Um juiz argentino arquivou um processo por suposto tráfico de pessoas movido por uma ex-namorada cubana do falecido Diego Maradona, medida que foi apelada nesta quinta-feira (3/3) pela defesa da mulher em Buenos Aires.
O juiz federal Daniel Rafecas encerrou a investigação ao considerar que a morte de Maradona em novembro de 2020 "extinguiu" os supostos crimes, que também ocorreram há mais de 20 anos, ou seja, estariam prescritos, segundo a decisão judicial.
O caso foi aberto em setembro do ano passado devido a uma denúncia da cubana Mavys Álvarez Rego, que era menor de idade quando teve um relacionamento afetivo com Maradona no início dos anos 2000.
A denúncia pelos supostos crimes de tráfico de pessoas, privação de liberdade, lesões gravíssimas, redução à servidão e iniciação às drogas aponta para pessoas que na época estavam ligadas ao ex-jogador argentino.
Mas, em sua decisão, o juiz considerou que os fatos relatados "teriam sido realizados principalmente por Maradona, com a participação secundária de seus colaboradores entre 9 de novembro de 2001 e 19 de janeiro de 2002", segundo os autos de admissão no país de Mavys Alvarez.
"Ninguém foi chamado para depor", criticou Fernando Míguez, representante legal de Álvarez na Argentina. O advogado disse que vai denunciar o juiz Rafecas e o promotor Carlos Rívolo perante o Conselho Judicial (órgão que nomeia e destitui os juízes) devido ao arquivamento do caso.
"Não fizemos denúncia contra Maradona, mas contra seu entorno. Já recorremos da decisão na Câmara Federal", informou Míguez à AFP.
Mavys Álvarez, que vive em Miami desde 2014 e é mãe de dois filhos, prestou seu depoimento no ano passado perante a Justiça argentina sobre os fatos ocorridos quando ela, ainda uma adolescente de 16 anos, viajou com Maradona para Buenos Aires para assistir à partida de homenagem ao eterno camisa 10 argentino no estádio La Bombonera, em 2001.
De acordo com seu relato, durante sua estada de dois meses em Buenos Aires, Mavys passou por uma cirurgia plástica nos seios, pela qual teve um pós-operatório doloroso. Segundo ela, o entorno de Maradona a mantinha trancada e sem os devidos cuidados.
Diante da imprensa em Buenos Aires, ela também relatou episódios de violência a que teria sido submetida por Maradona, mas o juiz disse que os fatos ocorridos em Cuba não são de sua jurisdição.
Segundo Álvarez, a relação entre eles durou grande parte da estada de Maradona em Cuba, entre 2000 e 2005, quando o ex-jogador viveu na ilha para se reabilitar de seus vícios, depois de ter estado à beira da morte.
As pessoas denunciadas no caso e que faziam parte do entorno de Maradona na época são Carlos Ferro Viera e Gabriel Bruno, além de Omar Suárez, Mariano Isralit e o ex-deputado Guillermo Coppola.