SURFE

O quarto mandato do Rei do Rio

Um aéreo full rotation (volta completa no ar) que valeu nota 10 na bateria final coroou o novo rei do Rio e consagrou a etapa de Saquarema (RJ) do Circuito Mundial de Surfe como a melhor da história para o esporte nacional. No alto do pódio, Filipe Toledo confirmou o favoritismo inerente ao líder do ranking e mostrou que não será fácil tirar dele o título deste ano. A conquista de Filipinho nas ondas da Praia de Itaúna foi o final mais do que feliz de uma atuação histórica da brazilian storm, ou tempestade brasileira, como essa geração é tratada pela imprensa mundial.

Com quatro brasileiros nas duas semifinais masculinas, além de Tatiana Weston-Webb na semifinal feminina, os fãs lotaram as areias de Itaúna em plena terça-feira. Para o campeão, a etapa não poderia ter sido melhor. O título de Filipe Toledo foi o quarto dele no Rio — um na Barra da Tijuca e três em Saquarema. Também assegurou, com duas etapas de antecedência, pontos suficientes para garantir presença no WLS Finals, em Trestles, na Califórnia (EUA), em que os cinco melhores do ranking travarão uma disputa mata-mata valendo o título.

Saquarema também consagrou o, até agora, melhor estreante do ano, o jovem Samuel Pupo, o Samuca, de 21 anos. Irmão mais novo de Miguel Pupo — eliminado na segunda semifinal por Filipinho —, Samuca chega, com o vice, à 11ª posição no ranking.

A torcida brasileira acordou cedo e tomou conta das areias brancas de Itaúna, que ofereceu aos competidores ondas de 1 a 2m em mar impecavelmente azul. No comecinho da manhã, na semifinal da disputa feminina, Tatiana Weston-Webb enfrentou a líder do ranking, a havaiana Carissa Moore, que ainda não havia vencido nenhuma etapa neste ano — perdeu as três finais que disputou. Mas Carissa não deu chances para a brasileira, dominou a bateria e avançou para a final. Com o terceiro lugar em Saquarema, Tatiana subiu para a sexta posição no ranking, ainda insuficiente para levá-la ao WSL Finals. Ela terá pela frente as etapas da África do Sul e do Tahiti para tentar a classificação. Na final feminina, Carissa bateu a francesa Johanne Defay nos últimos segundos da bateria. A havaiana conseguiu uma nota 9,5 e virou o placar.

No masculino, a zebra apareceu na primeira bateria das semifinais. O estreante Samuca bateu o campeão olímpico, Ítalo Ferreira, número 4 do ranking, e avançou para a final inédita na carreira. Na outra semi, Filipinho virou com duas ondas que os juízes pontuaram como excelentes — com direito a aéreos e batidas radicais. O surfista de Ubatuba (SP), porém, deixou para a bateria decisiva a melhor manobra do dia.

Na decisão, o líder do ranking não deu chances ao estreante Samuel Pupo. Com menos de 10 minutos de bateria, Filipinho se descolou da onda, fez um giro completo no ar e pousou sobre a espuma da junção, uma manobra que levantou a torcida, garantiu o único 10 do dia e assegurou o tetra do paulista no Rio.