Dudu saiu do Palmeiras na metade de 2020 com a promessa de que voltaria. Voltou um ano depois, fez os torcedores felizes de novo e ergueu a taça que mais almejava: a Libertadores. Depois de disputar, no ano passado, o Mundial de Clubes pelo Al Duhail, do Catar, tem, agora, a chance de liderar a equipe paulista na busca pelo tão desejado troféu do torneio da Fifa e ajudar a acabar com o gracejo dos rivais de que o time alviverde não é campeão mundial. "Vamos fazer um grande Mundial", disse o ídolo palmeirense, que se tornou, com as saídas de Jailson e Victor Luís, o atleta mais longevo do elenco.
Em janeiro, o camisa 7 completou 30 anos de idade — sete, desde que pisou pela primeira vez na Academia de Futebol. Nas primeiras temporadas no Palmeiras, brilhou em campo, mas acumulou algumas controvérsias e era visto como um jogador de temperamento irascível. Hoje, o atacante diz estar mais calmo e maduro. Vive o melhor momento esportivo e pessoal, após uma separação e a tomada de novos caminhos. A seguir, confira a entrevista com o jogador.
Você fez 30 anos recentemente. Quando chegou ao Palmeiras, em 2015, era jovem. O que mais mudou em relação ao Dudu de sete anos atrás?
Acho que foi o amadurecimento. Quando cheguei, em 2015, ainda estava tendo uma formação como atleta e homem. De lá para cá, amadureci muito. Dentro e fora de campo. Tornei-me um pai melhor, uma pessoa melhor. Tudo graças ao convívio que tive dentro do Palmeiras, com pessoas boas que me ajudaram. Esse amadurecimento me fez crescer bastante.
Considera estar na melhor fase esportiva e também pessoal?
Tive grandes momentos no Palmeiras no passado. Mas, quanto à vida pessoal, estou vivendo um bom momento. Com meus filhos e minha esposa, a Paulinha. Estamos vivendo grandes conquistas juntos.
Com as saídas de três dos atletas mais longevos do elenco — Jailson, Felipe Melo e Willian —, você considera que sua importância como líder do elenco passa a ser maior?
Eu tenho sempre que dar bons exemplos. Até mesmo quando esses três atletas estavam aqui, tinha um papel muito importante dentro do clube. Com a saída deles, eu me torno o atleta com mais tempo de Palmeiras. E sempre procuro dar bons exemplos para os mais novos, os jogadores que estão subindo da base. Procuro ser uma boa pessoa dentro e fora de campo para que sigam meu exemplo. Espero que esses jovens fiquem bastante tempo no Palmeiras. É um clube que exige muito do jogador. Quem está há bastante tempo aqui está porque merece. Espero que esses mais jovens construam uma história bonita como a que criei.
Com Cuca, você usou em vários momentos a faixa de capitão. Pensa em voltar a usá-la?
Eu tenho essa liderança dentro de campo. Acho que um líder não precisa da faixa para saber que é um exemplo, uma referência dentro do clube. Respeito todos e eles me respeitam também. Estão sempre pedindo a minha opinião. Dou-me muito bem com Gómez, Weverton e Rocha, que foi capitão recentemente. Para ser capitão não precisa usar a faixa, mas ter o respeito de todos os jogadores, da comissão técnica e dos torcedores.
O que representa para você voltar a usar a camisa 7?
É um número que sempre gostei, com o qual tenho uma identificação muito grande. Desde o Cruzeiro e o Grêmio, usava a camisa 7. Faço aniversário dia 7 de janeiro. Tenho uma ligação muito grande com esse número. Conquistei grandes títulos vestindo essa camisa. Espero continuar marcando o meu nome na história do clube para que, no futuro, no fim da minha carreira, cheguem jogadores para assumir a camisa 7 e o pessoal dizer que eles têm de honrar essa camisa como o Dudu honrou. Meu objetivo é ficar marcado no Palmeiras como o Dudu que conquistou grandes coisas com a camisa 7.
Como foi disputar o Mundial, no ano passado, por outro clube?
Foi estranho. Tinha até a possibilidade de enfrentar o Palmeiras, mas, felizmente, isso não aconteceu. É estranho porque me identifico com o clube, tenho carinho com o torcedor. Queria ter disputado o Mundial passado pelo Palmeiras. Agora, tenho essa chance e espero que a gente possa ir melhor do que em 2021. A gente precisa chegar até a final e esperamos fazer tudo certo e estar num dia bom para conquistar esse título.
O time está mais bem preparado em relação à edição passada?
Sim. No ano passado, o Palmeiras não teve tempo entre a conquista da Libertadores e a estreia no Mundial. Não houve tempo para se preparar, treinar... Os jogadores chegaram muito em cima. Neste ano, deu tempo para descansar e treinar. Espero que a gente jogue concentrado nesses dois jogos. A gente se preocupa com a semifinal. Não pensamos ainda na final. Se Deus quiser, vamos conseguir esse título.
Passa pela sua cabeça marcar o gol do título ou um gol decisivo, como foi o da semifinal da Libertadores diante do
Atlético-MG?
Todo jogador sonha com isso. Quer fazer gol em qualquer campeonato. O gol é a máxima do futebol. Se Deus nos abençoar e eu estiver em um dia bom para fazer gol, seria ótimo. Mas, se não for o meu dia, que seja de outro jogador, que seja do Palmeiras para conquistarmos esse título, porque é o que fica marcado na história. Se eu fizer gol, ficarei muito feliz, mas, se não marcar e formos campeões, também vou ficar muito feliz. Quero marcar meu nome na história do clube para o resto da vida.
Essa é a maior oportunidade de o Palmeiras conquistar o Mundial?
Estamos bem treinados, bem trabalhados. Sabemos que as outras equipes também estão se preparando bem, reforçando o elenco. Estamos muito focados neste objetivo. É um sonho de todo atleta disputar o Mundial por um clube tão grande como o Palmeiras. Sabemos da nossa responsabilidade. Vamos fazer um grande Mundial.
Além do maior tempo de preparação, o que pode fazer a diferença desta vez? O fato de o elenco ter passado por uma frustração no ano passado ajuda?
Acho que sim, ajuda. O jogador está acostumado, está adaptado a essa competição. Sabe que não pode vacilar, porque é um jogo só para ir à final. Sabemos que, para sermos campeões mundiais, teremos de estar muito concentrados como estivemos na final da Libertadores, no Uruguai.
Em um torneio de tiro curto, como o Mundial, com dois jogos, o aspecto mental acaba sendo o mais importante?
Creio que sim, porque temos de estar sempre concentrados. Se tomarmos ou fizermos um gol, sabemos que temos de nos manter focados no jogo. Não muda nada. Nosso objetivo é jogar o jogo até o fim com concentração. Vamos enfrentar adversários difíceis, que também sonham em ser campeões mundiais. Do goleiro ao atacante, do treinador ao presidente, todos estamos pensando no mesmo objetivo.
"Estamos bem treinados, trabalhados, focados neste objetivo. Sabemos da nossa responsabilidade. Vamos fazer um grande Mundial. Quero marcar meu nome na história do clube"
Dudu, atacante do Palmeiras