Brasil já vive a Era Endrick

Depois do primeiro gol com a camisa da Seleção no Torneio de Montaigu, joia brasiliense do Palmeiras manda entregar a camisa histórica no hotel do pai, na França. Ele voltará a campo hoje no torneio que lapidou astros

Pode até parecer uma competição qualquer. Mais uma no calendário internacional das seleções de base. Só que não. O Torneio de Montaigu, na França, tem tradição. Fundado em 1973 pelo holandês André Van Den Brink, presidente, à época, do FC Montaigu, é disputado, anualmente, desde 1976. Desfilaram pelos tapetes do festival meninos que viraram senhores craques: Hagi (Romênia), Cristiano Ronaldo (Portugal), Pirlo (Itália), Nedved (República Tcheca), Tévez (Argentina) e os franceses Desailly, Deschamps, Henry, Benzema e Mbappé são alguns deles.

"Não sabia! Mais um motivo para acreditar que estamos no caminho certo", impressiona-se em entrevista ao Correio seu Douglas Ramos, pai do centroavante brasiliense Endrick. A voz embargada durante a conversa traduz a lembrança de mais um dia histórico para a família da joia do Palmeiras, de apenas 15 anos — fará 16 em 21 de julho. Na última quarta, o astro alviverde na conquista inédita da Copa São Paulo de Futebol Júnior deste ano balançou a rede pela primeira vez com a Amarelinha na goleada por 4 x 0 contra o México. Hoje, às 13h30, ele voltará a campo contra a Holanda pela segunda rodada. A Inglaterra será o último rival no Grupo B. O A tem França, Portugal, Bélgica e Argentina.

"Difícil de explicar a emoção de ter visto o primeiro gol dele. É um sonho realizado depois de tantas dificuldades que passamos. Vou carregar para toda a vida esse dia memorável", testemunha Douglas, que se dividida entre a profissão de ajudante de eletricista e o papel de pai presente para se revezar com dona Cintia Ramos, servidora de uma creche na prefeitura de Valparaíso (GO), para levar o filho aos treinos e peneiras no DF e Entorno. Hoje, o diamante e o Palmeiras são assediados por clubes europeus.

Embora seja um adolescente, Endrick proporciona ao pai a terceira viagem internacional. "Fui à Espanha, Disney e agora estou na França. Tudo graças a ele." Tão perto, tão longe do filho, blindado pela comissão técnica de Phelipe Leal na França, seu Douglas chora ao contar a histórica do mimo enviado por Endrick por meio de um funcionário da Seleção. "Recebi a camisa do primeiro gol dele. Não esperava. A pessoa perguntou: 'o senhor é o seu Douglas?'. Recebi sim e recebi o presente", orgulha-se, na torcida para que o herdeiro quebre um tabu: o Brasil não conquista o Torneio de Montaigu desde 1984.