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Cruzeiro: grupo de Ronaldo fatura R$ 400 milhões por ano, revela dirigente

Gabriel Lima afirmou que nenhuma empresa do Fenômeno apresenta déficit em seu balanço. Desafio agora será recuperar as finanças do clube celeste

Super Esportes
postado em 06/04/2022 15:21 / atualizado em 06/04/2022 15:21
Gabriel Lima ao lado de Ronaldo em visita à Toca da Raposa II -  (crédito: Gustavo Aleixo/Cruzeiro)
Gabriel Lima ao lado de Ronaldo em visita à Toca da Raposa II - (crédito: Gustavo Aleixo/Cruzeiro)

O grupo R9, do ex-jogador e empresário Ronaldo, tem faturamento anual de R$ 400 milhões. É o que revelou Gabriel Lima, líder do comitê de transição do Cruzeiro para Sociedade Anônima do Futebol. Segundo o executivo, oito empresas compõem o conglomerado: Fundação Fenômeno, R9 Gestão Patrimonial, Oddz, Octagon, Beyond, Ronaldo TV, Fenômenos Podcast e o clube espanhol Real Valladolid.

“Ronaldo como jogador dispensa apresentações, mas como empresário começou a ser conhecido há pouco tempo. O grupo R9 é composto por algumas empresas. Fundação Fenômeno, uma ONG. R9 Gestão Patrimonial, que é uma empresa de gestão de ativos. A Oddz é um grupo de agências vinculado à parte de marketing esportivo. Tem a Octagon, uma agência de marketing esportivo. Tem a Beyond, produtora de conteúdo. Tem o Ronaldo TV, canal dele no YouTube, o Fenômenos Podcast e o Valladolid, primeira aquisição de clube de futebol”.

Conforme Gabriel, o grupo de Ronaldo administra quase R$ 1 bilhão no “family office” - estrutura montada para famílias com um grande patrimônio - e conta com escritórios no Brasil, no México e na Espanha. Ele garantiu que todas as empresas têm resultado positivo - inclusive o Valladolid, que devia cerca de R$ 300 milhões antes da entrada do Fenômeno como investidor.

“Quando entramos no Real Valladolid encontramos um cenário muito complexo e desafiador, parecido com o cenário no Cruzeiro, mas com uma escala infinitamente menor. Encontramos um cenário de aproximadamente R$ 300 milhões em dívidas, o clube estava em processo de recuperação judicial e não detinha direitos econômicos de nenhum jogador, além de uma estrutura sucateada”, afirmou.

“Em três anos temos uma dívida praticamente zerada, temos a propriedade dos direitos econômicos de 95% do elenco e fizemos investimentos ao redor de R$ 80 milhões na melhoria da infraestrutura. Existe um plano de reformulação do estádio e de construção do novo CT com recursos da operação”, complementou.

Gabriel Lima é líder de transição do Cruzeiro para Sociedade Anônima do Futebol
Gabriel Lima é líder de transição do Cruzeiro para Sociedade Anônima do Futebol (foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro)

O Cruzeiro, portanto, será a nona empresa de Ronaldo, que estabeleceu o desafio de subir à Série A em 2022 e terminar o Campeonato Brasileiro de 2023 entre os 12 primeiros colocados, garantindo assim uma vaga na Copa Sul-Americana de 2024.

Gabriel Lima citou algumas metas na reunião: elevar as receitas recorrentes em 30%, terminar o ano com 50 mil sócios com um tíquete médio de R$ 40 por mês (R$ 25 milhões/ano), obter lucro nas partidas no Mineirão e pagar as dívidas na Fifa dentro de um cronograma que não inviabilize a operação do futebol.

“A gente trabalha com propósito e quer deixar um legado. O Ronaldo fala muito sobre isso: não é ganhar dinheiro, nem vender ou comprar clube. É sobre deixar um legado. Ele quer ser maior agora do que ele foi dentro de campo. É um propósito agressivo e legal que queremos trazer para o dia a dia de trabalho”, declarou o diretor.

Acordo

Ronaldo assinará a compra de 90% das ações da SAF do Cruzeiro por um investimento de R$ 400 milhões pelos próximos cinco anos. Ele aportará R$ 50 milhões de imediato e outros R$ 350 milhões de recursos próprios e/ou receitas incrementais acima da média de faturamento de 2017 a 2021 (deve girar em torno de R$ 220 milhões).

Desta forma, se o Cruzeiro em determinado ano obtiver um ganho de R$ 300 milhões com a atividade esportiva (vendas de atletas, direitos de TV, publicidade, premiação, bilheteria, sócio, etc), será como se o Fenômeno tivesse aplicado R$ 80 milhões.

No fim de janeiro, o empresário pagou R$ 26 milhões em débitos na Fifa pelas aquisições de Arrascaeta (Defensor-URU) e Riascos (Mazatlán-MEX, antigo Monarcas Morelia), em 2015, e Rafael Sobis (Tigres-MEX), em 2016. A quantia integra os R$ 50 milhões de entrada no negócio.

Agora, Ronaldo liberará R$ 24 milhões para o Cruzeiro, que manterá salários em dia e solucionará os débitos com Independiente del Valle, do Equador, pelo zagueiro Caicedo (R$ 12 milhões), e Atlético-AC pelo atacante Careca (R$ 1,1 milhão). Por causa dos imbróglios na Fifa e na CNRD, o clube está impossibilitado de registrar reforços no BID da CBF.

A empresa do ex-centroavante ainda terá de repassar 20% de suas receitas mensais para a amortização do passivo do clube, hoje em torno de R$ 1 bilhão, mas com possibilidade de redução por meio de negociação junto aos credores.


Veja o faturamento do Cruzeiro com o futebol profissional de 2016 a 2020:

2020: R$ 116.123.000,00
2019: R$ 267.554.320,00
2018: R$ 318.857.150,00
2017: R$ 283.382.276,45
2016: R$ 222.404.224,69

2020

R$ 23,4 milhões - direitos econômicos
R$ 40,3 milhões - publicidades e transmissões de TV
R$ 33,7 milhões - patrocínios e royalties
R$ 1 milhão - bilheterias
R$ 11,8 milhões - sócio-torcedor
R$ 5,6 milhões - outras receitas

2019

R$ 108,1 milhões - direitos econômicos
R$ 105,7 milhões - publicidades e transmissões de TV
R$ 18,1 milhões - patrocínios e royalties
R$ 18,3 milhões - bilheterias
R$ 14,1 milhões - sócio-torcedor
R$ 3 milhões - outras receitas

2018

R$ 45,9 milhões - direitos econômicos
R$ 190,7 milhões - publicidades e transmissões de TV
R$ 32,5 milhões - patrocínios e royalties
R$ 23,9 milhões - bilheterias
R$ 23,1 milhões - sócio-torcedor
R$ 2,5 milhões - outras receitas

2017

R$ 35,1 milhões - direitos econômicos
R$ 177,1 milhões - publicidades e transmissões de TV
R$ 26,3 milhões - patrocínios e royalties
R$ 16,4 milhões - bilheterias
R$ 22,3 milhões - sócio-torcedor
R$ 5,9 milhões - outras receitas

2016

R$ 28,4 milhões - direitos econômicos
R$ 130,9 milhões - publicidades e transmissões de TV
R$ 26,7 milhões - patrocínios e royalties
R$ 31,3 milhões - bilheterias e sócio-torcedor
R$ 4,8 milhões - outras receitas

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