Sabe bem o que vem pela frente

Victor Parrini*
postado em 10/02/2022 00:01
 (crédito:  Giuseppe Cacace/AFP)
(crédito: Giuseppe Cacace/AFP)

O duelo pelo domínio do planeta bola está definido. A vitória do Chelsea, ontem, por 1 x 0, sobre o Al-Hilal, da Arábia Saudita, confirmou as expectativas para a final do Mundial de Clubes da Fifa. No sábado, os caminhos dos Blues se cruzarão com os do Palmeiras, às 13h30, no Estádio Mohammed Bin Zayed, na disputa pelo título inédito para ambas as equipes.

Pelo lado alviverde, além de consolidar um projeto vitorioso de um 2021 que terminou com o bicampeonato seguido da Libertadores, a obsessão pelo Mundial também significa dar fim aos gracejos rivais. Mas para ter um final feliz, e totalmente diferente da decisão intercontinental de 1999 — quando foi derrotado por outro inglês, o Manchester United de David Beckham —, o Palmeiras precisará passar por cima do atual manda-chuva da Europa. Um Chelsea que perdeu apenas quatro vezes na atual temporada.

A missão palestrina é difícil, mas não impossível. Apesar da incontestável superioridade do futebol europeu em relação ao sul-americano, o Chelsea não vive o seu auge técnico e físico. No embarque para o torneio, havia desconfiança na bagagem. No último compromisso antes da estreia diante do Al-Hilal, os Blues sofreram para superar o modesto Plymouth Argyle, da terceira divisão nacional, pela quarta rodada da Copa da Inglaterra. Eles precisaram da prorrogação para virar o jogo (2 x 1) e evitar o vexame em casa.

Fragilidade londrina

Ontem, sem o melhor técnico do mundo, Thomas Tuchel, à beira do gramado, as fragilidades londrinas seguiram expostas. Apesar do bom início, com expectativa de placar elástico após o gol de Lukaku, os ingleses demonstraram uma marcação frouxa. O esquema 3-4-2-1 do Chelsea era uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo em que oferecia qualidade na saída de bola e investida veloz pelas pontas, desprotegia o pesado miolo de zaga formado por Rüdiger, Thiago Silva e Christensen.

Por falta de pontaria, os sauditas não conseguiram aproveitar os buracos ingleses. Mas, na segunda etapa, eles estiveram próximos do empate e deram trabalho ao goleiro Kepa. O espanhol fez, pelo menos, dois milagres debaixo das traves. Não à toa, o arqueiro foi o melhor jogador da equipe inglesa na partida.

Presente no estádio, o técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, pode ter gostado ou ficado, no mínimo, aliviado com o que viu. Certamente, fez as tradicionais anotações e deu início à estratégia para a batalha derradeira. Imaginando-a, não é loucura afirmar que o contra-ataque será a principal arma no jogo pensado pelo treinador. O lusitano conta com o material humano capacitado para o serviço: o trio ofensivo composto por Dudu, Rony e Raphael Veiga.

Trio ofensivo

No duelo da semifinal contra o Ah Ahly, a trinca palmeirense só não funcionou por completo porque Rony esteve ofuscado. Mesmo assim, Dudu e Veiga deram conta do recado. As tramas rápidas e passes na medida foram providenciais para a vitória que eleva o patamar da equipe para a decisão mais importante da história centenária do clube paulista.

Características do futebol sul-americano, a garra e a vontade podem ser outros trunfos palmeirenses. Afinal, talvez isso o bilionário Chelsea não possa comprar. Pelo o que se viu da exibição londrina, falta espírito aguerrido nos momentos de dificuldade. Conhecedor do futebol brasileiro, o capitão da Seleção, Thiago Silva, pode injetar isso no time. Ele também afasta as declarações de que europeus tratam o Mundial com desdém.

"Isso não existe. Nem vocês gostam de perder par ou ímpar, imagina um jogo de futebol. Principalmente o Chelsea, que perdeu essa competição em 2012 para o Corinthians. Eu, como um bom brasileiro, estou tentando motivar todo mundo, mas acho que a motivação tem que estar dentro de cada um. E temos motivação de sobra para este campeonato", garantiu o brasileiro em entrevista ao Bandsports.

Assim como em seu hino, o Palmeiras e seu torcedores sabem bem o que vem pela frente. Mas o que se espera, é um final diferente de tudo aquilo que o clube viveu e comemorou. Sob forte ansiedade, Abu Dhabi viverá dias de expectativas com uma torcida que, certamente, continuará a cantar e vibrar.

*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima

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