Poucas vezes o Brasil teve um ciclo de Copa tão carente de adversários fortes como na caminhada rumo ao Qatar. A Seleção Brasileira disputou 46 jogos desde a eliminação contra a Bélgica nas quartas de final de 2018. Duelos contra os vizinhos sul-americanos à parte, apenas cinco foram contra concorrentes classificados para o Mundial de 2022: Estados Unidos, Arábia Saudita, Camarões, Senegal e Coreia do Sul. Todos eles podem cair no grupo canarinho no sorteio de hoje.
A Seleção enfrentou apenas um adversário europeu nos últimos quatros anos. Mediu forças contra a República Tcheca, mas o adversário está fora da Copa. O Brasil só ficou os quatro anos do ciclo do mundial sem enfrentar europeus antes das Copas de 1930, 1934, 1938, 1950 e 1954. Neste Mundial, desembarcará com um mísero teste por culpa dos calendários sul-americano e europeu. As Eliminatórias da Conmebol têm 18 rodadas. A Uefa criou a Liga das Nações e não deixa margem para amistosos contra adversários de fora do Velho Continente.
A falta de bons testes preocupa devido ao cenário do sorteio. A tetracampeã Alemanha e a Holanda, vice em 1974, 1978 e 2010, não são cabeças de chave. Portanto, uma delas pode cair na chave verde-amarela e elevar o nível técnico na disputa por duas vagas ao mata-mata.
Um cenário possível é o Brasil enfrentar Alemanha, Senegal e Escócia, Ucrânia ou País de Gales. Há chance, também, de duelos com Holanda, Polônia e Gana. No melhor dos mundos, Estados Unidos, Sérvia e Arábia Saudita ou Suíça, Canadá e Tunísia.
Primeiro técnico a disputar duas Copas seguidas à frente do Brasil desde Telê Santana em 1982 e 1986, Tite desembarcou, ontem, em Doha, ao lado do diretor de seleções Juninho Paulista e do auxiliar Cleber Xavier. Na chegada ao hotel, deixou claro o voto favorável ao aumento de 23 para 26 no número de convocados para a Copa. A medida será colocada em pauta pela Fifa no Congresso Técnico da Copa. O treinador reforçou na conversa com os jornalistas antes do check-in. "E quero todos no banco de reservas", afirmou.
A comissão técnica tem o planejamento definido: nos próximos meses, o Brasil enfrentará rivais da Ásia, da Concacaf e, talvez, da África, além da Argentina.
O duelo é o único confirmado. Está no contrato com patrocinadores e precisa ser jogado por exigência da Fifa. A entidade ordenou que o jogo cancelado na Neo Química Arena após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apontar infração a protocolos de saúde por parte de jogadores argentinos seja realizado na data Fifa de junho.