DECISÃO FINAL

Justiça italiana condena Robinho

DECISÃO FINAL Envolvido em um estupro coletivo contra uma mulher albanesa, em 2013, atacante brasileiro tem pena confirmada na terceira e última instância do país europeu. Para especialista, é improvável o atleta ser preso de fato

Ex-atacante de clubes de ponta do futebol nacional como Santos e Atlético-MG, com passagens, inclusive, pela Seleção Brasileira, Robson de Souza, mais conhecido como Robinho, é um homem condenado. Ontem, a Justiça italiana confirmou a sentença de nove anos de prisão ao brasileiro por envolvimento em um ato de estupro coletivo, cometido em 2013, contra uma jovem albanesa, que, à época do crime tinha 22 anos, em uma boate em Milão, na Itália. Não existe mais possibilidade de recurso no caso. A sentença oficial sairá em 30 dias.

Segundo as investigações, Robinho e cinco homem participaram do estupro na boate milanesa Sio Café. A vítima comemorava seu aniversário no local. À época, o jogador brasileiro atuava com a camisa do Milan da Itália. O julgamento final ocorreu, ontem, na Corte de Cassação de Roma, equivalente ao Supremo Tribunal Federal (STF), no Brasil. A decisão ratificou a pena de nove anos proferida em primeira instância em dezembro de 2017. Ricardo Falco, amigo do jogador, também foi condenado na mesma audiência. Os outros suspeitos deixaram a Itália ao longo da investigação.

As penas dos dois brasileiros foi definida com base no artigo "609 bis" italiano, semelhante a descrição de estupro do artigo 213 do Código Penal brasileiro. De acordo com o advogado Bruno Henrique de Moura, do escritório Machado de Almeida Castro & Orzari, Robinho dificilmente será preso pelo crime, pois a constituição veda extradições de brasileiros natos e o Código Penal só permite a execução de sentença do estrangeiro para reparar danos cíveis ou restituir coisas. "E o tratado de cooperação jurídica em matéria criminal entre Brasil e Itália não inclui execução de pena que restrinja a liberdade", explica. Sem clube, o jogador está no país.

Representante da vítima, Jacopo Gnocchi comemorou a decisão da última instância italiana na saída da Corte de Cassação. O advogado fez, ainda, um apelo para a justiça brasileira viabilizar o cumprimento das penas de Robinho e Ricardo. "Mais de 15 juízes analisaram o caso em primeira, segunda e terceira instância e confirmaram o relato da minha cliente. Agora, é preciso ver como será o cumprimento dessa pena. O Brasil é um grande país e espero que saiba lidar com essa situação. Se fosse na Itália, ele iria para a prisão. Agora a bola estará com o Brasil, que tratará isso com base na sua Constituição", destacou.

A vítima, que completa 32 anos amanhã, presenciou o julgamento em silêncio, mesmo comportamento adotado durante os anos em que a investigação perdurou. Em outubro de 2020, em interceptações telefônicas realizadas pela justiça da Itália, Robinho confirmou participação no ato. "A mulher estava completamente bêbada", disse o atacante brasileiro em uma das conversas registradas. A condenação do jogador a nove anos de prisão foi baseada, em parte, nas gravações.