LIBERTADORES

Apostas da China

Donos de elencos valiosos, Corinthians e Atlético-MG depositam as esperanças em reforços de peso vindos do país oriental. Bons negócios ou não, os nomes entram em campo, hoje, em duelos decisivos pela competição continental

Em um passado não tão distante, o carimbo chinês era o principal nos passaportes dos destaques do futebol brasileiro. A elite chinesa viveu dias de glórias, com grandes investimentos e ostentações que se equiparavam ou até superavam as propostas europeias pelos grandes atletas do Brasil. Hoje, porém, a situação é oposta. Com o estouro da bolha financeira dos clubes asiáticos, potencializada pela pandemia de covid-19, muitos boleiros resolveram fazer o caminho de volta. A Superliga Chinesa se tornou um eldorado para os esquadrões do Brasil. Corinthians e Atlético-MG confirmam isso. A dupla alvinegra entra em campo, hoje, pela Libertadores, apostando as fichas em reforços de peso vindos do outro lado do mundo.

Após fracas temporadas, o Corinthians prometeu dias melhores para a fiel. Para voltar a ser competitivo, a diretoria alvinegra apostou em "ex-chineses". Renato Augusto deixou o Beijing Guoan após cinco temporadas. A porta aberta por ele possibilitou o desembarque de Roger Guedes, que defendeu o Shandong Luneng entre 2018 e 2020. O Parque São Jorge ganhou ainda mais ares orientais com a chegada do ídolo Paulinho. O antigo camisa oito vestiu as cores do Guangzhou Evergrande por seis temporadas, com o intervalo de uma passagem pelo Barcelona que, em 2017, ainda contava com o brilho da dupla formada por Lionel Messi e Luis Suárez.

O "trio chinês" do Parque São Jorge ainda não engrenou. O poder de decisão que se espera deles não foi exercido em campo. A primeira oportunidade para tal foi na semifinal do estadual, contra o São Paulo. O time foi dominado e amargou a eliminação. Muitos são os entraves, seja pela transição do sistema de jogo de Sylvinho para o português Vitor Pereira, seja pela adaptação à primeira temporada completa pelo clube alvinegro ou aos aspectos físicos, que exigem rodízios no plantel corintiano.

Muito se espera deles, somado às parcerias com Willian, Giuliano e a garotada da base. Embora esteja distante do auge técnico, Róger Guedes pode ser considerado o cara do Timão. Em 38 jogos, ele tem 19 participações em gols, com 14 bolas na rede e cinco assistências. Renato Augusto vem logo em seguida, com nove participações nas mesmas 39 partidas (seis tentos e três assistências). Paulinho, tem índices inferiores, mas também conta com número menor de exibições: 18 e quatro comemorações sobre adversários.

Hoje, às 21h30, na Neo Química Arena, o Timão reencontra o Boca Juniors após nove anos. A partida pode não ser a final de 2012 entre os dois, mas tem o peço de uma decisão. Um tropeço em casa pode aumentar a instabilidade e dificultar o caminho até a classificação.

Atlético-MG

Em janeiro do ano passado, o Atlético-MG fez um verdadeiro negócio da China. Ao contrário do Corinthians, o Galo precisou de apenas um jogador vindo do país asiático para tomar conta do futebol brasileiro. Desejo antigo do Palmeiras e cobiçado por Porto e Besiktas, Hulk aceitou a proposta mineira iniciou uma dinastia em Belo Horizonte.

Hoje, é impossível pensar em Atlético-MG e não lembrar de Hulk. Uma temporada foi o suficiente para ele gravar o nome na história atleticana e derrubar escritas de meio século. O título do Campeonato Brasileiro foi a cereja do bolo de uma temporada sólida do Galo, iniciada com a conquista estadual, seguida com a Copa do Brasil e encerrada com o troféu da Supercopa sobre o Flamengo.

Ex-China, ele é o atleta mais importante do elenco. Dos 81 jogos que fez pelo esquadrão mineiro, o camisa sete participou diretamente de 64 gols, com 49 bolas na rede e 15 assistências. Ele foi o artilheiro do cenário nacional em 2021 (36). Decisão é o apelido do craque. Das quatro finais que disputou com a camisa alvinegra, em três ele vazou a meta adversária, com total de cinco tentos e cinco títulos.

Para Hulk, é como se os 18 anos distantes do futebol brasileiro nunca tivessem existido. Ele chegou sob grandes expectativas, mas, talvez, nem os mais otimistas torcedores atleticanos imaginavam uma passagem com esse nível. Depois do que fez no Brasil no ano passado, a ambição de Hulk vai para além das fronteiras. A Libertadores é o principal objetivo dele e do comandante Antonio Mohamed. Hoje, o Atlético-MG joga pela liderança do Grupo D, quando visita o Independiente del Valle, às 21h30, em Guayaquil, no Equador.

* Estagiário sob a supervisão
de Danilo Queiroz