Bicampeãs olímpicas, Martine Grael e Kahena Kunze tiveram pouco tempo para desfrutar o ouro olímpico ganho em Tóquio. Poucos meses após a conquista, elas iniciaram a preparação para a Olimpíada de Paris, em 2024 — o ciclo mais curto e a percepção de que a concorrência está se movimentando serviram como motivação. Em meio a isso, a dupla encara uma preocupação que se tornou habitual entre os atletas de alto rendimento, e outra que é inerente a quem ama o esporte: a falta de patrocínio e as incertezas com a próxima geração da classe 49erFX na vela.
Nem mesmo o fato de conquistarem a glória olímpica duas vezes em sequência foi suficiente para que Martine e Kahena mantivessem o apoio financeiro do passado. A Petrobras deixou de patrocinar a dupla, que agora conta apenas com a Energisa. "É um ano de mudanças e estamos esperando propostas, estamos abertas a patrocinadores. É um ciclo mais curto e poder fazer toda a logística na Europa facilita", diz Kahena.
As duas, porém, estão cientes de que a busca é difícil. "A gente perdeu praticamente todos os patrocinadores e estamos muito contentes de renovar com a Energisa. Infelizmente, muitos atletas olímpicos de destaque ficam em segundo plano na mídia brasileira, porque ainda somos um país muito centrado em um esporte só (o futebol)", acrescenta Martine.
Apesar da queda no apoio financeiro, as bicampeãs olímpicas mantêm o foco nos treinos. A equipe técnica e de apoio deverá ter mudanças — elas não quiseram entrar em detalhes — e a própria modalidade passa por alterações.
"O ciclo para Paris começou e muita gente nova está em um ritmo acelerado. Elas não tiveram esses três meses que tivemos depois dos Jogos ou estavam treinando antes. Para a gente, é uma motivação, assim como a mudança de equipamento na classe é uma motivação", pontua Kahena.
Segundo ela, as mudanças serão basicamente no mastro e nas velas. A expectativa é de que isso impacte positivamente a disputa. Martine e Kahena deverão receber os novos equipamentos no fim de março.