Prontas para o octa

A América do Sul está rendida aos pés delas. De hoje até 30 de julho, 10 seleções desfilarão pelos gramados colombianos na Copa América Feminina de futebol e brigarão pela hegemonia em uma nova era da modalidade no território sul-americano. Como em nenhuma outra disputa, a versão 2022 do torneio tem um apelo à altura do espetáculo. Além do troféu e da inédita premiação em dinheiro, os países terão um enfrentamento direto por vários torneios. Além da conquista, a competição vale vaga na Copa do Mundo de 2023, nos Jogos Pan-Americanos, também ano que vem, e nas Olimpíadas Paris-2024.

O pontapé inicial na Colômbia também marcará o início de uma nova contagem para o futebol feminino do continente. A partir da atual disputa, o intervalo de realização entre as próximas edições da Copa América deixará de ser de quatro anos e cairá pela metade, passando a ser de apenas dois. A iniciativa da Conmebol diminuirá a ansiedade e as expectativas dos torcedores para acompanhar as principais craques sul-americanas em ação pelos gramados, além de aumentar a competitividade e garantir maior visibilidade para a ainda tão combalida modalidade.

A Copa América Feminina reúne as 10 principais seleções do continente: Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. Elas estão divididas em dois grupos de cinco, onde cada uma disputará cinco partidas, folgando em uma rodada. As duas melhores equipes avançam diretamente às semifinais, enquanto as terceiras colocadas de cada chave disputarão o quinto lugar.

A Copa América 2022 tem impacto direto na sequência dos ciclos das dez seleções na disputa. Campeão e vice garantem vaga direta aos Jogos Olímpicos Paris-2024 e à Copa do Mundo 2023, disputada na Austrália e na Nova Zelândia. A terceira colocada também garante a presença no Mundial e no Pan-Americano de Santiago, no Chile. Além de irem ao Pan, as quartas e quinta colocadas disputarão uma eliminatória intercontinental para a competição organizada pela Fifa. Caso as chilenas encerrem a participação nessas condições, a equipe que terminar atrás herdará a vaga.

Mesmo com a alta visibilidade, a competição terá de lidar com diversas ausências de peso nos gramados colombianos. O Brasil, por exemplo, não contará com Marta, referência mundial no esporte. Destaque na Europa, a zagueira Isabella Echeverri ficou fora da lista da Colômbia. Promessa chilena, a atacante Sonya Keefe, de 19 anos, também não foi chamada para a Copa América. Presença constante no Paraguai, a defensora Marlene Mendoza é outra baixa sentida, assim como a peruana Adriana Lúcar.

O Brasil, porém, terá o brilho de Debinha. Artilheira da Seleção Feminina na era Pia Sundhage, a atacante marcou gols nos dois últimos amistosos preparatórios. Apesar das derrotas, a camisa nove acredita que o time chega pronto na Colômbia. "Daqui para frente, a lição que a gente tem é manter o foco. Independente das jogadoras que a Pia colocar, a gente está bem entrosada, eu e a Kerolin, eu e a Bia jogamos juntas há muito tempo na Seleção", destacou a jogadora.

Pia Sundhage também espera um Brasil em crescimento na busca pelo oitavo título na competição continental. "Vai tudo junto, as jogadoras novas, o aspecto físico e criar um time coeso. Na Copa América, evoluiremos isso. Há espaço para crescer. É muito importante ter um time coeso. Quanto mais tempo tivermos juntas, mais fortes, mais em forma elas estarão", destacou.

Fora de campo, a grande novidade do torneio é uma premiação financeira. Em tempos de pedidos de igualdade de gênero, a Conmebol instituiu, pela primeira vez desde 1991, um valor em dinheiro para as duas seleções que chegarem na grande final da Copa América da Colõmbia. As campeãs embolsarão 1,5 milhões de dólares (cerca de R$ 8,14 milhões), enquanto as vices colocarão 500 mil dólares nos cofres (aproximadamente R$ 2,74 milhões). Os jogos serão sediados em três estádios: o Pascual Guerrero, em Cali, o Centenário, em Armenia, e o Alfonso López, o palco da final, em Bucaramnga.

*Estagiário sob a supervisão
de Danilo Queiroz