A final da Copa Sul-Americana de 2022 não será mais no Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília. Na noite de ontem, a Conmebol divulgou comunicado oficializando a transferência da sede da partida única decisiva da competição de segundo escalão do continente para o Estádio Mario Alberto Kempes, na cidade argentina de Córdoba. A motivação foi a proximidade de menos de 24 horas entre o duelo previsto para 1º de outubro e a realização do primeiro turno das eleições no Brasil.
Brasília havia sido escolhida para receber o jogo ainda em maio de 2021 após passar por um criterioso processo de seleção promovido pela entidade. Porém, de acordo com a Conmebol, a alteração foi solicitada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). "A resolução unânime foi adotada em consulta com os membros do Conselho, diante da impossibilidade de realizar o jogo em Brasília, como estava previsto, pelo fato de que as eleições gerais do Brasil serão realizadas no dia 2 de outubro", diz trecho da nota.
A principal preocupação da Conmebol e da CBF foi que Brasília não tivesse condições de garantir a segurança do evento internacional com as atenções voltadas para o pleito eleitoral, que escolherá presidente, governadores, deputados e senadores. A expectativa é que, agora, o Mané Garrincha seja escolhido para abrigar a final da temporada de 2023. Porém, no comunicado de ontem, a Conmebol não deu detalhes sobre a futura oportunidade da capital federal.
Burburinho
A confirmação da troca da sede por parte da Conmebol pelo receio de falta de segurança às vésperas das eleições gerais do Brasil em meio ao acirramento da disputa entre simpatizantes dos dois líderes na pesquisa da intenção de votos, ou seja, Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, respectivamente, foi antecipada por um burburinho iniciado em 9 de maio, em uma entrevista coletiva de diretores do Barcelona de Guayaquil.
Na ocasião, o administrador do estádio Monumental de Guayaquil, no Equador, palco da final da Libertadores deste ano, manifestou publicamente o desejo de abrigar, também, a decisão da Sul-Americana. Começava discretamente, nos bastidores, um movimento à procura de um plano B diante da percepção de que as eleições no Brasil eram mais relevantes do que o evento da Conmebol.
Em entrevista ao Correio à época, o autor da declaração, Munir Massuh, saiu pela tangente. "Não é um tema do qual tenhamos sido notificados formalmente, mas sim que abrimos as portas do nosso estádio caso haja necessidade ou interesse da Conmebol de realizar o jogo na nossa arena", explicou o dirigente.
Massuh insistiu que seria um orgulho para o Barcelona de Guayaquil receber as duas finais continentais de clubes mais relevantes do continente. "Mas não há nada oficial. Trata-se apenas de um desejo nosso", insistiu. O fato é que o burburinho nos bastidores cresceu e, ontem, veio a oficialização da Conmebol do descarte de Brasília como sede em 2022.
Descrença
Pela manhã, quando a notícia da possível mudança surgiu, fontes do Distrito Federal ouvidas pelo Correio ficaram surpresas com a possibilidade de a Copa Sul-Americana sair do Mané Garrincha em 2022. Eles consideram que a escolha do Brasil e, consequentemente, da capital do país, foi tomada ciente de que o país teria eleições nesse período. Alegam, inclusive, que a Uefa não faz isso quando elege a sede.
O contrato de locação do espaço não chegou a ser assinado pela Conmebol. Nos últimos anos, o Mané Garrincha abrigou uma série de eventos da entidade, como partidas da Copa América de 2020, jogada em 2021 em função da pandemia da covid-19, da Recopa Sul-Americana e da Libertadores da América. No currículo, o estádio candango tem, ainda, partidas da Copa das Confederações, da Copa do Mundo e do torneio de futebol masculino e feminino dos Jogos Olímpicos do Rio-2016.