Pilares da renovação

Trintões, Neymar e Bruninho assumem papel de "tios" dos calouros que pedem passagem nas seleções de futebol e vôlei. Brasil enfrenta o Japão com as mãos, hoje, no Sesi Taguatinga; e com os pés, amanhã cedinho, em Tóquio

Marcos Paulo Lima
postado em 05/06/2022 00:01
 (crédito: Lucas Figueiredo/CBF)
(crédito: Lucas Figueiredo/CBF)

O tempo é implacável com os craques. Voa. Deprecia o vigor físico e impõe a reinvenção. Os trintões Neymar e Bruninho estão nessa fase da carreira. Referências das seleções masculina de futebol e vôlei, respectivamente, os meninos viraram homens e assumiram o papel de mestres de cerimônia de jovens recém-chegados aos elencos para duelos com o Japão. Hoje, às 10h, a Seleção de Renan Dal Zotto enfrentará a seleção nipônica, no Sesi Taguatinga. Amanhã, às 7h20 (de Brasília), o país despertará trocando as mãos pelos pés para torcer pela trupe de Tite contra os samurais, no Estádio Nacional de Tóquio.

Trintão desde fevereiro, Neymar completará 12 anos de Seleção principal no próximo 10 de agosto. Embora não seja o mais velho do elenco, tem duas participações em Copa. Levou o Brasil às semifinais em 2014 e às quartas em 2018. É referência para 17 convocados de Tite que podem ser estreantes no Mundial do Qatar. Na última terça, uma imagem simbólica chamou a atenção na concentração do Brasil. O camisa 10 recepcionou com carinho o candidato a sucessor Vinicius Junior. O atacante de 21 anos fez o gol do 14º título do Real Madrid na Liga dos Campeões. O protagonista do triunfo por 1 x 0 contra o Liverpool, na França.

Vinicius Junior tem números superiores aos de Neymar na temporada. Fez 22 gols e deu 16 assistências na temporada do Real Madrid, contra 13 bolas na rede e oito passes decisivos do astro do PSG. Os números mantêm os pés do técnico Tite no chão não somente em relação ao "Malvadeza". "Calma com Vinicius, calma com o Raphinha", intercede o técnico.

O treinador ressaltou a importância da experiência de Neymar para os mais jovens. "Divide-se os protagonismos, contribui com discernimento, sensatez. É bom fomentar esse grau de confiança, sim. Vão surgindo Martinelli, outros… É preciso olhar com mais discernimento, senão gera expectativa: 'Ah, tu tem que arrebentar, decidir todos os jogos'. Não é assim", advertiu Tite na entrevista coletiva para o jogo contra a Coreia do Sul.

A passagem de bastão de Neymar para jovens talentos da Seleção, como Vinicius Junior, pode ser curta. O fora de série deu a entender neste ano que a Copa do Mundo do Qatar pode ser a saideira. "Acho que 2022 é a minha última porque não sei se terei mais condições, de cabeça, de aguentar mais futebol", diz o jogador no documentário Neymar Jr & The Line of Kings, disponível na plataforma de streaming DAZN.

Maestro

Cinco anos mais velho do que Neymar, o levantador Bruninho é um dos pilares da renovação da Seleção masculina de vôlei rumo aos Jogos de Paris-2024. Além dele, Thales, Lucão, Isac, Lucarelli, Leal, Alan e Cachopa têm experiência olímpica. Os demais são calouros. A juventude pesou na derrota de quinta-feira para o Japão, no Sesi Taguatinga, mas, hoje, o Brasil planeja dar o troco, às 10h, no segundo amistoso entre os dois países no mesmo endereço.

Ao contrário de Neymar, Bruninho não pensa em largar a Seleção tão cedo. Depois do quarto lugar em Tóquio-2020, ele pretende brigar pela segunda medalha de ouro na carreira daqui a dois anos. A única foi conquistada na Rio-2016. Campeão da Liga das Nações pela primeira vez no ano passado, o Brasil defenderá o título a partir de terça, em Brasília.

Bruninho é um dos mais experientes da turma ao lado de Leal, Lucão e Lucarelli. Eles dão boas vindas a calouros na Seleção adulta, como Adriano, Birigui, Léo e Darlan — uma joia de 19 anos anos elogiadíssimo por Renan Dal Zotto. "Saúde, físico e potencial incrível", elogia o técnico.

Bruninho e companhia também são referências para a turma entre 25 e 29 anos focada na primeira medalha olímpica. "A motivação (para continuar) depende muito do que há dentro de você, o que mantém a chama acesa. Os jogadores mais experientes que hoje fazem parte, digamos assim, dos pilares do (técnico) Renan Dal Zotto, eu, Lucão, Lucarelli, Isac, são caras que têm essa paixão e querem estar aqui. Estamos sempre querendo conquistar algo novo", afirmou Bruninho em entrevista ao programa Ça Va Paris, do SporTV.

Neymar terá 34 anos na Copa de 2026. Bruninho, 38 em Paris-2024. As projeções dos dois são bem distintas. "Você paga um preço estando aqui. Não só físico como mental. A gente precisa estar totalmente focado nos objetivos que a Seleção tem. Parar ou não tem que ser uma decisão bem pensada. Eu ainda sinto paixão, chama e vontade de ajudar. O papel aqui dentro vai mudando, mas o empenho não pode ser diferente. Sinto isso e sigo disponível."

Amigos fora dos gramados e das quadras, Neymar e Bruninho se conheceram, em 2010, em um jantar do cantor Thiaguinho depois de show do Exaltasamba. O levantador ganhou abraço do camisa 10 na celebração do ouro olímpico do vôlei masculino nos Jogos do Rio-2016, no Maracanãzinho, um dia depois da medalha dourada no futebol.

A cinco meses da Copa do Qatar, Neymar vive um momento especial. Está a quatro gols de igualar o Rei Pelé, maior artilheiro da história da Seleção. Coincidentemente, o atacante balançou a rede quatro vezes em uma goleada por 4 x 0 contra o Japão, em 2014. Bruninho não participou do primeiro amistoso contra o rival asiático na quinta-feira, mas deve ser uma das atrações garantidas na matinê de hoje, em Taguatinga.

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