Se o Clássico dos Milhões de ontem, no Maracanã, fosse comparado a um desses reality shows de música, diríamos que um desafinado Flamengo fez o suficiente para convencer apenas um jurado a apertar o botão, virar a cadeira e se convencer a aprovar uma apresentação fora do compasso. O vocalista Gabriel Barbosa tentou tirar onda depois de mais uma cobrança de pênalti perfeita — mas contestada pelo Vasco. Levou as mãos ao ouvido em tom de provocação à torcida adversária, mas o som da banda de Paulo Sousa frustrou os fãs.
Se ao menos um jurado aprovou o Flamengo na primeira noite de audições da semifinal do Carioca, ninguém virou a cadeira para o Vasco. Principalmente no primeiro tempo. Medroso, complexado e extremamente respeitoso, o coral de Zé Ricardo se encolheu. Historicamente gigante, comportou-se como um time pequeno na etapa inicial. Corria atrás da bola enquanto o arquirrival circulava a pelota com carinho em busca de espaço para abrir o marcador.
Como o Vasco se recusava a atacar, uma cena curiosa do outro lado do campo sintetizava o abismo técnico e financeiro entre os times. O goleiro Hugo Souza ficava se aquecendo no treino de luxo de ataque contra defesa.
Como a posse de bola estéril no primeiro tempo não se traduzia em gol com bola rolando, a oportunidade clareou graças a um pênalti. O árbitro interpretou com o auxílio do VAR que a bola tocou no braço do zagueiro Anderson Conceição depois de uma cobrança de escanteio de Arrascaeta. Houve muita reclamação, mas Gabigol pegou a bola e deslocou o goleiro Thiago Rodrigues para fazer o gol da vitória.
Covarde no primeiro tempo, o Vasco mudou de postura na etapa final e passou a causar ruídos na defesa rubro-negra. Displicente, o Flamengo viu o goleiro Souza começar a trabalhar — e cometer velhos erros com os pés.
O volume de jogo do Vasco aumentou, porém esbarrava na limitação técnica. As melhores oportunidades paravam na defesa ou no goleiro rubro-negro. Enquanto o Vasco tentava jogar no limite, Paulo Sousa poupava peças para o segundo jogo, no domingo, às 16h, novamente no Maracanã. Como tem a vantagem de dois resultados iguais, o time da Gávea pode até perder por 1 x 0 para avançar à final contra Botafogo ou Fluminense.
Filipe Luís comentou o que faltou ao Flamengo para resolver a semifinal. "Estamos buscando a concentração. Acho que faltou isso na temporada passada. Estamos focados em manter isso. A mentalidade do clube é ser sempre ofensivo", declarou o lateral-esquerdo cada vez mais adaptado ao papel de zagueiro.
O goleiro vascaíno Thiago Rodrigues elogiou a postura do time. "Fizemos um jogo equilibrado. Temos que elogiar também nossa torcida, que cantou o tempo inteiro e nos ajudou nessa batalha. Agora, vamos para o próximo jogo. Clássico é detalhe, temos que entrar mais concentrados, trabalhar nesses próximos dias", comentou.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.