A decisão do Mundial de Clubes da Fifa entre Chelsea e Palmeiras, amanhã, às 13h30, definirá o mais novo dono do planeta bola. No caso de vitória alviverde, significará quebra de paradigma em um esporte regido majoritariamente por homens. Primeira mulher a presidir o Palestra, Leila Pereira também pode se tornar pioneira na conquista do título máximo para clubes. A última pedra nos sapatos dela e da equipe paulista é o magnata russo Roman Abramovich. O papa-títulos dos Blues cobiça o único troféu que lhe falta, desde que adquiriu a propriedade londrina, em 2003, por 140 milhões de libras (cerca de R$ 639 milhões à época). No ambiente corporativo, o ricaço ainda precisa quebrar barreiras. Ele é o dono, Bruce Bruck, o presidente, e, ao contrário da presidente Leila Pereira, Marina Granovskaia ainda ocupa há nove anos a função de diretoria no time londrina depois do papel de assistente de ser Abramovich.
Quando a bola rolar para a decisão mais importante da história centenária do Palmeiras, Leila Pereira não terá completado nem dois meses na presidência. Ela assumiu a cadeira em 15 de dezembro do ano passado, mas atuava nos bastidores do clube. A empresária é proprietária da Crefisa e da Faculdade das Américas (Fam). Em 2015, as empresas dela fecharam patrocínio com o alviverde. Leila passou a ser fundamental para o início da era vitoriosa dos bicampeonatos da Copa do Brasil (2015 e 2020), do Campeonato Brasileiro (2016 e 2018), Paulista (2020) e Libertadores (2020 e 2021). Dois anos depois, a executiva tornou-se a conselheira mais votada do Verdão, com 248. Foi reeleita em 2017, novamente com recorde de 387, e ficou apta a concorrer pelo cargo máximo de direção.
Ao lado do marido, o também empresário José Roberto Lamacchia, Leila acumula patrimônio avaliado em
R$ 3,6 bilhões, segundo a revista Forbes. A fortuna, porém, não se traduz em investimentos astronômicos no clube. Durante a primeira entrevista coletiva como presidente do Palmeiras, ela prometeu não comprometer as finanças para trazer jogadores. Dito e feito. O técnico Abel Ferreira embarcou para Abu Dhabi sem o tão desejado centroavante badalado. Pelo menos, na semifinal contra o Al Ahly, o camisa 9 não fez falta.
A classificação para a final deixou a mandatária orgulhosa. "Estamos disputando o Mundial com o campeão da Liga dos Campeões. É um jogo extremamente difícil, mas já é um grande feito estarmos aqui nesse patamar. Estamos aqui para lutarmos e voltarmos para o Brasil com esse troféu", disse.
A última fronteira entre Leila Pereira e seu Palmeiras e o topo do mundo vem da Rússia e comanda o Chelsea desde 2003. Roman Abramovich é o magnata que alavancou o clube de Londres. Com ele no comando, os Blues conquistaram quase tudo que era possível, desde a Premier League, passando pelas copas e supercopas nacionais, a duas edições da Champions League (2012 e 2021). Falta aos ingleses, portanto, um único caneco: o Mundial. Há pouco menos de 10 anos, eles estiveram perto do feito, mas amargaram o vice diante do Corinthians.
Avaliado em 13,6 bilhões de dólares (cerca de R$ 71 bilhões), o patrimônio de Abramovich pode até não entrar em campo, mas contribui para que o Chelsea desponte com certo favoritismo. A bolada do chefão dos Blues coloca à disposição do melhor técnico do planeta, o alemão Thomas Tuchel, peças de alto calibre, como o centroavante Lukaku, o meia Havertz, o zagueiro Thiago Silva, além do melhor goleiro do mundo na atualidade — o senegalês Édouard Mendy.
Na contagem regressiva para a final, Abel Ferreira se apega à experiência de outras seis finais pelo Palmeiras. Ontem, o técnico trabalhou com força máxima no penúltimo treino antes da decisão. O lusitano conta, ainda, com a chegada de Gabriel Veron, recuperado da covid-19. Pelo lado inglês, as novidades ficam por conta do retorno do goleiro Mendy, que estava com a seleção senegalesa, e da presença de Mason Mount, recuperado de lesão, brigando por vaga entre os titulares.
* Estagiário sob a supervisão
de Marcos Paulo Lima