Há 30 anos, uma União Soviética em processo de desintegração no capítulo final da Guerra Fria disputava a Euro-1992 na base do improviso rebatizada de Comunidade dos Estados Independentes (CEI). Foram 10 jogos utilizando o pseudônimo. Não havia mais a bandeira vermelha com a foice e o martelo. Muito menos a sigla URSS ou de outra república parceira na formação do elenco. Uma delas, por sinal, era a Ucrânia, que cedera sete jogadores.
Três décadas depois, a Rússia não teve tempo de ir ao cartório inventar outro nome alternativo. O país de Vladimir Putin amarga sua maior punição em meio à invasão da Ucrânia, iniciada há seis dias. Menos de 24 horas após ser condenado pela Fifa a jogar em campo neutro, sem hino, bandeira e torcida, o país anfitrião da última Copa está banido do Mundial do Catar. Os comandados de Valeri Karpin enfrentariam a Polônia na repescagem. Se avançassem, duelariam com República Tcheca ou Suécia. Os três concorrentes pressionaram e se recusaram a jogar contra a Rússia.
A decisão tomada pela Fifa em conjunto com a Uefa atinge formações masculinas, femininas, de base e os clubes. O Spartak Moscou foi desqualificado da Liga Europa. A Rússia pode recorrer da decisão ao Tribunal Arbitral do Esporte (TAS). As sanções devem ser suspensas se houver acordo de paz nos próximos dias.
Em meio ao ataque à Ucrânia, a Rússia se vira contra a Fifa. "Essa decisão vai contra as normas e princípios das competições internacionais, assim como contra o espírito do esporte. Ela tem óbvio caráter discriminatório e prejudica um largo número de atletas, técnicos, funcionários, clubes e seleções. E o mais importante: milhões de russos e torcedores estrangeiros", rebateu o comunicado da Federação Russa.
A entidade recorrerá da punição. A expectativa é de que a Polônia seja declarada vencedora da repescagem contra a Rússia e aguarde o remanescente entre República Tcheca e Suécia. Outra possibilidade é a Eslováquia herdar a vaga da Rússia, terceira colocada no Grupo H das Eliminatórias da Europa para o Mundial do Catar. A decisão é da Uefa.
Até segunda ordem, a seleção feminina da Rússia está fora da Euro-2022. O torneio tem previsão de início em 6 de julho, na Inglaterra. O país caiu no Grupo C contra Holanda, Suécia e Suíça. Se a punição prevalecer, Portugal deve assumir a vaga russa.
A Uefa rompeu, "com efeito imediato", a parceria com a gigante russa Gazprom, um de seus principais patrocinadores desde 2012. O contrato, previsto para terminar em 2024, era estimado em 40 milhões de euros por ano (R$ 231 milhões).
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