Os campeonatos do país não tinham até ontem nenhum time da Série D no mapa dos campeões domésticos em 2022. O Distrito Federal emplacou o primeiro. Atolado na quarta divisão desde 2014, o futebol local segue dominado pelo Brasiliense. O time fundado em 1º de agosto de 2000 conquistou o bi candango ao empatar por 1 x 1 com o Ceilândia no Estádio Abadião, a casa do Gato Preto. Gabriel Pedra abriu o placar para os alvinegros no primeiro tempo, mas Aldo igualou o marcador na etapa final. Como havia vencido o primeiro duelo por 2 x 1, o Jacaré confirmou o 11º título em 22 anos de história com placar agregado de 3 x 2. É a segunda conquista consecutiva em uma decisão contra o Ceilândia. No ano passado, a equipe amarela triunfou por
1 x 0 em partida única.
O Brasiliense se junta a outros 10 campeões estaduais em 2022. Entre os representantes da Série A, Atlético-GO (Goiano), Cuiabá (Mato Grossense), Atlético (Mineiro), Coritiba (Paranaense), Fluminense (Carioca), Grêmio (Gaúcho) e Palmeiras (Paulista) festejaram o título. O Brusque (Catarinense) disputa a Série B. Manaus (Amazonense) e Remo (Paraense) integram a terceira divisão. O Jacaré é o único campeão "estadual" alocado na Série D. Entre aspas porque, geograficamente, o Campeonato do Distrito Federal não é estadual.
Com o título de ontem, o Brasiliense se aproxima do arquirrival e recordista Gama. O alviverde acumula 13 troféus. No entanto, amarga uma crise sem fim e vê o concorrente no retrovisor. O Brasiliense construiu todos os seus 11 títulos neste século. O Gama ganhou cinco.
Com o fim do Candangão, Brasiliense e Ceilândia voltam as atenções para as últimas três competições restantes na temporada. Ambos estão na terceira fase da Copa do Brasil. O Jacaré medirá forças, a partir do próximo dia 20, com o Atlético-MG na fase de 16 avos do mata-mata nacional. Na mesma data, o Gato Preto terá um duelo à parte com o Botafogo. Os confrontos são de ida e volta. As duas equipes do DF também têm na agenda a Série D a partir do próximo fim de semana e na Copa Verde.
A partida teve torcida única no Abadião. Pelo menos era a recomendação de segurança. No entanto, alguns torcedores do Brasiliense foram flagrados, identificados e convidados pela polícia militar a se retirar do estádio na comemoração do gol de empate do lado amarelo.
Os lances cruciais foram de bola parada. O Ceilândia abriu o placar em um escanteio batido por Tarta seguido de um chute de Hericles. A bola bateu na cara de Gabriel Pedra e morreu no fundo da rede de Edmar Sucuri no primeiro tempo. Apesar da "bomba", Pedra se manteve em pé e partiu para comemorar o gol despretensioso. Os anfitriões foram para o intervalo em vantagem.
Em vez de pressionar o Brasiliense na etapa final, o Ceilândia preferiu especular e foi punido em outro lance de bola parada. Zotti cobrou escanteio da direita, o zagueiro Badhuga desviou na primeira trave, o goleiro Mateus Kaizer defendeu parcialmente, mas o volante, capitão e oportunista Aldo aproveitou o rebote para decretar o bi candango do Brasiliense. "Sou felizardo. É a minha sétima final, o quinto título. Isso nos motiva. Voltar para a Série C sempre foi o meu grande sonho. Sou de Brasília. Batemos na trave algumas vezes, é um campeonato difícil, mas vamos conseguir o acesso", prometeu em entrevista à TV Câmara Distrital.
O Ceilândia desperdiçou duas chances de virar a partida e amargou o quarto vice-campeonato local em seis anos.