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A precoce dança das cadeiras dos técnicos do futebol brasileiro

Demissão de Vagner Mancini, no Grêmio, e de outros nomes em 2022 mostra como a banda toca para os treinadores no Brasil. Mesmo sem o brilho de outras eras, os estaduais ainda são métodos rigorosos de avaliação de trabalho

Victor Parrini*
postado em 15/02/2022 08:00
 (crédito:  Lucas Uebel/Gremio FBPA)
(crédito: Lucas Uebel/Gremio FBPA)

Bancados por dirigentes e pressionados pelas torcidas, os técnicos do futebol brasileiro costumam viver indefinições até mesmo na “calmaria” de pré-temporada. Vagner Mancini que o diga. Ele foi contratado pelo Grêmio em outubro do ano passado, com a missão de livrar o Imortal de seu terceiro rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Porém, falhou. Contudo, em dezembro, a diretoria garantiu que ele seguiria com a prancheta em 2022, o ano da retomada. O voto de confiança durou dois meses. Na última segunda-feira (14/2), Mancini foi demitido, dando continuidade à dança das cadeiras nas quatro linhas.

Vagner Mancini encerra a sua segunda passagem pelo lado azul de Porto Alegre exatamente 14 anos depois do fim de seu primeiro trabalho no clube. À época, ele comandou o Grêmio por seis jogos, sem nenhuma derrota, mas também sem convencer diretoria e torcedores. Agora, o treinador arruma as malas após 18 partidas, com nove vitórias, três empates e seis derrotas, o equivalente a um aproveitamento de 55,5%. Para o seu lugar, o tricolor fechou, ainda ontem, com Roger Machado.

A dança das cadeiras começou a temporada de 2022 em um ritmo frenético. Entre os times da Série A do Brasileiro, 25% anunciaram baixas nos bancos de reservas, ou seja, cinco dos 20 que disputam a elite. O cenário, inclusive, deve voltar ao patamar de anos anteriores. Após somente um ano em vigor, os times da elite nacional derrubaram a regra que limitava o número de trocas durante a primeira divisão, que tem início marcado para abril. Na Segundona, os participantes seguiram o mesmo caminho.

Antes de Mancini, os ventos de demissão também assolaram o Parque São Jorge, em São Paulo. Mesmo com a continuidade garantida pela alta cúpula do Corinthians, Sylvinho não resistiu à derrota de virada para o Santos pelo Paulistão e, claro, à pressão da torcida alvinegra. Ele é mais uma prova viva de que a “convicção” dos dirigentes pode estar em baixa.

A diretoria corintiana ainda não definiu um nome para comandar o elenco, mas promete seguir a tendência de mirar um profissional estrangeiro. Enquanto o treinador não vem, a alternativa é caseira. O analista de desempenho Fernando Lázaro é quem instrui à beira do campo e coloca em prática parte do que aprendeu na Era Tite no Timão.

A rotina de desligamentos no futebol brasileiro também atingiu aqueles que vinham com trabalhados otimistas, como o técnico Enderson Moreira no Botafogo. A decisão veio da equipe do investidor norte-americano John Textor, futuro detentor de 90% de direitos SAF do Glorioso.

O português Luís Castro é o mais cotado para assumir e liderar a mudança de estilo no alvinegro. Enderson chegou ao Rio em julho, quando pegou a equipe na 14ª colocação da Série B. Sob a batuta dele, os alvinegros reagiram, garantiram o acesso com duas rodadas de antecipação e, de quebra, conquistaram o título da competição.

Na Serra Gaúcha, Jair Ventura não resistiu ao início ruim de Gauchão e deu adeus ao Alfredo Jaconi após 16 partidas, com cinco vitórias, cinco empates e seis derrotas. No Avaí, outro recém-promovido à elite, Claudinei Oliveira teve o vínculo encerrado com apenas seis compromissos no ano. Eduardo Barroca é o novo encarregado da equipe da Ressacada.

Em Goiânia, Marcelo do Cabo deixou o comando do Atlético-GO após tropeços consecutivos, um deles no clássico contra o Vila Nova. Depois da demissão no Grêmio, Vagner Mancini pode retornar ao Dragão após trabalho em 2020.

O vai e vem de técnicos no Brasil é preocupante. Em média, os profissionais permanecem apenas 5,9 meses nos clubes da elite nacional. Os números por aqui contrastam com a realidade na Europa, por exemplo. No Velho Continente, o tempo de trabalho de um comandante pode chegar a 29,5 meses, como é o caso da Inglaterra. Na Espanha, o índice é de 25,5, enquanto na França chega a 24,8. Na Alemanha, a vida útil de um treinador dura cerca de 20,9 meses.

*Estagiário sob a supervisão de Danilo Queiroz

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