O grupo R9, do ex-jogador e empresário Ronaldo, tem faturamento anual de R$ 400 milhões. É o que revelou Gabriel Lima, líder do comitê de transição do Cruzeiro para Sociedade Anônima do Futebol. Segundo o executivo, oito empresas compõem o conglomerado: Fundação Fenômeno, R9 Gestão Patrimonial, Oddz, Octagon, Beyond, Ronaldo TV, Fenômenos Podcast e o clube espanhol Real Valladolid.
“Ronaldo como jogador dispensa apresentações, mas como empresário começou a ser conhecido há pouco tempo. O grupo R9 é composto por algumas empresas. Fundação Fenômeno, uma ONG. R9 Gestão Patrimonial, que é uma empresa de gestão de ativos. A Oddz é um grupo de agências vinculado à parte de marketing esportivo. Tem a Octagon, uma agência de marketing esportivo. Tem a Beyond, produtora de conteúdo. Tem o Ronaldo TV, canal dele no YouTube, o Fenômenos Podcast e o Valladolid, primeira aquisição de clube de futebol”.
Conforme Gabriel, o grupo de Ronaldo administra quase R$ 1 bilhão no “family office” - estrutura montada para famílias com um grande patrimônio - e conta com escritórios no Brasil, no México e na Espanha. Ele garantiu que todas as empresas têm resultado positivo - inclusive o Valladolid, que devia cerca de R$ 300 milhões antes da entrada do Fenômeno como investidor.
“Quando entramos no Real Valladolid encontramos um cenário muito complexo e desafiador, parecido com o cenário no Cruzeiro, mas com uma escala infinitamente menor. Encontramos um cenário de aproximadamente R$ 300 milhões em dívidas, o clube estava em processo de recuperação judicial e não detinha direitos econômicos de nenhum jogador, além de uma estrutura sucateada”, afirmou.
“Em três anos temos uma dívida praticamente zerada, temos a propriedade dos direitos econômicos de 95% do elenco e fizemos investimentos ao redor de R$ 80 milhões na melhoria da infraestrutura. Existe um plano de reformulação do estádio e de construção do novo CT com recursos da operação”, complementou.
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O Cruzeiro, portanto, será a nona empresa de Ronaldo, que estabeleceu o desafio de subir à Série A em 2022 e terminar o Campeonato Brasileiro de 2023 entre os 12 primeiros colocados, garantindo assim uma vaga na Copa Sul-Americana de 2024.
Gabriel Lima citou algumas metas na reunião: elevar as receitas recorrentes em 30%, terminar o ano com 50 mil sócios com um tíquete médio de R$ 40 por mês (R$ 25 milhões/ano), obter lucro nas partidas no Mineirão e pagar as dívidas na Fifa dentro de um cronograma que não inviabilize a operação do futebol.
“A gente trabalha com propósito e quer deixar um legado. O Ronaldo fala muito sobre isso: não é ganhar dinheiro, nem vender ou comprar clube. É sobre deixar um legado. Ele quer ser maior agora do que ele foi dentro de campo. É um propósito agressivo e legal que queremos trazer para o dia a dia de trabalho”, declarou o diretor.
Acordo
Ronaldo assinará a compra de 90% das ações da SAF do Cruzeiro por um investimento de R$ 400 milhões pelos próximos cinco anos. Ele aportará R$ 50 milhões de imediato e outros R$ 350 milhões de recursos próprios e/ou receitas incrementais acima da média de faturamento de 2017 a 2021 (deve girar em torno de R$ 220 milhões).
Desta forma, se o Cruzeiro em determinado ano obtiver um ganho de R$ 300 milhões com a atividade esportiva (vendas de atletas, direitos de TV, publicidade, premiação, bilheteria, sócio, etc), será como se o Fenômeno tivesse aplicado R$ 80 milhões.
No fim de janeiro, o empresário pagou R$ 26 milhões em débitos na Fifa pelas aquisições de Arrascaeta (Defensor-URU) e Riascos (Mazatlán-MEX, antigo Monarcas Morelia), em 2015, e Rafael Sobis (Tigres-MEX), em 2016. A quantia integra os R$ 50 milhões de entrada no negócio.
Agora, Ronaldo liberará R$ 24 milhões para o Cruzeiro, que manterá salários em dia e solucionará os débitos com Independiente del Valle, do Equador, pelo zagueiro Caicedo (R$ 12 milhões), e Atlético-AC pelo atacante Careca (R$ 1,1 milhão). Por causa dos imbróglios na Fifa e na CNRD, o clube está impossibilitado de registrar reforços no BID da CBF.
A empresa do ex-centroavante ainda terá de repassar 20% de suas receitas mensais para a amortização do passivo do clube, hoje em torno de R$ 1 bilhão, mas com possibilidade de redução por meio de negociação junto aos credores.
Veja o faturamento do Cruzeiro com o futebol profissional de 2016 a 2020:
2020: R$ 116.123.000,00
2019: R$ 267.554.320,00
2018: R$ 318.857.150,00
2017: R$ 283.382.276,45
2016: R$ 222.404.224,69
2020
R$ 23,4 milhões - direitos econômicos
R$ 40,3 milhões - publicidades e transmissões de TV
R$ 33,7 milhões - patrocínios e royalties
R$ 1 milhão - bilheterias
R$ 11,8 milhões - sócio-torcedor
R$ 5,6 milhões - outras receitas
2019
R$ 108,1 milhões - direitos econômicos
R$ 105,7 milhões - publicidades e transmissões de TV
R$ 18,1 milhões - patrocínios e royalties
R$ 18,3 milhões - bilheterias
R$ 14,1 milhões - sócio-torcedor
R$ 3 milhões - outras receitas
2018
R$ 45,9 milhões - direitos econômicos
R$ 190,7 milhões - publicidades e transmissões de TV
R$ 32,5 milhões - patrocínios e royalties
R$ 23,9 milhões - bilheterias
R$ 23,1 milhões - sócio-torcedor
R$ 2,5 milhões - outras receitas
2017
R$ 35,1 milhões - direitos econômicos
R$ 177,1 milhões - publicidades e transmissões de TV
R$ 26,3 milhões - patrocínios e royalties
R$ 16,4 milhões - bilheterias
R$ 22,3 milhões - sócio-torcedor
R$ 5,9 milhões - outras receitas
2016
R$ 28,4 milhões - direitos econômicos
R$ 130,9 milhões - publicidades e transmissões de TV
R$ 26,7 milhões - patrocínios e royalties
R$ 31,3 milhões - bilheterias e sócio-torcedor
R$ 4,8 milhões - outras receitas
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