sabe a realidade das finanças do seu clube e onde isso afeta no seu dia a dia", afirmou Chávare, que saiu do Atlético-MG em 2021 depois da troca na presidência e conviveu de perto com Savinho.
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Copinha
Outro fenômeno que é possível observar nesses últimos anos é a estratégia dos clubes brasileiros em dar oportunidade cada vez mais cedo aos jogadores da base. Na última edição da Copa São Paulo de Futebol Júnior, por exemplo, os clubes não tiveram medo de antecipar a revelação de alguns talentos.
Atletas de 15 anos receberam a oportunidade de atuar na competição de base mais importante do país e, para a euforia dos torcedores, corresponderam dentro de campo com dribles, gols e lances de efeito. O atacante Endrick, do Palmeiras, que completou 16 anos na semana passada e assinou o primeiro contrato profissional, foi um dos principais nomes do torneio.
Além da joia palmeirense, que inclusive já desperta interesse de grandes equipes da Europa, como Real Madrid, Barcelona e os times de Manchester, United e City, outros nomes da geração 2005/06 chamaram atenção, exemplo dos atacantes Pedro, do Corinthians, e Rayan, do Vasco.
Gustavo Grossi, gerente das categorias de base do Internacional, afirma que a Copinha deve servir como uma oportunidade para os atletas que ainda estão mais distantes do processo de transição para o time profissional. "É um torneio de formação. Para aqueles que já estão perto do time principal, não vejo sentido que eles disputem a competição. Nossos destaques do time campeão do ano passado estiveram em pré-temporada com o profissional e por isso optamos por utilizar os atletas 2004 que serão os próximos a jogar as competições mais importantes de base do ano", afirmou.