Baile no inferninho

A mesma cidade, o mesmo mandante, mas um clima diferente nas arquibancadas. Se na última semana, quando eliminou o Atlético-MG da Copa do Brasil, o Flamengo contou com o inferno convocado por Gabigol no Maracanã, ontem, no Estádio Nacional Mané Garrincha, o rubro-negro teve o apoio do "inferninho" brasiliense. Participativos, os mais de 65 mil flamenguistas tiveram outra postura da vista na vitória sobre o Coritiba, no sábado. Efusivos, empurraram os cariocas para um novo triunfo na capital, desta vez sobre o Juventude, por 4 x 0, na noite de quebra de jejum de Pedro e estreia do reforço Everton Cebolinha.

Ontem, a magnética tradicional vista nos jogos do Flamengo no Maracanã se transportou e marcou presença no puxadinho Mané Garrincha. Antes de a bola rolar, todos os jogadores foram ovacionados: desde o estreante Everton Cebolinha, no banco de reservas, até Vitinho, vaiado fervorosamente pelos brasilienses, no sábado. O clima nas arquibancadas entrou no gramado e contagiou os jogadores do rubro-negro. Correspondendo à intensidade, o time foi construindo a goleada sobre o lanterna do Brasileirão desde os primeiros minutos de bola rolando.

O ambiente em ebulição fez Pedro quebrar um jejum em Brasília. Aos sete minutos, Arrascaeta cruzou com perfeição da direita, onde o time mais teve espaço, para o camisa 21, empurrado pela torcida, cabecear de forma certeira e marcar pela primeira vez vestindo vermelho e preto no Mané Garrincha. Acuado, o Juventude pouco ameaçou na etapa inicial. Aos 12, o Fla fez mais um. Desta vez, coube a Everton Ribeiro servir Pedro: 2 x 0. Sem cansar, o time ampliou com 17. Everton Ribeiro finalizou de "cuca" após passe de Gabi. Mesmo quando freou o ímpeto, os cariocas ainda conseguiram forçar a expulsão de Jadson.

A confortável situação em campo deu segurança para Dorival Júnior promover a estreia de Everton Cebolinha após o intervalo. Quando anunciado no telão, o camisa 19 recebeu gritos eufóricos de boas-vindas da torcida brasiliense, que o recebeu no Mané Garrincha com carinho em forma de cartazes e outras homenagens nas arquibancadas. Vitinho também entrou em campo. Muito vaiado no sábado, o atacante teve o nome gritado pelos rubro-negros. Uma espécie de reconciliação da torcida de Brasília após a atitude reprovada até pelo técnico Dorival Júnior.

Com um a mais e espaço para jogar no gramado, o Flamengo manteve o domínio. Encurralando o Juventude, o rubro-negro martelava atrás do quarto gol. As tentativas, porém, não passavam do goleiro César. Uma deles, do estreante Cebolinha, passou por cima do gol. Inteiro no campo de ataque, o time viu Everton Ribeiro esbarrar, outra vez, no goleiro jaconeiro. Com a torcida pedindo por "mais um", Dorival oxigenou o time, que seguiu com a bola no pé, mas conseguiu direcioná-la para a rede.

Na melhor oportunidade, Cebolinha chutou com força e viu o zagueiro Foster tirar na linha e frustrar o gol logo no primeiro jogo vestindo rubro-negro. O camisa 19, porém, fez cruzamento na medida para Lázaro fechar o placar. Explosão total dos 65.392 fanáticos que terminaram o jogo cantando: "isso aqui vai virar o inferno". Mas já havia virado.

*Estagiário sob a supervisão
de Danilo Queiroz