Letícia Oro Melo é a protagonista da segunda medalha do Brasil no Mundial de Atletismo do Oregon, nos Estados Unidos, disputado no Estádio Hayward Field, em Eugene. Depois do ouro de Alison dos Santos, o Piu, nos 400m com barreiras, a catarinense de 24 anos ganhou o bronze na final do salto em distância com a marca de 6,89m. Foi a única tentativa correta entre as seis possíveis. Ela queimou as outras cinco. Na final do salto com vara, o campeão olímpico nos Jogos do Rio-2016 e bronze em Tóquio-2020 ficou fora do pódio. Ele chegou a colocar o sarrafo nos 6m, mas falhou.
O melhor salto da vida de Letícia supera em 30cm a melhor marca dela. O suficiente para se tornar a segunda mulher brasileira a conquistar medalha na história dos Mundiais. O desempenho da atleta surpreende, principalmente, pelo fato de ela jamais ter participado de um Campeonato Mundial. Não há registro sequer na base. A terceira colocada também não tem histórico nos Jogos Pan-Americanos.
O desempenho de Letícia Oro Melo supera o da compatriota Maurren Maggi. A campeã olímpica em Pequim-2008 havia ficado, no máximo, em sexto no Mundial. Neste domingo, a prata ficou com Ese Brume, da Nigéria (7.02m), e Malaika Mihambo, da Alemanha, conquistou o bicampeonato com incríveis 7.09m.
O bronze de Letícia foi conquistado com um centímetro a mais do que a quarta colocada, que saltou 6,88m, e dois à frente das quinta e da sexta, que fizeram 6,87m. Letícia formou-se na Corville, em Joinville. Na base, conquistou títulos relevantes como o Sul-Americano Sub-18 (2014) e Sub-30 (2015). Em maio do ano passado, ela deu sinais de evolução nos preparativos para o Mundial ao saltar acima de 6,50m no Campeonato Sul-Americano.
O crescimento foi interrompido por uma lesão no ligamento cruzado anterior que levou a atleta a uma intervenção cirúrgica. Foram sete meses longe do esporte até o retorno com título no Troféu Brasil saltando 6,59m. No sábado, ela surpreendeu com 6,64m e pegou a última senha para a final.
Em entrevista ao SporTV, Letícia Oro Melo mostrou frieza ao falar da força mental que a levou ao pódio. "Não tenho medo de ninguém. Estava muito focada. Vim para pegar medalha e não estava nervosa. Essa é a minha melhor marca pessoal. Estou em choque. Eu quero buscar os 7m e sei que tenho condições", projeta, surpresa com a própria superação. "Quando eu vi 6,89m, eu quase desmaiei. Sabia que estava na briga por medalha", admite, com uma homenagem a Maureen Maggi. "Ela é uma inspiração para mim. Beijo, Maureen. Não sei mais nem o que dizer. Estou em choque", concluiu.