Congresso Olímpico Brasileiro

Redes sociais e eSports viram trunfos do COI para engajar público teen

Entenda como o Comitê Olímpico Internacional usa o mundo virtual como ferramente para atrair a atenção dos jovens e renovar os seguidores do maior evento esportivo do mundo

Marcos Paulo Lima - Enviado especial
postado em 21/03/2022 19:11 / atualizado em 21/03/2022 23:23
Lenny Abbey durante a palestra ministrada no palco principal do Centro de Convenções de Salvador durante o Congresso Olímpico Brasileiro -  (crédito: Saulo Cruz/COB)
Lenny Abbey durante a palestra ministrada no palco principal do Centro de Convenções de Salvador durante o Congresso Olímpico Brasileiro - (crédito: Saulo Cruz/COB)

Salvador — A cada caminhada pelos corredores do Centro de Convenções de Salvador no último fim de semana, durante o Congresso Olímpico Brasileiro, ouvia-se um "ei, psiu", seguido de um simpático convite tentador para interagir com modalidades novatas nos Jogos. Quem topava fazia manobras radicais do skate ou encarava a escalada — esportes calouros em Tóquio-2020. Era possível também conhecer de pertinho o breakdance, uma das novidades em Paris-2024.

A degustação é uma estratégia não somente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), mas principalmente do Comitê Olímpico Internacional (COI) para aproximar ainda mais o público jovem do maior evento esportivo do mundo. A tática se estende às redes sociais e passa a ter como alvo, também, os praticantes de eSportes, os chamados jogos eletrônicos.

Uma das palestras do último dia do Congresso realizado no último sábado e domingo foi justamente de um membro do COI. O estadunidense Lenny Abbey é o líder de engajamento junto aos Comitês Olímpicos Nacionais. No centro do palco principal, ele falou sobre o tema Moldando o futuro do olimpismo e do esporte: Agenda Olímpica 2020+5.

A Agenda 2020+5 é um documento de recomendações aprovado pelo Comitê Executivo do COI para nortear o esporte olímpico até 2025 e manter o Movimento Olímpico atualizado com as tendências do mundo. Entre as 15 ferramentas para isso estão: promover Jogos Sustentáveis, proteger atletas limpos e o interesse dos jovens pelo evento. Um dos trunfos neste caso é a popularidade do mercado de eSports. O desafio é incentivar cada federação internacional a desenvolver formas virtuais e simuladas de suas respectivas modalidades.

“Por conta da covid-19 vimos um forte crescimento da indústria de games e a oportunidade de construirmos um evento virtual a partir da marca olímpica. Tivemos como objetivo alavancar a participação dos gamers e fortalecer as inovações no Movimento Olímpico, combinando o esporte físico e digital, atraindo o público e atribuindo valor. O primeiro passo foi o Olympic Virtual Series”, afirmou Lenny Abbey durante a apresentação.

O foco é sobretudo na geração Z, cada vez mais marcada pela relação íntima com a tecnologia e os meios digitais. Por isso damos esses passos rumo aos esportes virtuais, que estão crescendo enormemente. A juventude está ali. As pessoas acham que não tem como esportes e games trabalharem juntos. Mas há muito a fazer e aprender dos dois lados. Tem essa parte de engajamento geral para conseguirmos ainda ter credibilidade. Sem isso, não conseguimos ir para frente”, argumenta Abbey.

Lenny Abbey durante a palestra ministrada no palco principal do Centro de Convenções de Salvador durante o Congresso Olímpico Brasileiro
Lenny Abbey durante a palestra ministrada no palco principal do Centro de Convenções de Salvador durante o Congresso Olímpico Brasileiro (foto: Saulo Cruz/COB)

A projeção do executivo do COI reforçou a apresentação do futurista e humanista alemão Gerd Leonhar, o primeiro a se apresentar no Congresso Olímpico Brasileiro, em Salvador. “Precisamos entender que estamos entrando em um novo momento no esporte. Além da revolução da sustentabilidade e dos Jogos Olímpicos verdes, as pessoas querem cada vez mais fazer parte. Serão importantes para o esporte a realidade virtual, a realidade aumentada e a realidade mista. E vocês precisam estar preparados, principalmente, se são responsáveis pela gestão de grandes eventos e esportes olímpicos. A missão é combinar a experiência online e offline, sempre lembrando que a tecnologia é uma ferramenta, não o fim em si. Nós fazemos o futuro”, afirmou Gerd. O alemão é autor de cinco livros sobre o futuro da humanidade e da tecnologia, ética digital, inteligência artificial e liderança futura.

Protagonista de uma medalha de ouro no salto e de uma prata no individual geral em Tóquio-2020, a ginasta Rebeca Andrade circulou pelos corredores do Congresso Internacional Olímpico e compartilhou o debate proposto pelos palestrantes.

“Aqui nós temos uma troca de saberes com diversos profissionais, de áreas diferentes, e que se juntam em uma só equipe para transmitir informações. Muitos deles conheço e outros são novos. Então, estar aqui é um prazer, porque podemos abrir os olhos para tudo o que está na evolução do esporte e que ainda podemos transformar”, disse a atleta.

 

Confira abaixo as 15 recomendações da Agenda 2020+5

1. Fortalecer a singularidade e universalidade dos Jogos Olímpicos

2. Fomentar Jogos Olímpicos Sustentáveis

3. Reforçar direitos e responsabilidades dos atletas

4. Continuar a atrair os melhores atletas

5. Fortalecer ainda mais o esporte seguro e a proteção de atletas limpos

6. Melhorar e promover o caminho até os Jogos Olímpicos

7. Coordenar a harmonização do calendário esportivo

8. Aumentar o engajamento digital com as pessoas

9. Encorajar o desenvolvimento de esportes virtuais e o engajamento com comunidades de gamers

10. Fortalecer o papel do esporte como um importante facilitador para as metas de desenvolvimento sustentável da ONU

11. Fortalecer o apoio a refugiados e populações afetadas por deslocamentos

12. Alcançar além da comunidade olímpica

13. Continuar a liderar pelo exemplo na cidadania corporativa

14. Fortalecer o movimento olímpico através da boa governança

15. Inovar os modelos de geração de receitas

 

*O repórter viajou a convite do Comitê Olímpico do Brasil (COB)

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