Sede da próxima edição dos Jogos Olímpicos, a França aproveitou o Dia Internacional das Mulheres e promoveu, na última terça-feira (8/3), na Embaixada francesa em Brasília, o debate “Mulheres no esporte — em busca da igualdade, sem prorrogação”. Mediado pela jornalista Gabriela Moreira, a conversa contou com a participação de diversas personagens do mundo do esporte, que compartilharam suas vivências e desafios na carreira.
A embaixadora da França no Brasil, Brigitte Collet, abriu o debate e teve a fala complementada pela embaixadora francesa para o esporte, Laurence Fischer. As anfitriãs reforçaram a igualdade de gênero no esporte. Na sequência, o secretário nacional de esportes de alto rendimento, Bruno Souza, também discursou na abertura e reconheceu a força e a luta feminina em busca de reconhecimentos maiores.
"A França defende a igualdade entre homens e mulheres em seu território, mas também no exterior. O esporte é um setor estratégico para nossas sociedades, particularmente no campo da igualdade entre homens e mulheres", enfatizou a embaixadora francesa no Brasil.
"Sabemos que a luta não cessa, como nação e sociedade. Temos que celebrar e lembrar das pioneiras que desbravaram e abriram espaço para que todas pudessem conquistar uma posição de destaque", seguiu Bruno Souza.
Os convidados conheceram parte das trajetórias do quarteto formado pela esgrimista Amanda Bueno, participante dos Jogos Rio-2016, a campeã paralímpica de ciclismo, Jady Malavazzi, a Secretária Nacional da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem e multimedalhista, Luisa Parente, além da diretora da Confederação Brasileira de Rugby, Mariana Miné.
Elas contaram o início de suas histórias no esporte, compartilharam os desafios dentro e fora das disputas. Durante o bate-papo, revelaram alguns dramas, como casos machismo e preconceito, mas reforçaram o discurso de perseverança, atitude e força feminina.
Mediadora do debate, a jornalista Gabriela Moreira indicou um caminho importante para a igualdade de gênero. “Antes de praticar qualquer esporte, a mulher tem de ter uma consciência política e saber onde ela quer chegar”, disse.
Na contagem para Paris-2024, a embaixadora francesa lembrou que a primeira participação feminina em Olimpíadas foi justamente na Cidade Luz, em 1900. De lá para cá, os números delas só aumentam. Em Los Angeles-1932, as mulheres eram apenas 9%, mas, na Rio-2016, o índice bateu 45% e atingiu sua maior marca em Tóquio-2020, com 48,8%. O país-sede da próxima edição do Jogos trabalha com a expectativa de ser o primeiro com divisão igualitária de atletas, ou seja, atingindo 50% de participação feminina.
Embora, a presença feminina seja crescente no esporte, assim em como em outras áreas do cotidiano, há forte desigualdade. Se tratando de disputas em alto nível, a maior parte das mulheres não recebem remunerações equivalentes aos homens. O exemplo mais próximo no Brasil é o Corinthians. Tricampeão nacional, as alvinegras receberam R$ 290 mil pelo último caneco doméstico, o equivalente a 0,87% dos R$ 33 milhões pagos ao Atlético-MG, vencedor da competição masculina.
A desigualdade também impera nas oportunidades. Os homens campeões continentais têm encontro marcado no Mundial de Clubes da Fifa. As mulheres, contam com torneios continentais apenas na África, América do Sul, Europa e Ásia e não contam com uma competição entre as melhores de cada canto do globo. Campeão da Libertadores, o próprio Corinthians não terá a oportunidade de enfrentar o Barcelona, campeão da Liga dos Campeões feminina.
*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima