Abel Ferreira tem um plano. Finalista do Mundial de Clubes depois de eliminar o Al Ahly, ontem, por 2 x 0, nas semifinais do torneio disputado em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, o comandante do Palmeiras pode se tornar, no sábado, às 13h30, contra Chelsea ou Al Hilal, o primeiro técnico português a conquistar o torneio em qualquer era, ou seja, Copa Intercontinental, Copa Toyota ou sob a chancela da Fifa. O Porto conquistou a competição duas vezes. Jamais sob a batuta de um treinador lusitano.
Por sinal, na história dos torneios profissionais e de categorias de base organizados pela Fifa, apenas um treinador nascido na terra de Camões ganhou título mundial: Carlos Queiroz, bicampeão sub-20 à frente de Portugal em 1989 e em 1991. No último domingo, ele amargou o vice da Copa Africana de Nações pelo Egito na decisão contra Senegal.
O Porto é o único clube português campeão mundial. Foi comandado por técnicos estrangeiros nas duas conquistas. Em 1987, sob a batuta do sérvio Tomislav Ivic. O time que derrotou o Peñarol na decisão contava com os brasileiros Geraldão e Juary. Na temporada 2004, o time era liderado pelo espanhol Victor Fernández no triunfo sobre o Once Caldas. Diego, Derlei, Pepe e Carlos Alberto faziam parte do elenco.
Seis meses antes, o time havia conquistado a Champions League com o português José Mourinho. O Special One trocou o Porto pelo Chelsea após o título. Mourinho também abriu mão de disputar o Mundial em 2010. Ganhou a Europa pela Internazionale, mas largou o time para assumir o Real Madrid. O espanhol Rafa Benítez ganhou o torneio intercontinental pela trupe italiana.
Embora tenha treinadores badalados mundo afora como Fernando Santos, José Mourinho, André Villas-Boas, Carlos Queiroz, Nuno Espírito Santo, Vitor Pereira, Bruno Lage, Sergio Conceição, Paulo Bento e outros, Portugal tenta entrar na lista dos 12 países. Argentinos, brasileiros, italianos, espanhóis, uruguaios, franceses, alemães, holandeses, escoceses, sérvios, austríacos e romenos conseguiram o feito.
Adversário
Abel Ferreira não é o único candidato português a quebrar o tabu. Adversário do Chelsea na semifinal de hoje, às 13h30 (de Brasília), o Al Hilal, da Arábia Saudita, do atacante Michael, é comandado por Leonardo Jardim. O ex-dono da prancheta do Monaco já foi um dos sonhos de consumo do Flamengo na época da saída de Jorge Jesus do Ninho do Urubu.
Em entrevista à Band depois da vitória contra o Al Ahly, Abel Ferreira evitou promessas. “É Davi contra Golias, nunca vendi ilusões a ninguém, vamos esperar para ver quem será o nosso adversário. Conheço muito bem o treinador português (Leonardo Jardim). Posso dizer que trabalhei com ele quando eu era treinador de juniores no Sporting. É um amigo”.
Questionado se deseja enfrentar o Chelsea, do alemão Thomas Tuchel, ou o Al Hilal, de Leonardo Jardim, Abel saiu pela tangente. “Eu prefiro estar na final como estamos e agora vamos desfrutar e competir. E temos um propósito que é ganhar”, comentou o treinador alviverde.
Embora Dudu tenha dado um passe para o gol de Raphael Veiga e marcado o segundo, Abel evitou nomear um herói. “Nós somos uma família. Ganhamos todos juntos e perdemos todos juntos. Amanhã, vão nos dizer ‘parabéns’. Gosto de, na minha vida, ter muito equilíbrio e acho que isso fez a gente ganhar hoje: respeitar o nosso adversário. Seguimos um plano e as coisas são muito claras. Eu digo muito certamente o que é preciso fazer, mas isso é só 30%, os outros 70% são coisas que não se vê”.