Choque de realidade

São Paulo sai na frente no clássico paulista, mas é castigado por recuar excessivamente diante do melhor time da América do Sul. Palmeiras recorre a zagueiros-artilheiros para virar jogo e ostentar três pontos de vantagem na liderança isolada

Um gol controverso, marcado por Patrick, dava ao São Paulo a vitória no Choque-Rei disputado ontem à noite no Morumbi. No entanto, o time de Rogério Ceni abriu mão de jogar futebol no segundo tempo e levou a virada do Palmeiras, que atuou com quatro atacantes nos minutos finais e foi premiado pela insistência ao vencer por 2 x 1 com dois gols de seus zagueiros, protagonistas de uma vitória palmeirense histórica na casa do rival. Gómez e Murilo marcaram nos acréscimos e garantiram o triunfo que deixa o time de Abel Ferreira tranquilo na liderança do Brasileirão.

O Palmeiras ampliou para 19 partidas a série invicta na temporada — sendo 12 no Brasileirão — e permanece na liderança isolada do torneio nacional. São 28 pontos somados, três a mais que o vice-líder Corinthians. O São Paulo tropeçou de novo, perdeu a oportunidade de encostar nos líderes e fica com 18 na nona colocação.

Abel Ferreira, com covid-19, foi substituído na beira do gramado pelo seu auxiliar João Martins. Em sua casa, certamente comemorou muito o triunfo que derrubou a invencibilidade do São Paulo jogando em casa no Brasileirão.

Esse foi o primeiro dos três encontros entre são-paulinos e palmeirenses em menos de um mês. Na quinta, voltam a se enfrentar pelo jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil, novamente no Morumbi. A volta, com mando do Palmeiras, está marcado para 14 de julho.

Equívoco

São Paulo e Palmeiras fizeram um bom primeiro tempo, de dois times competitivos e com alternativas ofensivas. A diferença é que os anfitriões começaram mais ligados e aproveitaram uma das chances que tiveram. Patrick mandou para as redes após desvio na primeira trave. O lance, controverso, gerou reclamações dos palmeirenses, que apontaram toque de mão do meia depois de a bola ter batido no peito. Mas o VAR reviu a jogada e confirmou o gol.

Abel repetiu o erro que cometera contra o Atlético-GO e manteve Gómez como lateral-direito, o que foi ruim para o zagueiro e Dudu, que teve de marcar lateral e nada produziu ofensivamente.

O Palmeiras saiu do sufoco e equilibrou o jogo à medida que resolveu jogar. Rony dividiu com Jandrei e pediu pênalti, mas novamente o juiz Anderson Daronco entendeu ser improcedente o protesto dos palmeirenses. Gabriel Menino saiu na cara do gol, mas foi travado. Scarpa só não marcou porque Arboleda estava posicionado um pouco à frente da linha do gol para tirar. O meia também tentou de longa distância, sem sucesso. O tricolor respondeu no fim com Nestor, em arremate que passou à direita.

Virada

O Palmeiras melhorou no segundo tempo e empurrou o São Paulo para o seu campo de defesa. Com dois zagueiros e Mayke na lateral, ganhou uma opção de ataque pela direita e teve mais volume de jogo. O próprio anfitrião recuou demais depois das substituições de Ceni, deixando o centroavante Calleri isolado no meio de dois zagueiros.

A sorte parecia que estava do lado da equipe do Morumbi, quando Breno Lopes acertou a trave. Mas não estava. O São Paulo chamou o Palmeiras e pediu para perder. E foi o que aconteceu. No fim, os visitantes ousaram com Scarpa na lateral e quatro atacantes. A estratégia deu resultado e derrubou o ferrolho defensivo são-paulino com dois gols de zagueiros.

No primeiro, Scarpa cruzou na cabeça de Gómez, que subiu livre nas costas de Miranda e mandou para as redes aos 45 minutos. Cinco minutos depois, Murilo dominou dentro da área após escanteio e deu de bico para virar o placar nos acréscimos em jogo épico no Morumbi.