Mesmo com a bola em campo, o futebol foi deixado de lado no clássico carioca entre Flamengo e Fluminense do último domingo (6/2) para dar lugar ao racismo. É que circula pelas redes sociais um vídeo da saída para o intervalo em que a torcida do Fluminense recebe o atacante do Flamengo, Gabigol, aos gritos de macaco. As repercussões começaram ainda durante a partida com comentários feitos por famosos e anônimos na internet perguntando quais serão as consequências.
“É impressão minha ou chamaram o @gabigol de “Macaco”? Caso seja isso mesmo, haverá consequências maiores ou só passada de pano com notinha do Fluminense pedindo desculpas?”, indagou o humorista Antonio Tabet, uma das pessoas que compartilharam a publicação.
É impressão minha ou chamaram o @gabigol de “Macaco”? Caso seja isso mesmo, haverá consequências maiores ou só passada de pano com notinha do Fluminense pedindo desculpas? pic.twitter.com/rOp2WKv8Xj
— Antonio Tabet (@antoniotabet) February 6, 2022
O camisa 21 do Flamengo foi consultado logo após a saída do jogo se havia ouvido os insultos e confirmou a informação com um tom sarcástico: “impressão?”, disse à beira do campo. Mais tarde, Gabriel Barbosa, conhecido como Gabigol, usou as redes sociais para desabafar.
“Até quando? Até quando isso vai acontecer sem punição? Jamais vou me calar, é inadmissível que passemos por isso!! Orgulho da minha raça, orgulho da minha cor!!”, escreveu o jogador ao compartilhar a nota oficial do próprio clube.
Até quando? Até quando isso vai acontecer sem punição? Jamais vou me calar, é inadmissível que passemos por isso!! Orgulho da minha raça, orgulho da minha cor!! #RacismoNão @Flamengo @FFERJ https://t.co/Jw3IGJbnmq
— Gabi (@gabigol) February 6, 2022
No texto, o Flamengo classifica o episódio como “lamentável” e diz que “presta total solidariedade” ao atleta. A família do jogador também usou as redes sociais para apoiá-lo. “Sim, meu filho, inadmissível!”, escreveu Valdemir Silveira, pai do atacante, no stories do Instagram em que compartilha a publicação feita por Gabigol.
Em outra postagem na mesma rede, ele complementa na legenda do vídeo em que Gabriel é ofendido: “Triste, muito triste, ver essas cenas com o nosso mundo tão evoluído. Deus ilumine e dê sabedoria para essas pessoas de corações tão amargurados”.
Punição dos envolvidos
Ofensas racistas direcionadas a uma pessoa específica são crime tipificado no Brasil como injúria racial, com base na Lei nº 2.848, de 1940. A pena é de um a três anos mais multa. No caso deste domingo, o Fluminense emitiu uma nota atenuando os fatos. “O próprio autor da divulgação do vídeo diz que teve a impressão, sem certeza, de ter ouvido as supostas ofensas”, diz o texto do clube.
Apesar disso, a nota diz que vai colaborar com a investigação ao buscar as imagens do estádio e auxiliar “na identificação de eventual autoria”. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não se manifestou sobre o caso. A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FFERJ), responsável pelo Campeonato Carioca, pelo qual a partida era válida, divulgou nota.
“A FFERJ prega a igualdade, o respeito e lamenta e repudia as ofensas dirigidas ao atleta Gabriel Barbosa, do Flamengo. A competência para avaliar o caso é do Tribunal de Justiça Desportiva-RJ”, diz o texto da entidade. Ainda não há manifestação da Justiça Desportiva do Rio sobre as investigações. Em caso de denúncia, o Fluminense pode ser punido a jogar com os portões fechados, sem torcida, nos próximos jogos.
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